Editorial: Não se comemora golpe militar. Nunca!

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Parece pura retórica ou mesmice o que será dito aqui, porém necessário: Não se deve comemorar o golpe militar do dia 31 de Março de 1964. Nunca!

É uma das maiores máculas da história do país.

A ideia do governo Bolsonaro de rememorar ou comemorar a data é absurda e lamentável porém esperada.

Voltando a 64, destacamos que toda a imprensa, com exceção do Jornal Última Hora apoiou a deposição de João Goulart, que foi exilado.

Tanques na rua, parlamentares presos e uma suposta ameaça comunista que nunca se confirmou.

Pelo contrário. Algumas das ditas reformas de Goulart voltaram na constituição de 1988.

O poder é tomado e Ranieri Mazzilli assume a presidência por alguns dias até que o congresso elege o cearense General Castelo Branco, já em Abril de 1964.

Governadores e outros políticos tiveram direitos suspensos. Outros exilados. A perseguição aos movimentos sociais e estudantis também marcaram o governo que deu base a implantação da repressão do regime com seu auge entre 1968 e 1973

Uma das marcas de seu governo foi a promulgação do Ato Institucional 2, que aboliu o pluripartidarismo no pais e concedeu poderes ao Presidente da República para cassar mandatos de deputados e convocar eleições indiretas

Ainda não se tinha ideia do que viria a ser o governo militar que apoiado por uma parte da mídia e que censurou toda ela, prendeu opositores de todos os espectros políticos.

Se por um lado o milagre econômico dos anos 70 e grandes obras levaram a economia do Brasil a níveis de crescimento muito grande, o fim nos anos 80 foram marcados pela dura recessão e inflação.

Entenda se que para alguns a saída de Jango fosse necessária mas não se tinha ideia do que viria.

Analisando a história através dos seus fatos num todo e não isoladamente, vê se que o 31 de março é um símbolo de uma mancha ruim na história do Brasil.

Entenda se também que pelo fato do presidente da república ser um apoiador da causa seria natural.

Hoje, alguns veículos como O Globo fazem mea-culpa sobre isso.

De forma positiva mas também oportunista. Quem apoiou o golpe não foi só O Globo. Foi Roberto Marinho e só Roberto Marinho poderia fazer tal mea-culpa por ser testemunha direta e agente ativo de toda a história. Falar hoje é fácil. Marinho apoiou em 64 e reafirmou seu apoio em 1984.

Ainda assim, a mídia e o Gazeta se inclui atuam na ideia de que não se comemora uma data que trouxe sofrimento, problemas, tortura e censura.

As forças armadas, através do Exército brasileiro tem momentos muito mais gloriosos na sua história.

O país deveria lembrar mais deles por outros motivos.

O regime que vigorou por mais de vinte anos não pode jamais ser lembrado com orgulho.

Não se comemora golpe militar. Nunca!

Seja ele de direita ou de esquerda.

Todos os regimes ditatoriais são absurdos e deploráveis

A democracia com todos os seus defeitos sempre será a melhor alternativa

Leonardo de Oliveira Brito

Editor responsável

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