Editorial: Uma escolha muito fácil

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Seria injusto dizer que não tiveram acertos no governo Bolsonaro. Mas os erros foram maiores, além da forma e maneira de governar.

Mas a verdade é que Bolsonaro sequer deveria ser presidente da república. E hoje, dia do primeiro turno das eleições, é fundamental deixar isso claro e transparente.

Não pode ocupar um cargo desse alguém que desconhece o que é a democracia, direitos, deveres e não tem entendimento do que é o país e sua população. Não pode ser presidente alguém que defende a ditadura militar e chama torturador de herói Nacional. Não pode ser presidente, numa democracia, alguém que detesta a democracia e os direitos humanos

Ainda mais quando se diz que governa para a maioria e não para todos. E Bolsonaro não governou para todos. Especialmente quando dizia que a minoria deveria baixar a cabeça para a maioria.

O Brasil viveu seu pior momento na pandemia.

Morreram quase 700 mil pessoas. Perdemos amigos, parentes, imagine quantas famílias foram dizimadas pela Covid-19. Desde o início, Bolsonaro e seu lado político desprezavam a doença, debocharam das vítimas e faziam piada sobre o número de mortos.

Atacaram o fica em casa dizendo que só ficava em casa quem era covarde, que a gente teria que “lidar com o vírus porque todo mundo iria morrer”, que a hidroxicloroquina, remédio para malária, salvaria para a Covid e que máscara e vacina não serviam. Enquanto milhares de pessoas morriam por dia, Bolsonaro atacava o supremo com um tom completamente golpista, tendo o país outras prioridades. Criou crises desnecessárias, inclusive com Sérgio Moro, que o acusou, falsamente, diga se de interferir na Polícia Federal.

Bolsonaro e Bolsonaristas atacaram a vacina, disseram que quem tomava morreria, virava jacaré, comparou a AIDS.

Bolsonaro foi burro. O primeiro ano de governo havia sido positivo na economia. O Brasil se recuperação da recessão econômica e dava passos para voltar a crescer. Em 2019 a inflação e o risco Brasil estavam baixos apesar do ainda algo número de desempregados e do ainda baixo poder de compra. Tivesse sido ele inteligente e respeitado a ciência, estaríamos hoje falando de sua provável reeleição. Mas aí não seria Bolsonaro. É impossível esperar empatia e sensibilidade de que nunca demonstrou isso por ninguém.

O negacionismo, a corrupção e a incompetência dele, assim como de outros, são as digitais das quase 700 mil mortes por Covid no país. O Brasil jamais esquecerá essa mancha.

Ao lado deles, não estaremos nunca.

Eu, Leonardo de Oliveira Brito, criador e Jornalista responsável pela Gazeta do Rio, com muito orgulho, tenho a obrigação de ser isento e imparcial. Mas essa é uma eleição diferente. A democracia está em jogo e é importante se posicionar.

Sim, eu já votei em Jair Bolsonaro. Minhas tendências políticas mudaram muito e sempre foram mudando, por falta de conhecimento político e econômico, apesar de estudar muito sobre. No auge da revolta contra Dilma Rousseff comecei a simpatizar com o cara que ‘falava mesmo ‘ e era ‘polêmico’. Cheguei a votar nele e nos filhos em 2014 numa eleição onde cheguei a criticar o Bolsa Família. Via vídeos, gostava das “mitadas” mas depois eu me dei conta que estava completamente equivocado.

Conversas, palestras, leituras e principalmente, entendimento do que é a vida e vive-la da forma mais real me fez mudar de lado. Não para a esquerda ou para o centro, mas para a racionalidade.

Fui um crítico do governo Dilma mas hoje me arrependo de não ter votado nela mas feliz por ter percebido a tempo o absurdo que foi sua deposição, que por sinal eu critiquei aqui em artigo .

Nessa eleição estamos diante da democracia contra a anti-democracia. E foi no ano passado que escolhi meu voto.

O governo sequer teve a capacidade de planejar uma reforma economica que não prejudicasse os mais pobres. E aí me veio a cabeça muita coisa que eu não dava valor.

Nossa família de origem do nordeste sempre teve muitas dificuldades mas no governo Lula houve uma melhora considerável. Nunca vou me esquecer as primeiras vezes que voltamos do mercado com o carrinho cheio, com coisas que antes, eram apenas sonho.

Ali que comprei meu primeiro celular e microondas pra mamãe no crediário, sem falar em outras conquistas. A gente tinha sonhos e esperança.

São inegáveis as conquistas sociais dos governos Lula e Dilma. Tem críticas, lógico, especialmente no aspecto moral, mas o resultado social é incontestável.

O governo Lula olhou por essas pessoas, colocou a população mais pobre no orçamento e tirou o país do mapa da fome.

Os governos Dilma e Lula olharam por essas pessoas e o nosso Nordeste é a maior prova disso.

Pesquisei o caso Lula a fundo e vi horas e horas de depoimento dele ao Moro. A corrupção nos governos é inegável mas o que atinge diretamente o ex-presidente é frágil, ainda que se saiba que não é nenhum santo.

Ligações e ligações vazadas por Sérgio Moro, uma cobertura parcial da Globo e da grande imprensa, chamada de “velha imprensa” ou “extrema imprensa” pelos Bolsonaristas, capas que davam a Lula uma alcunha que não era verdadeira, além de colaborarem com o impeachment de Dilma Rousseff.

Muitas críticas ao PT e a Lula são corretas e sempre fiz mas acho as alianças com o centro um grande acerto.

Em 2018 fiquei entre Ciro Gomes e Alckmin no primeiro turno mas votei no candidato do PDT também pela possibilidade de vencer Bolsonaro e concordei com suas críticas necessárias ao PT.

Mas hoje o cenário é outro.

Simpatizo com Simone, Soraya e principalmente com Ciro, grande nome da política brasileira e que está pronto para exercer esse cargo da melhor maneira possível. Mas nesse momento o que o país precisa é de tranquilidade, de alguém que olhe pelas pessoas mais carentes, exatamente por saber o que é não ter um prato de comida no dia. E só tem uma pessoa capaz de mudar essa realidade. E hoje me convenço que foram os melhores anos da minha vida. Da minha vida e de milhões de brasileiros.

Sendo jornalista, pensei muito se deveria ou não me posicionar, mas não dá para se isentar num momento onde a democracia é o maior dos nossos valores.

Por isso, o posicionamento editorial da Gazeta do Rio de Janeiro é pelo fim do governo Bolsonaro, pela sua queda, se possível, ainda em primeiro turno e apoio recomendado e declarado ao candidato Lula.

Nossa cobertura não vai mudar. A isenção e a crítica sempre estarão presentes mas dessa vez os valores são ainda mais caros. É a nossa democracia que está em jogo.

Uma escolha muito fácil.

Leonardo de Oliveira Brito, jornalista responsável pelo jornal Gazeta do Rio de Janeiro

 

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