Um texto que não ofende ninguém, por Renan Portela

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É dever do povo brasileiro enaltecer o quanto somos um país praticamente perfeito. Não entenda mal o “praticamente”, mas é que somos tão perfeitos que ainda carregamos em nós alguma humildade.

Primeiro devemos enaltecer nossa classe política, de todos os partidos e vertentes, sem distinção, porque são todos seres humanos respeitáveis, e também porque valorizamos o pluralismo de ideias no Brasil, algo que sempre foi valorizado em nossa história. O que seria esse país sem o aparato burocrático que sustenta nossa impecável democracia? Não podemos agir de maneira dura com pessoas que dedicam seu precioso tempo trabalhando em nossa função, incapazes de qualquer desvio. Homens e mulheres justos, honestos, comprometidos com os interesses do povo e com o progresso dessa nação em primeiro lugar.

O mesmo aplica-se ao nosso querido judiciário, que tanto faz “justiça de fato” com celeridade e sintonizado com os anseios populares que constituem a nossa cultura. Como não se apaixonar por essa turma? Podemos simboliza-los nas figuras ímpares e realmente excelentíssimas que compõem o nosso Supremo, pessoas capacitadas, que chegaram onde estão por mérito. Pessoas que defendem com elegância e saudável radicalismo técnico a nossa impecável constituição, em uma defesa intransigente da liberdade dos bons e sem qualquer vaidade pelo cargo que merecidamente ocupam. São nossas queridas autoridades, imunes a criticas por sua exemplar moral aplicada cotidianamente.

Confesso que me pego emocionado ao escrever essas linhas.

E o que dizer da nossa mídia? Nosso jornalismo é um exemplo de intermediação entre o fato e o povo, zelando pela verdade e pela informação, zelando por sua inabalável credibilidade. Como poderíamos ter um país tão prospero sem que pudéssemos confiar integralmente nesses veículos? Imagina se tivéssemos que desconfiar que profissionais desse ramo usam sua influência para enviesar politicamente as pessoas para o que acreditam ser o certo? Eu nem quero imaginar o que seria desse país sem a mútua confiança e o reciproco respeito na relação da mídia com o cidadão, viveríamos num estado constante de desconfiança.

Nossa mídia que, assim como nossos intelectuais, nossos artistas e a nossa academia, jamais se permitiram ser aparelhados intelectualmente e culturalmente por nenhuma entidade dominadora e politizada que lhes condenassem a uma diretriz, jamais se permitiriam uma seletividade narrativa antiética. Gente gabaritada, mas que nunca se deixou tomar por líbidos de engenharia social, e que nunca menosprezaram a voz do cidadão comum.

Falando em cidadão comum, e o nosso povo? Por mais que não valorizemos tanto as aparências, seria leviano não recorrer ao óbvio: todos são bonitos, sem distinção. Ninguém seria grosseiro de dizer o contrário.

Temos um povo trabalhador, que se levanta para ir trabalhar sem reclamações, sempre pensando em como contribuir para o nosso desenvolvimento coletivo e para seu desenvolvimento pessoal. Até por isso estão sempre em busca de qualificação, sem nenhum tipo de acomodação. Um povo sensato, educado e modelo de civilidade. Um povo seletivo com o que consome culturalmente. Um povo acolhedor, simpático e que consegue ser ao mesmo tempo pacifista e corajoso frente a qualquer injustiça.

Um povo que ama sua liberdade, e que quando se une por uma causa, nunca faz isso de maneira extremista e segregadora. Temos um povo que acima de tudo não condena a liberdade alheia, que não é idólatra, que não se aceita na posição de vítima, não faz chilique por qualquer coisa e não é vaidoso com suas opiniões, e que ainda se veste bem. Um povo que só patrulha e caga regra em cima dos outros porque sabe que tem toda a razão. É como se fossemos livres como indivíduos, mas uma família em conjunto, não é? Eita povo com motivos para ostentar a plena alegria!

E eu? Um exemplo incontestável de cidadão desejável para um país como o nosso. Alguém que jamais será inconveniente, desagradável e ofensivo. A verdade? Nada mais é do que uma mera prerrogativa descartável na politica da boa vizinhança, um luxo dispensável quando a empatia seletiva e o sentimentalismo da moda estão em vigor em nosso tempos fáceis. Liberdade de expressão? Eu não preciso dela!

Atenção: o texto contém ironia. Se atentem a isso

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