Ruínas resgatam a história da cidade de Pinheiral

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Pinheiral é uma cidade que por vezes passa longe dos roteiros turísticos daqueles que se aventuram em conhecer o estado do Rio de Janeiro, mas o que muitos não sabem é que a localidade já foi famosa por conta da cultura cafeeira no século XIX e hoje exibe com orgulho o patrimônio histórico-cultural da cidade (https://www.pinheiral.rj.gov.br/a-cidade/patrimonio). Entre os patrimônios da cidade, um deles ganhou novo significado e vem ganhando destaque entre os moradores do Vale do Paraíba e alguns aventureiros.

O chamado Parque das Ruínas de Pinheiral vem despertando o interesse dos turistas, pois possibilita aos visitantes fazer um passeio pela história da escravidão e da pós-abolição no país. Ele foi aberto a visitas no fim de julho de 2015 e funciona na Fazenda São José dos Pinheiros, propriedade de 1851 que teve como proprietário o Barão de Piraí, José Gonçalves de Moraes, e posteriormente o “Rei do Café, o comendador José Joaquim de Souza Breves, figura importante na época de ouro do café e que também tinha muita atuação por São João Marcos, local histórico que já foi destaque na Gazeta do Rio.

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O local é realmente bem peculiar, principalmente se comparado com o roteiro turístico da região. Quando você pensa nas fazendas de café, é bem provável que este tipo de ponto não apareça em seu imaginário, muito porque as fazendas da época sempre nos remetem a algo intocável pelo tempo, ainda mais quando pensamos no Vale do Café, onde muitas fazendas foram convertidas em hospedagens ou reformadas para receber turistas. 

Bom, a ideia inicial era reformar o local, mas infelizmente, depois de tantos anos desde a abertura, o local foi tomado pelo mato e por folhas e as placas de sinalização já sentem o peso do tempo – a minha visita ao parque ocorreu no final de 2020. A tendência que tenho observado no mapeamento dessas ruínas no estado do Rio é que a ausência do sentimento de pertencimento desses pontos e o desconhecimento dessas histórias acaba refletindo no abandono dos locais por parte do poder público.

Um pouco da história


Cerca de 30 anos antes da abertura à visitação, com a instalação de placas que contam um pouco da história da construção, o local, em 15 de dezembro de 1986, foi vítima de um incêndio que destruiu parte de suas instalações e a maioria dos seus registros históricos (posteriormente, houve outro incêndio). O casarão, bem como as terras que o circunda, é visto como um marco do Ciclo do Café no Vale do Paraíba, tem importância na construção geográfica e econômica do estado, possibilitada pela luta, sangue e suor dos cerca de 2 mil escravos que trabalhavam na propriedade.


Segundo levantamento da Câmara de Pinheiral, para atender a numerosa população, havia na fazenda: farmácia, cozinhas para hóspedes e para escravos, capela, um padre e um médico. Todas as meninas aprendiam a costurar, bordar e fazer renda com perfeição. As cozinhas, as oficinas e os quartos dos negros, circundavam o terreiro espaçoso, cheio de árvores e arbustos. Havia também uma orquestra formada por negros escravos, que aprendiam a arte da música com um professor contratado pelo Comendador José Joaquim de Souza Breves.

Em 1871, quando da expansão da Estrada de Ferro D. Pedro II, foi criada uma estação ferroviária nas terras da Fazenda São José do Pinheiro. Ao redor dela foram surgindo algumas moradias que deram início à Vila Pinheiro. Com a derrocada do café, a Fazenda entrou em declínio e o Comendador morreu sem deixar herdeiros.

No testamento, ele deixava alforriados os numerosos escravos e doou terras para nelas viverem e tirarem seu sustento. Em 1890, através do Decreto nº 6.862 de 23 de agosto, foram declaradas de utilidade pública, as terras da Fazenda Pinheiro, na Estação da Estrada de Ferro.

 

Credito das fotos Adair1, Adair 2 e pinh_ad05: Coleção Aloysio Clemente Breves | Laboratório de História Oral e Imagem UFF

Fonte: Breves Café, Prefeitura de Pinheiral, Jornal Olince, História Uff, Anpuh, Cidade de Pinheiral, Genealogia História, Estações Ferroviárias

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