PH Barbosa tem 33 anos e mora em São Paulo há 7 meses. Escorpiano, Flamenguista, apaixonado por animes, é eclético em relação a gostos musicais. É nascido e criado no morro do Dendê, na Ilha do Governador e conversa hoje com a coluna 6tou.
O que você sentiu no seu primeiro contato com o samba?
Meu primeiro contato foi incrível e também um pouco engraçado. Quando criança, via minhas tias já adolescentes dançando e eu ficava encantado com aquilo, mas da minha parte eu tinha uma procrastinação e muita vergonha por ser tímido, mas um certo dia durante os ensaios da Grande Rio na época, um dos Mestres Salas me chamou pra dançar com uma porta bandeira mirim e eu fui. Todo mundo me incentivou,minha mãe, minhas tias gritando, aplaudindo, me motivando. A energia que o povo emana é surreal, então digo que foi incrível e marcante.
Como acontece a preparação e construção coreográfica para os desfiles?
A preparação é sempre necessária pois começa bem antes dos ensaios de quadra com um preparador profissional. Requer resistência física, alimentação balanceada, concentração e muito fôlego para cruzar a pista. Em questão coreográfica, o casal junto com o preparador também buscam entender sobre enredo falado, obter conhecimento do samba e também da fantasia, colocar em prática elementos de dança de acordo com o samba enredo, o sincronismo do casal, o olhar um ao outro, falar com o corpo, o início, o meio e o fim, e claro, sem esquecer da danca tradicional. Mas, todo um trabalho de meses que resultará na tão cobiçadas notas 10 dos jurados.
Como consegue conciliar a vida pessoal, profissional e artística?
Bom, minha vida pessoal é um pouco corrida. Trabalho na área de telemarketing em Barueri, em São Paulo e também comecei minha faculdade em tecnólogo e RH e Departamento Pessoal. Pra mim é bem tranquilo pois meu trabalho me permite ter essa flexibilidade em conciliar as duas coisas além de também se preocupar com o meu crescimento profissional dentro da empresa, o que é incrível. Minha vida se resume ao meu trabalho, meu estudo e fazer o que mais amo que é minha arte.
Existe alguma diferença na dança dos casais do Rio e São Paulo?
Sim, aqui em SP, os casais são bem mais clássicos na dança, grande postura, com movimentos mais leves, enquanto no Rio, os casais são como conhecemos…aquele jeito Malandreado do Mestre Sala, a ousadia no giro da Porta Bandeira, enfim aquela dança “agressiva” do bom sentido claro!!!!Nos desfile em SP, eles não param de dançar em nenhum momento pois a escola não para pra apresentação dos quesitos aos jurados como é no Rio.
Eles utilizam minuetos como descanso,e se apresentam para os jurados ao mesmo tempo em que a Escola vai passando, mas não param de dançar e isso requer muito preparo físico, resistencia e fôlego e isso é fascinante. No Rio, as Escolas param para os casais se apresentarem em cada jurado com uma passada do samba dependendo dos minutos, o que também requer muito preparo e que pra mim é incrível também…São muitas diferenças, mas o que Rio e SP tem em comum é a própria essência da arte em si!!!!!
Qual foi o desfile que marcou sua vida como Mestre Sala?
Foi quando desfilei pela primeira vez como Mestre-sala na Marquês de Sapucaí pela Paraíso do Tuiuti em 2013, eu chorei feito criança nesse dia pois foi meu maior sonho da minha infância passar nesse palco sagrado e com certeza ficou marcado na minha História.
Meus agradecimentos a coluna pela grande oportunidade em contar um pouco sobre minha história e minha trajetória dessa arte maravilhosa, agradecer também a minha grande amiga Carla Barbosa, na qual tive a honra de dançar com ela por dois anos
A todos, meu MUITO OBRIGADO
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Fotos: Tchello Visual Foto