Festival celebra o protagonismo preto na gastronomia

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Um evento pensado para que pessoas pretas assumam papéis de destaque no meio culinário. Esse é o Festival Gastronomia Preta que acontece em 25 e 26 de novembro de 2023, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e na Praça da Pira Olímpica, Rio de Janeiro.

O festival, que é gratuito, possui seis pilares que são a Cozinha Show Benê Ricardo, série de apresentações onde chefs prepararão pratos ao vivo para o público; o Ciclo de Debates Mussum, de mesas redondas em que profissionais pretos de diversas áreas debatem sobre raça, diversidade e gastronomia; o Espaço Ọmọ, que será conduzido pelo Mães Negras do Brasil, com a Sala de Jogos Africanos e uma roda de conversa sobre a alimentação do futuro; e a Formação Profissional, com o curso Pretonomia, a Feira Gastronômica, montada na Praça da Pira, que fica em frente ao centro, e o Prêmio Gastronomia Preta, que revelará seus ganhadores em cerimônia realizada no palco do Festival, também na área externa.

O criador do evento, Breno Cruz, destaca a importância de evidenciar o sucesso desses profissionais em um cenário historicamente marcado pelo apagamento.

“Em um ambiente que ainda é marcado pelas disfunções de uma sociedade que é estruturalmente racista, evidenciar pessoas pretas em seus diferentes postos de trabalho é preciso. Por isso, em tão pouco tempo, o movimento Gastronomia Preta tem gerado reflexões na mídia e nos profissionais antirracistas. Possibilidade de que profissionais pretos e pardos tenham destaque ainda é algo que temos que lutar em função de uma área fortemente marcada pelo desligamento das pessoas pretas. É importante falar de sucesso”, afirma Breno Cruz.

As chefs Maristella Sodré, Bianca Barbosa, Benê Ricardo e Aline Guedes — Foto: Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro / Divulgação

 

Uma cozinha será montada no quarto andar do CCBB RJ para receber chefs, que vão preparar delícias para o público. Serão 8 aulas em que os ouvintes poderão ter acesso direto aos cozinheiros e chefs de cozinha para experimentar suas preparações. No dia 25, às 16h45, Paulo Rocha – especialista em alta confeitaria francesa e um dos grandes nomes da confeitaria brasileira na atualidade –  é um dos chefes participantes e vai preparar rabanada com creme inglês e sorvete de baunilha.

Para Paulo Rocha, uma das coisas mais importantes do festival é poder interagir com outros chefs e profissionais.

” Minha expectativa é a possibilidade de poder conhecer e interagir com profissionais da gastronomia pretos, pardos e indígenas. Quando o prêmio começou, era algo restrito somente a Rio e São Paulo e agora ver esse reconhecimento ao povo preto que é quem fez a gastronomia desse país, é muito bom. A importância do prêmio é imensa e nos joga no mais alto nível e muitas vezes as pessoas não nos conhecem. É dar visibilidade e destaque. Foi um olhar muito singular e sensível para uma causa tão importante. Agora temos um prêmio e festival dos pretos. Importância gigantesca”, afirmou o chef

Sobre a receita, Paulo fala o porquê escolheu rabanada com creme inglês e sorvete de baunilha

“Quero apresentar essa receita de forma sofisticada, diferente da versão tradicional. Vou usar pão brioche ao invés do francês para dar uma nova roupagem e mostrar que  é uma receita que pode ser servida em restaurante chique.”

Já no dia 26, às 13h, no auditório do quarto andar do CCBB RJ, o também chef Edson Leite participa de um ciclo de debates sobre o tema “ASG na Favela: o que já fazemos há tempos na Gastronomia”, junto com Tainá de Paula e Preto Gourmet.

“É importante trazer o protagonismo ou como gosto de dizer, “pretagonismo” e que um prêmio como esse, sempre aconteça. A palestra toca no resgate ancestral e histórico do que a gente sempre fez, que foi cuidar do ambiente, de forma sustentável. Quem mora nas favelas sempre repartiu, compartilhou, por menos que tenha e sempre fizemos a parte social nas favelas e periferias. E na parte governança, quem melhor sabe governar é a mãe preta, periférica, com seus filhos em casa cuidando das contas, da educação, do social, seus filhos em casa. Que não tenhamos mais Tias Anastácias cozinhando e Donas Bentas sendo reconhecidas e sim, cada vez mais chefs pretas e pretos sendo reconhecidos.”, afirmou Edson, que já teve sua história contada aqui em reportagem.

Conheça Edson Leite, chef que promove a gastronomia nas periferias

As conversas e apresentações ocorrerão no 3º andar do CCBB-RJ, mediante retirada de ingresso na bilheteria ou no site do centro. A sala de jogos do Espaço Omô será montada no térreo.

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