A atriz fala sobre transexualidade: “Existem milhares de pessoas pelo mundo morrendo por não se aceitar”
Thalita Zampirolli deixou sua vida em Boston onde atua como empresária do ramo da beleza para desfilar no Carnaval do Espírito Santo e do Rio de Janeiro.
Apaixonada pelo carnaval desde criança, a beldade que é Capixaba acompanhava os desfile da Sapucaí pela televisão e imitava a Globeleza pelos cantos da casa:
“Eu cresci vendo tudo acontecer pela TV. Amava as vinhetas das escolas de samba, curtia bloquinhos e ficava brigando com o sono para assistir todas as escolas, às vezes eu conseguia, às vezes assistia as reprises na tarde do dia seguinte”, relembra a empresária.
Em 2018, Thalita teve a oportunidade de desfilar como musa na Porto da Pedra, escola de São Gonçalo – Rio de Janeiro. E há dois anos veio o convite para ser rainha de bateria do Grêmio Recreativo Escola de Samba Independente de Boa Vista, escola hexacampeã do Carnaval Capixaba:
“Eu me senti lisonjeada com o convite. Estou há dois anos lá e tenho vivido momentos inesquecíveis. Sou Capixaba, então para mim é um prazer reinar na minha terra, onde eu fui nascida e criada”, revela Thalita.
Mas, para uma mulher com tanta representatividade uma coroa só parece pouco. E foi entendendo sua importância no mundo do samba que a empresária aceitou o convite para reinar à frente da bateria Guerreiros da Unidos de Padre Miguel, escola de samba localizada em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio:
“Eu sempre quis voltar para o Carnaval do Rio, gosto do calor humano que existe no carnaval da Cidade Maravilhosa e eu não poderia ter aceitado nenhum outro convite que não fosse ser rainha de bateria da Unidos de Padre Miguel. Sou tratada como uma rainha mesmo. Eu me sinto em casa com tanto amor, carinho e cuidado. Fui acolhida com respeito, sou valorizada por todos, não existe preconceito aqui, nossa escola não tem espaço para isso”, disse a nova majestade da Vila Vintém.
Por falar em preconceito, Thalita Zampirolli quer entregar muito mais do que looks baphonicos, alegria e samba no pé:
“Não falo de transexualidade a todo tempo. Para mim isto é um assunto muito sério e delicado. Existem milhares de pessoas pelo mundo morrendo por não se aceitar, por não ter apoio de nenhum familiar, por não entender a transformação que ocorre na mente, no corpo e na alma quando se vê em um corpo que não lhe pertence. Eu queria de verdade que as autoridades dessem suporte para estas pessoas, queria ter a oportunidade de falar com estas famílias o quanto é importante o acolhimento delas. E que somos todos iguais, temos capacidade de ocupar cargos importantes em todas as esferas da sociedade”, desabafou Thalita.
E foi a representatividade que deu mais uma coroa para Thalita. A bela aceitou o convite para ser a Rainha da Série Ouro do Camarote Super Vip, conceituado camarote na Sapucaí:
“A dona do camarote, Dil, fez uma reunião pessoalmente comigo e a minha equipe de trabalho. Ela disse que admirava a minha postura e a forma como eu levava a minha vida e construía a minha história. Ela disse que seria importante ter uma pessoa como eu no time dela, pois, sou uma mulher empoderada. Eu tinha até um outro convite para ser rainha do camarote, mas a fala dela me tocou e eu decidi aceitar”, explicou a rainha.
Fotos/ Divulgação: Adriano Reis / Palmer Assessoria de Imprensa
