Opinião: Em crise, Rádio Globo joga sua história na lata do lixo

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Opinião

Leonardo Oliveira Brito, editor do Gazeta RJ

Antônio Luiz, Washington Rodrigues, Deni Menezes, Áureo Ameno, Edmo Zarife, Haroldo de Andrade, Jorge Cury, Antônio Carlos, Luiz de França, David Rangel, José Carlos Araújo, Luiz Mendes, Waldir Vieira, Roberto Figueiredo, Roberto Canázio, Waldir Amaral, Róbson Aldir, Gilson Ricardo, Osmar Santos e tantos outros hoje foram jogados na lata do lixo. Não da história do rádio, nem da história da comunicação. Mas foram jogados por uma empresa que simplesmente desconhece o valor que tem, que é imaterial e maior que qualquer lucro empresarial e de gestão e programação.

A Rádio Globo se autodestruiu mais uma vez e dessa vez para pior, acabando com o resquício final de qualidade na emissora, se transformando numa emissora meramente musical como foram lá no passado a Rádio Mundial e a Beat 98, antiga 98 FM.

Sempre apontam que a Rádio Globo começou a se destruir na tentativa de rede em 2001/2002. Era uma tentativa boa e interessante mas que se viu mal realizada justamente pelas características próprias regionais do rádio.

Ela perdeu a sua liderança para a Tupi. Acho que perderia de qualquer jeito, já que importantes programas como o de Haroldo de Andrade deixaram de existir na rádio.

Tentativas e tentativas após perder a liderança, mudanças, contratações, investimentos, insucessos mas com seu público fiel, forte e uma programação sim desatualizada, mas que garantia sua audiência.

Era sim necessária uma renovação, uma mudança porém a maioria do meio do rádio concorda que ela foi abrupta e isso foi péssimo, já desrespeitando a história da casa, Antônio Carlos por exemplo. E que até hoje lidera as manhãs na Tupi.

A mudança de estilo em 2017, até escrevi sobre isso no Blog do Léo, que até poderia dar certo mas iria levar tempo. Talvez muito tempo. Mas será que existe paciência?

A Rádio Globo errou?

Hoje a Rádio Globo até tinha uma programação de nível razoável. Café das seis, Papo de Almoço, Redação Globo, Futebol a Manivela, entre outros, especialmente o Pop Bola davam uma qualidade maior a rádio que se mostrava renovada e promissora, apesar da mudança absurda.

1 ano da nova Rádio Globo

Mas a audiência não acompanhou. Caiu a cada dia. Nas últimas pesquisas ainda apresenta um desempenho satisfatório porém longe do que um dia já foi e longe do que pode ser uma marca Globo.

A despedida hoje foi lastimável, lamentável, amanhã será pior. A despedida do Redação Globo mostrou uma Rosana Jatobá visivelmente triste e frustada pelo projeto ter dado errado. Pop Bola, o melhor programa, ao meu ver, da rádio relembrou bons momentos e falou de novos projetos.

A Rádio Globo não acompanhou a TV Globo na sua mudança tecnológica e de formato.

A Rádio Globo mal transmitia pela internet e se é que tinha algo ali, para uma pessoa como eu que vê tudo, não saber como foi a Rádio Globo no YouTube, já mostra como o resultado foi pífio, se é que teve tentativa.

O espelho deveria ser a Rádio Jovem Pan. Em termos de entretenimento/jornalismo e renovação.

Por mais audiência que tivessem Padre Marcelo, Antônio Carlos e Cia, não seria uma programação sustentável a longo prazo. Deveria ter sido feita uma transição mais cuidadosa, respeitando o passado e a história da rádio.

O prédio da Rua do Russell foi desativado.

A história ali foi deixada de lado.

Ali me lembrei da minha primeira vez na rádio e da emoção ao falar naquele microfone.

Ali a história da comunicação brasileira estava viva.

Depois o fim do AM, também abrupto, de mal jeito, mal falado, mal planejado, como se um dial histórico que foi o 1220 não representasse mais nada. Simplesmente saiu do ar, como fosse a rádio fundo de quintal.

Sistema Globo de Rádio anuncia fim dos seus canais AM. O fim de uma era.

O AM não é sustentável, isso é um fato, infelizmente até, irá acabar em alguns anos, a própria Tupi irá acabar com seu AM ainda esse ano, mas custava um pouco de cuidado, um programa especial, sei lá, ou uma homenagem até?

Rádios Globo e CBN desrespeitam ouvintes no fim do sinal AM

O Anderson Cheni, jornalista que sabe tudo de rádio adiantou a história de as rádios Globo e CBN iriam mudar de nome com suas marcas definitivamente encerradas.

A CBN e outros jornalistas reagiram até de forma virulenta ao fato. Sim, era fato. Garanto.

Não houve negativa em relação a Rádio Globo. A destruição estava pronta. O que fizeram foi antecipar a sua morte.

Acabou. Acabou a história. A Rádio Globo de hoje joga sua história na lata do lixo como se não fosse nada.

Esse novo projeto, de ser rádio musical pode ser até que dê certo em menos tempo, pode ser que dê um retorno comercial ainda mais rápido que a “Nova” e já morta Rádio Globo pós 2017 e sim, pode ser que agrade todos aqueles que querem ouvir funk, pagode, sertanejo e outros no rádio.

Pode ser tudo isso, mas audiência, faturamento não compram história, não compram o passado, não compram o nome e peso que essa rádio teve.

A Rádio Globo morreu. Na verdade está sendo assassinada. Seu velório está acontecendo aos nossos “ouvidos” e isso é muito triste.

Desse jeito, teria sido melhor trocar o nome da rádio mesmo.

A Rádio Globo morreu.

6 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns pelo texto.
    Retrata muito bem o sentimento de todos aqueles que viveram na alma e no coração o profundo carinho que tinham por essa agora finada rádio Globo.
    Eu custei acreditar que estávamos perdendo nossa rádio.
    Ela foi -se indo aos poucos graças aos incompetentes diretores que a viam como um mero produto.
    Mas não era.
    Demorou pra cair a ficha .
    Foi uma facada no peito.
    Realmente foi um assassinato , cruel e que vai levar tempo para esquecer.
    Se bem que um golpe destes vai ficar marcado na vida de todos aqueles que fizeram da rádio Globo sua vida.
    Foi como se tirassem um pedaço de nós ouvintes.
    Com certeza ela terá um lugar especial guardado na memória afetiva e no coração de todos que amavam essa rádio.
    🙏🙏🙏🙏🙏🙏😍😍😍😍😍😍😍

  2. Fui ouvinte da rádio Globo desde minha infância.
    Morando no interior, era nosso único meio de comunicação.
    Lembro de todos os locutores citados acima, mas também vi seu declínio, infelizmente.
    Não entenderam que radio é radio, TV é TV! Juntar os dois? Que tragédia.
    Vi todos locutores que eu tanto admirava, sendo desligados, sem nenhum aviso.
    Imagina o Roberto Canazio, um locutor inteligentissimo, com uma trajetória notável, ser “rebaixado” a um programinha na manhã de domingo.
    Para substitui-lo, em seu programa semanal foram preciso cinco “apresentadores”…
    Não vou elencar todas tragédias desta “nova globo”.
    Destaco o quanto foram contra a decisão do povo brasileiro que elegeu o Presidente Jair Bolsonaro.
    Foi uma perseguição impetuosa. Não se ouvia nenhum comentário favorável, somente destacavam e faziam questão dar foco e falar mal do governo, democraticamente eleito.
    Uma das que mais me impressionava era a Rosana Jatobá, (aí que parei de ouvir definitivamente a Globo) com seus comentários desmerecendo o novo governo, de maneira soberba e debochada.
    Ficaram contra o Brasil, PERDERAM!
    Mudei para emissora que respeita o seu patrão, que é o ouvinte, que trata de todos assuntos, principalmente os políticos, com imparcialidade e respeito.
    Está é minha opinião, Leonardo Oliveira Brito, editor do Gazeta RJ.

  3. fim de uma era.roberto marinho nao sabia fazer radio,mas botou gente do ramo.ele,os brunini.mario luiz e outros devem estar se revirando em seus tumulos.seus herdeiros assassinaram a maior emissora do pais.
    .

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