Renan Portela: Erros e hipocrisia – A decepção chamada Flávio Bolsonaro

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O filho mais velho de Jair Bolsonaro, o deputado estadual, Flávio Bolsonaro, concede entrevista aos jornalistas.

Serei direto: o comportamento hipócrita e inaceitável de Flávio Bolsonaro no caso Queiroz (que não vou perder meu tempo explicando, porque você tem muitas fontes pra isso e só não sabe se não quer), é decepcionante e vergonhoso.

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Não vou usar esse texto para passar pano, muito menos para atacar o outro lado que parece vibrar com os acontecimentos, sempre confundindo decepção com arrependimento (como já destaquei em outro texto). O alvo desse texto é o Flávio e, por consequência, os Bolsonaro.

Qualquer um que quiser, da oposição ou não, considerar que essa postura é um atestado de culpa, estará bem embasado para tal. Aliás, muito importante ver que influenciadores de direita, políticos do PSL e grande parte dos que apoiaram Bolsonaro nas ultimas eleição, estão fazendo coro de cobrança e exigindo respostas. Espero que mantenham a coerência. Isso é uma postura considerável de avanço democrático, e espero que cada vez mais possamos eliminar os políticos e bandidos de estimação de nossas vidas.

Não importa quem são ou quais são as politicas que tais indivíduos defendem, eles devem ser punidos e cobrados por seus erros. Trocar o (corrupto) certo pelo duvidoso é prudencia, acreditar fielmente nesse duvidoso, é burrice! Por isso nunca deixei que o discurso anti-corrupção me cegasse ao ponto de ter fé. Torcer é diferente de ter fé. Fé é jogar a rede com a convicção que puxarás os peixes, torcer é pensar “tomara que venha peixe”. Ter fé desmedida na honestidade de qualquer politico é ingenuidade, porque qualquer homem munido de poder é digno de desconfiança. O Brasil nesse sentido ainda é muito imaturo para deixar que palavras permitam que se acredite na nobreza e honestidade dos homens. Por isso, pude enxergar o combate à corrupção como algo de suma importância, mas jamais como o fator determinante! Sendo assim, em um dos meus últimos artigos, expresso como considero um erro acreditar na análise de que o discurso anti-corrupção foi o principal fator que elegeu Bolsonaro, tendo muitos outros fatores políticos envolvidos com peso igual ou semelhante.

Sei que é difícil se desvencilhar por completo de alguma seletividade moral e ideológica, mas essa é a postura que precisamos buscar alcançar como povo, ainda mais quando tratamos de crimes que nos lesam. Que os Bolsonaros e os futuros governos sejam criticados ou aplaudidos de acordo com suas atitudes, erros e acertos, e não por serem quem são ou terem certa inclinação politica. Precisamos parar de transformar o Brasil num festival de sujos falando de mal lavados.

Se antes eu considerava que que o Flávio deveria ser inocente, hoje tenho que me controlar para aguardar o andamento do processo e não ser leviano ao sentencia-lo culpado. Faltar audiências e tratar a investigação com banalidade, já é algo para se considerar grave. Agora, recorrer ao lerdo e ineficiente STF para livrar-se das investigações, se valendo do Foro Privilegiado, era a ultima gota que faltava pro copo transbordar. Destaca-se ainda o protagonismo de seu papel como filho do presidente, a politica de renovação será a manutenção de passar de pano para os amigos do rei?

A postura de Flávio até o momento, principalmente a de recorrer ao foro, é uma atitude que só demonstra que quando o calo aperta, a velha politica se torna a formula, e a coerência do discurso se perde. Um politico que se vale do que criticava, e que se vale de uma atitude absolutamente contraditória com os anseios de seus eleitores para beneficiar-se, não merece ser chamado de contista do vigário? Ludibriar a população é a principal faceta da classe politica, e Flávio perdeu o direito de não ser considerado apenas mais uma maçã podre.

Vamos considerar Flávio Bolsonaro inocente, tá ok? Mesmo que inocente, sua postura (já apontada) e incapacidade de lidar com a crise, já demonstram que não está preparado para o cargo para o qual foi eleito (pelo menos para os meus parâmetros de “estar preparado”) e para o que ainda vislumbra na carreira politica, ao permitir transformar esse caso numa bola de neve, ao decepcionar seus apoiadores com escolhas equivocadas, e ao se colocar como vidraça para todo o público poder se comportar como pedra. Mesmo que comprovadamente inocente, será difícil demais rever alguma reputação, e dúvidas sempre irão pairar no ar. As únicas chances de Flávio, mesmo se inocente, serão a curta memória do brasileiro e a possível pior qualidade de futuros adversários. Porque aqui, infelizmente, vivemos a dádiva de ter que o escolher o menos pior entre os péssimos!

A postura esperada de um inocente que rechaça a velha politica brasileira, seria a de fortalecer a investigação e contribuir para que ela esclarecesse tudo o mais rápido possível para se punir possíveis crimes. Seria a de ter atitude e não apenas dar declarações rasteiras como se estivesse apreciando um suco de férias no Caribe. Seria a postura de se mostrar indignado, porque se não sabia o que rolava dentro de seu gabinete, foi feito de trouxa e colocado em risco politico pelos erros de terceiros. Seria a de exigir que ele mesmo fosse investigado até as ultimas consequências, por saber que nenhum centavo seria encontrado no colchão. Até agora, a postura de Flávio Bolsonaro é de quem teme e deve, no minimo escancarando uma inabilidade politica deprimente.

Inevitavelmente as consequências politicas chegam no gabinete da presidência, já enfrentando essa crise ética no primeiro mês de governo. Acredito que Jair Bolsonaro está sendo aconselhado a não se envolver muito no caso, para pouco deixar respingar no governo. Porém, a estratégia, se Jair sabia ou não dos acontecimentos no gabinete do filho, é uma estratégia falha, e deixa o governo apanhando nas cordas.

Jair Bolsonaro deveria deixar de lado o sentimentalismo paterno nesse caso, colocando o próprio filho na berlinda em cadeia nacional, cobrando respostas e criticando-o por recorrer ao STF se valendo do foro privilegiado. Tratando a questão com a seriedade que merece! Onde está o culhão e o bater o pau na mesa quando o alvo é um dos seus? Ou o senhor também tem o rabo preso no caso? Cade a atitude, senhor presidente? Não é o senhor que diz que soldado que tem medo de morrer não deve ir pra guerra?

Se o seu filho for culpado, você é o primeiro que deve cobrar respostas das autoridades, e respostas que sejam coerentes com o discurso que o elegeu. Se o seu filho for inocente, e tiveres certeza disso, não permita essa certeza de maneira fácil, incentive as investigações sem tapar os olhos, e demonstre repulsa pelas cagadas que seu filho tem cometido, impedindo-o de continuar se sujando de bosta. O que foi eleito foi um presidente, não um pai! É preciso ter coragem e demonstrar respeito pelo povo desse país!

Espero que as cobranças continuem de todos os lados, que a verdade seja apurada em sua integridade, e que nenhum apoiador defenda bandido se condenado for. Aguardando os próximos capítulos, deixando exposto mais uma vez que, mesmo se inocente, o senador Flávio Bolsonaro dificilmente conseguirá me passar alguma credibilidade no desenrolar de sua vida pública.

Jair Bolsonaro critica foro privilegiado do lado do filho Flávio, que concorda com as falas do pai. Hoje, Flávio se usa do privilégio em questão.

Leia mais: Flávio alega foro mas Bolsonaros já se disseram contra o benefício

Eduardo Bolsonaro manifesta-se em maio de 2017 sobre o foro privilegiado. Vai ter briga de irmão?

Janaina Paschoal critica decisão do Ministro Fux de acatar o pedido de Flávio. Janaina foi eleita a deputada estadual mais votada da história por SP nas últimas eleições, filiada ao PSL.

Alguns apoiadores e membros do MBL também se manifestaram contra Flávio e a decisão do Ministro.

O Jornal Nacional também divulgou trechos comprometedores do relatório do Coaf.

COAF aponta depósitos no total de 96 mil para Flávio Bolsonaro em apenas um mês

Em entrevista para a Rede Record, Flávio Bolsonaro diz que não está se escondendo de nada. O Senador do Rio de Janeiro pediu a suspensão das investigações no STF alegando Foro Privilegiado, após seus advogados descobrirem que ele também estava sendo investigado no caso Queiroz.

Até o fechamento dessa matéria, o presidente Jair Bolsonaro não se manifestou veementemente sobre o caso. Seus eleitores esperam ver o Brasil acima de tudo!

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