EDITORIAL: Rio foi forjado em cima de casas ditas irregulares no esquecimento do estado

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Mais uma tragédia se abateu sobre o Rio de Janeiro, em Rio das Pedras e agora se debate e discute a questão da moradia, que as pessoas vivem em lugares perigosos, em casas supostamente irregulares

Mas basta conhecer um pouco a cidade do Rio de Janeiro que se vê que grande parte da população vive em casas ditas irregulares.

Pesquisa divulgada pelo Instituto Data Favela, em 2014, mostrou que os dois milhões de moradores das favelas do Rio formariam o sétimo maior município do Brasil, com uma população maior do que capitais como Manaus, Recife, Curitiba e Porto Alegre. Ainda segundo a pesquisa, juntos, os moradores das comunidades cariocas têm renda anual de R$ 12,3 bilhões e são responsáveis por 19% do total da renda dos brasileiros que moram em favelas. Aliás, naquela época né. Hoje não sabemos mais

O cenário é cada vez pior. Com a pandemia, ainda que o comércio seja vivo e pujante, boa parte da população sofre com o desemprego. Cabe lembrar que no caso de Rio das Pedras, a favela se formou por conta dos trabalhadores que não tinham onde ficar, já que trabalhavam nas obras da Barra da Tijuca. Da mesma forma se formataram as favelas e morros no início do século XX

Neste início de ano, o prefeito do Rio de Janeiro, eleito mesmo com menos votos que abstenções, Eduardo Paes disse que ia lutar e brigar contra as construções irregulares. E de fato, tem feito isso. Em território de milícia, é importante que o estado se faça presente tirando o poder dos criminosos mas não basta isso.

Tem que ter programa habitacional e sustentação para famílias que ficam desassistidas. A prefeitura do Rio brigou e finalmente conseguiu detonar a favela do Metrô Mangueira, ao lado do Maracanã. Existia risco ali? Sim, mas e aí? O que vão fazer com aquelas pessoas?

Mais, não adianta vir dizer que vai agir e derrubar tudo. Sabemos que não vai.

As favelas em grande parte foram forjadas dessa forma. Uma casa em cima da outra, sem planejamento nenhum, apenas necessidade de viver e de sobreviver.

O que governo deve fazer? Não acabar com as favelas como alguns defendem, mas ir lá e ver o que pode ser feito com o que já tem. Afastar as pessoas do risco real de morte em deslizamento, queda mas especialmente regularizar quem mora há anos, programas de planejamento e urbanização.

O Rio precisa ser revisto. Mas ao contrário de alguns que acham que o povo atrapalha, tem que ser visto da ótica social.

Paes, ao invés de dizer que não vai mais permitir construções irregulares, crie um programa de habitação.

Falar aos ventos, você fala e muito mas agir? Tá faltando ação aos gestores públicos.

As pessoas não tem culpa de viver onde vivem. Elas tem outra alternativa? De onde vão tirar 100 a 500 mil para morar em um apartamento?

A milícia vem e dá essa sustentação bizarra que faz as pessoas irem na onda delas. É aí que a prefeitura e o governo devem agir.

Trabalhando o que se tem, dentro do local, não condenando a população.

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