A curadora é, antes de tudo, uma apaixonada pela arte!, por Marisa Melo

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A curadoria desenvolve atividades que, antes dos anos 80, cabiam, principalmente, a diretores de museus e donos de galerias, e se baseavam em organizar exposições, pesquisar artistas, selecionar as obras e criar textos. Tudo para criar as pontes entre a criação artística e o público. A curadora é, antes de tudo, uma apaixonada pela arte, com direito a todos os sinais tão familiares.

Uma paixão que não se prende a épocas ou estilos, afinal, não faz sentido ter que escolher entre Rembrandt e Monet. Cada obra e cada movimento tem seu período histórico e suas nuances e as obras de arte nos transportam para outras épocas ou dimensões. Quanto mais pesquiso, estudo e descubro motivações, mais sentido eu encontro. E o desafio passa a ser compartilhar os talentos descobertos e esse encantamento com todas as pessoas.

A arte, especialmente a contemporânea, é muito rica e diversificada. É comum ouvir comentários como “É estranho”, “Isso é arte? ”, “Não entendi”, ainda mais em nosso mundo conectado, onde nem tudo é explicado como deveria ser, fazendo com que a visão superficial do trabalho criativo acabe espantando o observador. Quando acontece uma exposição, é importante que ela tenha um fio condutor, um tema, uma proposta e uma mensagem bem definida e coerente. É aí que entra o papel da curadoria.

Não é uma questão de gosto. Essas definições envolvem o conhecimento profundo das obras, dos artistas e do momento histórico. No dia a dia das exposições, que muitas vezes acontecem em espaços não convencionais, cabe à curadoria se envolver com todos os detalhes da seleção e apresentação das obras, chegando a detalhes como a iluminação e a posição de cada trabalho. A responsabilidade aumenta ainda mais quando se trata de obras não tão conhecidas pelo grande público.

Lidar com a arte contemporânea é um desafio ainda maior. Isso porque são muitas as linguagens envolvidas e os movimentos efêmeros ganham rótulos que, longe de ajudar, acabam afastando ainda mais o observador. O importante é compartilhar a informação que vai dar sentido às obras, ao conjunto. O material para esse imenso mosaico é tão variado quanto fascinante.

É conhecer os espelhos infinitos de Yayoi Kusama, muito além das bolinhas. Andy Warhol muito além de Marilyn Monroe. É apreciar o quanto Georgia O’Keeffe produziu em seus 98 anos de vida e imaginar como Jean-Michel Basquiat conseguiu ser tão marcante nos poucos 27 anos que esteve entre nós.

Definir Basquiat como neoexpressionista e Franz Kline como expressionista abstrato é apenas repetir rótulos discutíveis que pouco ou nada significam para o público. Mas bastam minutos de contato com Kline para não esquecer nunca mais a energia de seus traços.

E o que dizer do trabalho excepcional de artistas que começam a se destacar, como Angelo Palazzini ou Roberto Jofre? O italiano com uma obra onde o Renascimento vira Surrealismo e o argentino com um colorido retrato social tão portenho quanto o tango de Piazzola.

Avaliar, selecionar, combinar, compartilhar. Obras, emoções, motivações. Esse é o papel da curadoria. Para que a mensagem maravilhosa do artista complete, enfim, o processo de comunicação e alcance os olhos e a mente de cada um de nós, em cada quadro e em cada exposição

Por Marisa Melo, artista, curadora artística e idealizadora de uma galeria de arte itinerante, a UP Time Art Gallery. Seu trabalho reúne artistas do Brasil e de países da Europa para apresentar ao mundo o que há de melhor na arte e, consequentemente, alcançar o seu objetivo como empreendedora de disseminar a arte para todos os públicos.

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