Entrevista com o Hamilton Vasconcelos, candidato a vereador do Rio

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Gazeta do Rio de Janeiro entrevista o candidato a vereador pela cidade do Rio de Janeiro, Hamilton Vasconcelos. Ele é advogado formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Começou no turismo começou em 1993, quando foi contratado como estagiário do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), vinculado ao Ministério da Indústria, Comércio e Turismo. Dois anos depois, em dezembro de 1995, formou-se na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em janeiro de 1996 foi nomeado chefe da Divisão de Contencioso da Embratur; em 1999, assessor do presidente Caio Luiz de Carvalho. Durante esse período foi responsável pela defesa da Embratur em todos os tribunais do Rio de Janeiro.

Além das funções exercidas, passou a representar a Embratur nos processos em diversos estados e instâncias. Também atuou representando a autarquia em diversos conselhos por todo o Brasil, oriundos da participação do Fundo Geral do Turismo. Desde 1997, nosso agraciado participou ativamente no Programa Nacional de Municipalização do Turismo e do Programa Clubes de Melhor Idade, programas federais que visavam ao desenvolvimento do turismo nacional.

Em 2000 foi enviado para Portugal. A Embratur desejava conhecer profundamente o Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres (Inatel), instituição portuguesa voltada ao turismo para os cidadãos aposentados e também para o incremento do turismo doméstico português. Nosso homenageado passou 30 dias em Portugal realizando visitas técnicas e entrevistas com administradores do Inatel, conhecendo os hotéis de sua propriedade.

Em 2013, por ordem do presidente da Embratur, realizou a transferência de todos os processos judiciais para a Advocacia Geral da União, bem como o encerramento de todos os contratos para a extinção do escritório da autarquia no Rio de Janeiro.

Sua trajetória acadêmica, ministrando aulas nos cursos de Turismo, Direito e Ciências Contábeis, começou no ano 2000, e até hoje está nessa atividade em diversas faculdades.

Em 2014, retornou para a Secretaria Estadual de Turismo na função de assessor especial. E em 2017 assumiu a vice-presidência da TurisRio, com a função de aumentar a interação da empresa com todo o interior do estado, trabalhando na segmentação do turismo.

Atuou na defesa dos direitos dos bacharéis de turismo e da Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do Turismo. Atualmente, é também presidente da Comissão de Turismo da OAB-RJ, onde realiza reuniões visando ao aprimoramento da legislação no setor, juntamente com um grupo qualificado de advogados que doam seu tempo ao turismo sem qualquer remuneração. É também membro do Conselho Estadual do Turismo e foi colunista da Gazeta do Rio de Janeiro.

 

CONFIRA A ENTREVISTA

Por que você quer ser vereador e qual seu principal projeto e objetivo caso eleito?

Quero ser vereador para ajudar a fazer do Rio uma cidade melhor. Um lugar onde as coisas realmente funcionem, com mais empregos, com mais oportunidades e com menos desigualdades. Nos últimos anos, inúmeras e grandes empresas deixaram o Rio. O setor industrial encolheu, são menos empregos, menos oportunidades. Isto trouxe um enorme impacto econômico para o município. Acredito que se investirmos na infraestrutura da cidade, melhorando a mobilidade, a acessibilidade, a segurança, estaremos pavimentando o caminho para o crescimento do turismo. Turismo é uma vocação do Rio, é o setor que mais abre empregos no mundo. Se uma cidade for boa para seu morador, com certeza, cativará melhor o seu visitante. Tem que ser bom para o carioca para ser bom para o turista.
O turismo possui capacidade para realizar essas transformações. É o que alguns chamam de atividade multiplicadora. Ela gera emprego e renda tanto para empresas essencialmente do setor como para segmentos completamente distintos. Como as demandas do turismo são extensas, isto maravilhosamente ocorre com regularidade. Só como exemplo, algo básico: vamos seguir a premissa de manter a cidade sempre bonita e conservada para agradar ao turista e atrair mais viajantes. Para fazer isso vamos realizar reparos, obras. Isto irá gerar emprego para pedreiros, eletricistas, engenheiros. Não são atividades do turismo, porém, acabaram impactadas positivamente pelo setor. Então, meu objetivo é fazer com que o Rio viva, verdadeiramente, para o turismo, pois isso movimenta estupendamente a economia. Vai gerar sustentabilidade para a cidade. Irá proporcionar melhor qualidade de vida, diminuir a desigualdade e fazer as coisas funcionarem, hospitais, escolas e muito mais.

 

Seu maior foco é o turismo, sem dúvida, até pela sua trajetória de vida, mas a cidade em si, como você vê, tirando o turismo, condições para ela se recuperar e você como vereador como pode ajudar nisso?

Realmente, estado e município não passam por bom momento. Acredito que se investirmos na infraestrutura da cidade, melhorando a mobilidade, a acessibilidade, a segurança, estaremos melhorando nossa região e pavimentando o caminho para o crescimento do turismo. Veja bem, o turismo cria benefícios, emprego, renda, oportunidades de negócios, para aqueles que trabalham diretamente com ele; indiretamente para aqueles que atendem suas demandas, abastecimento de qualquer item ligado á atividade direta e, por fim, até para quem nem imagina que trabalha para o turismo, que são fornecedores, prestadores de serviço das empresas que trabalham no abastecimento citado. Então, quando eu propuser, lá na câmara, iniciativas para o turismo, ou que beneficiem a cidade e consequentemente a atividade, com certeza estarei ajudando o Rio. Como a atividade é multiplicadora, muitos setores estão encadeados, isso trará as condições para a recuperação que mencionou.

Sabemos que o turismo do Rio foi extremamente afetado pela pandemia, quais as perspectivas a partir desta fase final de flexibilização no Rio?

Sim, o turismo mundial, podemos dizer assim, foi extremamente impactado pela pandemia. Em primeiro lugar, em função do isolamento e distanciamento social, em segundo, pelo cancelamento de voos. O turismo internacional, principalmente o nosso, é muito dependente da aviação. Como os dois fatores ainda não estão devidamente normalizados, a tendência é uma retomada mais lenta e com público interno. Teremos, principalmente, visitantes do próprio estado do Rio ou próximos, como Minas e São Paulo. A ocupação hoteleira continua crescendo. Do feriado de sete de setembro para o de 12 houve um crescimento de 12,75%. Ficamos quase na mesma média alcançada para o mesmo mês de 2018. A média geral de outubro de 2018 foi de 56%, já a média do último feriado 52%. Os hotéis de Ipanema/Leblon alcançaram (68%). Na média do mês deveremos fechar abaixo disso, contudo, as coisas estão melhorando. Como o Rio possui muitas áreas turísticas com espaços abertos, natureza, isso colabora para a retomada, pois as buscas são por lugares com essas características.

Qual o peso do turismo para economia do Rio?

Isto é interessante, pois ao mesmo tempo em que afirmamos que é grande dizemos que é pouco, perto do que outras cidades fora do Brasil alcançam. Vamos usar por base o ano de 2016, que é um momento bastante interessante, pois houve grande fluxo turístico. Naquele ano o turismo contribuiu em US$ 6,5 bilhões para o PIB do Rio. O montante representava 4,9% da economia da cidade e 11,5% do segmento no Brasil, na época. A economia carioca é fortemente lastreada pelo setor de serviços e esse, por sua vez, bastante impactado pelo turismo. Em 2018 foram arrecadados cerca de 100 milhões em ISS (Imposto Sobre Serviços), vindos diretamente do turismo. Para mantermos a comparação, em 2016 foram mais de 140 milhões. Um estudo feiro pela Fundação Getúlio Vargas, relativo ao Programa Rio de Janeiro a Janeiro, em 2018, mostra que cada R$ 1 gasto nos projetos estudados, movimentou R$ 17,61 na economia, o que indica um alto índice de alavancagem econômica. Quando considerado apenas o investimento público, o cálculo da FGV aponta retorno de R$ 1,95 a cada R$ 1 investido. Isto significa renda, dinheiro, no bolso das pessoas. Além disso, devemos lembrar que o turismo acaba envolvendo outros setores, são cadeias produtivas complexas e de enorme capilaridade. Como podemos ver, o turismo movimenta bem a economia e os investimentos no setor fazem aumentar a arrecadação.

Mesmo com tantos atrativos o Rio perde em número de visitantes estrangeiros para SP, como explicar isso?

Quando se analisa a entrada de turistas estrangeiros no Brasil, verifica-se que o país recebe, anualmente, cerca de seis milhões de turistas estrangeiros, Em 2019 foram (6.353.141) visitantes, em 2018 (6.621.376). Desse total, em 2019, (1.293.342) entraram pelo Rio e (2.250.994) por São Paulo. Contudo, quando detalhamos o perfil do turismo de SP e o do RJ, percebemos que são diferentes. Para entendermos melhor, vamos aos dados gerais de 2018 que estão mais completos: lazer é principal motivação de viagens para o Brasil, respondendo por 58,8% do total, 13,5% são por Negócios, eventos e convenções e 27,7% por outros motivos. Dos que buscam lazer, 29,7% buscam o Rio (1º lugar no ranking) e 7,9% São Paulo (5º lugar no Ranking), Na motivação negócios, SP lidera com 48,7%. O Rio fica em segundo com 19,7%. Já por outros motivos, São Paulo vem em primeiro com 28,3 % e o Rio 18,4%. É por isso que falamos que o Rio precisa evoluir no segmento de negócios e eventos. O turista de negócios e eventos gasta mais em suas viagens e a atividade movimenta uma cadeia maior de negócios locais.

A cidade passa por um momento de grande crise, quais os caminhos o senhor apontaria para tirar o Rio desta situação?

O turismo é uma vocação natural do Rio. Devemos aproveitar isso, estimular. O Rio sediou recentemente grandes eventos e foi bem aprovado. A cidade já está preparada. Não teremos que gastar montanhas de recursos para fomentar a atividade. Ó o setor que mais abre empregos no mundo. Movimenta inúmeros setores causando um excelente impacto na economia. Traz recursos sem que o carioca tenha que pagar mais impostos, pagar um IPTU maior. Este dinheiro pode ser aplicado em hospitais, em escolas e segurança. Não é uma verba carimbada, pode ser gasta em qualquer bairro e em obras diversas. É um grande benefício para cidade e que não tenho dúvida, vai ajudar o Rio a vencer as dificuldades causadas pela pandemia e o esvaziamento econômico que o estado enfrenta.

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