Por Priscila Monteiro
No dia 03 de Setembro é comemorado o Dia do Biólogo. Acho que biólogo já nasce biólogo, né?! Desde pequena eu era curiosa, queria saber como as coisas aconteciam e minha mãe escutou muito “Por que, mãe?”. Como sempre amei os animais, antes queria ser médica veterinária e somente no pré-vestibular, com a total influência do profº Maurício (obrigada, professor!) que decidi ser bióloga. Assim, em 2011, com muito esforço (meu e de mamis) passei em algumas faculdades (para orgulho de mamis!) mas decidi fazer bacharelado em Ciências Biológicas na Universidade do Estado no Rio de Janeiro (UERJ), que amo de paixão.
Dia do trote
Durante a minha carreira acadêmica sempre procurei saber como os impactos humanos podem influenciar a vida dos animais, com foco em mamíferos. Na graduação, passei por algumas áreas da biologia como mudanças climáticas e genética. Acabei fazendo minha monografia nessa última, mas mais por questões de logística (engravidei, sabe como é…).
Minha formatura com as mulheres da minha vida
Porém, no mestrado (com meu bebê já se tornando uma criança) pude voltar para a minha paixão. Minha dissertação avaliou o impacto das ações humanas em mamíferos (de pequenos, médios e grandes portes, ou seja, os fofos bichos). O local de estudo foram quatro unidades de conservação que compõe um corredor ecológico no Espírito Santo, local que julgamos estarem protegidas, mas que precisam de mais atenção e investimento. Dentre as ações humanas, as que mais se destacaram negativamente foram a caça, as espécies domésticas invasoras (cão e gato) e o efeito de borda, provavelmente gerado através da fragmentação dos habitats e desmatamento.
Meu segundo melhor lugar no mundo, no mato
Mesmo durante a graduação, sempre estive ligada em projetos de divulgação científica e educação ambiental. Um deles era a criação de jogos educacionais voltados para a sensibilização das pessoas para a conservação do meio ambiente.
Apresentação do meu terceiro jogo didático no congresso de mamíferos
E durante uma disciplina do mestrado, tive um contato mais íntimo com os morcegos, AMEI! Que animais incríveis! “As pessoas precisam saber isso, ter essa experiência! E por que as pessoas os odeiam tanto? Só pode ser por falta de conhecimento” E assim, criei um jogo (com a ajuda de amigos do laboratório) que fala da importância dos morcegos para o ecossistema, curiosidades e desmistificando esses únicos mamíferos voadores, além das suas principais ameaças.
Fazendo esse jogo, percebi que não temos dados ainda de poluentes que afetam esses animais (aliás, não temos dados suficientes para nenhum mamífero, inclusive humanos). Nasceu meu projeto de doutorado! Atualmente, trabalho com morcegos em áreas urbanas, rurais e indústrias analisando a contaminação de poluentes orgânicos, que podem ficar por anos (até décadas!) no ambiente, alguns conhecidos como AGROTÓXICOS.
Meu primeiro campo no doutorado
Infelizmente, com a pandemia, tive que suspender os campos para a segurança da minha equipe e dos morcegos. Ser cientista no Brasil não é fácil, ainda mais sendo de origem humilde, moradora de comunidade, mas com muita força, apoio da minha mãe e estudo, em breve serei a primeira doutora da família. Então, não desista, ACREDITE SEMPRE! Meu maior sonho é ter minha mãe e minha filha, numa praia ou cachoeira… sabendo que não precisamos nos preocupar mais com as mudanças climáticas, desmatamento… e que a humanidade enfim percebeu o quanto precisamos da Natureza, não ela da gente. Será uma utopia?
Priscila Monteiro é bióloga. A partir dessa semana passa a colaborar na Gazeta do Rio através de sua coluna e de parceria.
Páginas pessoais:
Facebook- Profissão? Bióloga (https://www.facebook.com/profissao.biologaa)
Instagram- @profissao_biologa (https://www.instagram.com/profissao_biologa/?hl=pt-br)
Currículo Lattes- http://lattes.cnpq.br/8224069803443869