COAF aponta movimentação financeira atípica de vinte deputados do Rio.

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Segundo reportagem do jornalista Ítalo Nogueira para a Folha de São Paulo, o COAF descobriu movimentações atípicas nas contas de 20 parlamentares do Rio de Janeiro.
O maior deles é André Ceciliano do PT.

Essas movimentações são de entrada e saída de dinheiro

Flávio Bolsonaro tem 1,3 mi em movimentações em caso já explorado, sobre a movimentação para o motorista.

O parlamentar de maior volume financeiro movimentado é André Ceciliano, do PT com mais de 49 milhões de reais.

Depurados experientes, mais novos e de partidos diferentes compõem essa lista.

Flávio Bolsonaro, Eliomar Coelho, Waldeck Carneiro, Pedro Augusto e até mesmo Jorge Picciani são alguns deles.

Confira a LISTA

MOVIMENTAÇÃO SUSPEITA DE FUNCIONÁRIOS DA ASSEMBLEIA DO RJ EM 2016 (EM MILHÕES)

André Ceciliano (PT)
R$ 49,3

Paulo Ramos (PDT)
R$ 30,3

Márcio Pacheco (PSC)
R$ 25,3

Luiz Martins (PDT)
(preso) R$ 18,5

Dr. Deodalto (DEM)
R$ 16,3

Carlos Minc (PSB)
R$ 16,0

Coronel Jairo (PSC)
(preso) R$ 10,2

Marcos Müller (PHS)
R$ 7,8

Luiz Paulo (PSDB)
R$ 7,1

Tio Carlos (SD)
R$ 4,3

Pedro Augusto (MDB)
R$ 4,1

Átila Nunes (MDB)
R$ 2,2

Iranildo Campos (SD)
R$ 2,2

Márcia Jeovani (DEM)
R$ 2,1

Jorge Picciani (MDB)
(preso) R$ 1,8

Eliomar Coelho (PSOL)
R$ 1,7

Flávio Bolsonaro (PSL)
R$ 1,3

Waldeck Carneiro (PT)
R$ 0,7

Benedito Alves (PRB)
R$ 0,5

Marcos Abrahão (Avante)
(preso) R$ 0,3

Wanderson Nogueira (PSOL)
R$ 0,3

Fonte: Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)

O deputado Marcos Abrahão (Avante), preso na Furna da Onça, teve uma movimentação atípica de só R$ 289 mil.

O gabinete com o maior volume de comunicações é o do petista Ceciliano. Foram mencionados quatro assessores com movimentação atípica de, somados, R$ 49,3 milhões.

Pedro Augusto, o romeiro de Aparecida da Tupi já foi acusado de ficar com parte dos salários dos seus funcionários e diversas pessoas já confirmaram essa versão.

Uma série de reportagens do SBT mostrou isso

O que dizem os citados?

O deputado André Ceciliano disse, em nota a FOLHA, que a funcionária que concentra as movimentações atípicas “pertence a uma família de empresários da cidade de Paracambi”, onde o petista foi prefeito por dois mandatos.

“Ceciliano ressalta ainda que o próprio Ministério Público Federal afirma que o fato de constarem no relatório não significa que tenham praticado condutas ilícitas”, disse o deputado.

Paulo Ramos afirmou que o principal assessor citado pelo Coaf é advogado e tem como justificar as entradas e saídas de recursos de suas contas. Ele afirmou que boa parte dos valores se referem a causas judiciais ganhas.

Márcio Pacheco disse, em nota, que “recebeu com surpresa, através imprensa, a notícia sobre movimentações financeiras envolvendo colaboradores de seu gabinete”.

“Ele esclarece que sempre agiu com honestidade e transparência, e que está apurando as informações e agirá no caso, como sempre agiu, de acordo com a lei. O deputado informa ainda que não pode se responsabilizar por transações bancárias de ex-assessores; inclusive, alguns desligados do gabinete desde 2013”, afirmou a nota.

Eliomar Coelho disse, por meio de sua assessoria, que está “à disposição para qualquer esclarecimento, caso venhamos a ser oficialmente citados”. “As práticas do meu mandato são a maior prova de que denunciamos e repudiamos relações injustificáveis e inaceitáveis”, afirmou o deputado.

O deputado Waldeck Carneiro em pronunciamento disse:

“O que é uma movimentação financeira em conta bancária? Mensalmente, deputados têm uma movimentação financeira regular, que é a entrada de nossos subsídios líquidos no valor de pouco mais de R$ 18 mil. Essa quantia entra mensalmente na minha conta bancária e trata-se de uma movimentação financeira. Se, a partir desta conta corrente, faço pagamentos variados, também são movimentações financeiras. Se me sobra algum valor e decido transferir este montante para a poupança vinculada à minha conta, isto também é uma movimentação financeira. Há uma lista de movimentação financeira do Conselho do Controle de Atividades Financeiras (COAF), na qual fui relacionado dizendo que assessores meus teriam supostamente movimentado a “atípica” quantia de R$ 700 mil ao longo de todo o ano de 2016. Fiz a conta: se dividirmos este valor por 13 (meses) contando o 13º salário, haverá uma movimentação financeira mensal de R$ 53.846,15/mês divididos pelos meus assessores. Se divido novamente este valor final pelo número de assessores comissionados que possuo na ALERJ, teremos um valor aproximado entre R$ 2 mil e R$ 3 mil de salário para cada um. Os assessores de meu gabinete que, eventualmente, forem notificados pelo COAF, prestarão esclarecimentos, não há algum problema quanto a isso. Mas quero destacar a importância de termos um órgão federal que cumpra este papel. É importante a existência do COAF e seu trabalho para subsidiar investigações sobre malversação de recursos e questões de ilícitos envolvendo dinheiro em espécie. Porém, gostaria de endossar as falas dos deputados Luiz Paulo, Paulo Ramos, Wanderson Nogueira e Dr. Julianelli e a minha própria no dia de ontem (11/12). Os movimentos característicos de um Estado Penal de Exceção estavam operando seletivamente apenas numa única direção, no caso na de meu partido, o PT. Muitas pessoas assistiam em silêncio e outras aplaudiam. Não tenho comiseração com nenhuma pessoa que tenha, comprovadamente, praticado ato ilícito, pois ela deve pagar sua pena no devido rigor da lei. Assim como não tenho nenhum problema com órgãos de controle do Estado, como a Polícia Federal, Tribunais de Contas e Ministério Público, por exemplo, pois estes devem fazer seu trabalho com independência e autonomia. Estamos assistindo a um processo que começa a ter características desenfreadas e descontroladas de criminalização da política e do exercício de mandatos. Está faltando somente criminalizar o uso da tribuna, isto é, da palavra! Já houve, por exemplo, agentes do Ministério Público que criticaram e ameaçaram representar contra deputados por votos que deram em determinadas matérias na ALERJ. Há um senso comum, anestesiado e contaminado por uma lógica a partir da qual a atividade política é, aprioristicamente, delituosa. E quem está na política que trate de provar que não é bandido! Esta fala está, cada vez mais, interiorizada nas pessoas. Isso é muito grave porque a quem interessa, a que projeto serve, estas movimentações de desconstrução do Poder Legislativo, da atividade pública na política? Geralmente a um projeto autoritário. O parlamento, sobretudo, é uma casa de representação popular e de pluralidade de ideias. Aqui, cada deputado pode falar o que quiser sobre qualquer assunto. Isto pode não agradar a uma determinada lógica de pensamento único, autoritária e autocrática. Uma coisa é a apuração, conferência e registro de movimentações financeiras que precisam ser esclarecidas. Mas lançar uma suspeição generalizada, um manto duvidoso sobre muitos, de uma hora para outra? Nas redes sociais, os comentários são cômicos, senão trágicos. Além de ter um componente de irresponsabilidade, quero enfatizar como isso corrobora a lógica de uma sociedade que não é plural, que não é democrática, de um Estado penal punitivista de exceção. Continuo não achando normal as prisões arbitrárias, que passam por cima do devido processo legal, onde acusados não sabem quais acusações pesam sobre eles. Nada disso é normal, me recuso a naturalizar estes tipos de situações. Enquanto puder me manifestar, assim o farei. Todos que trabalham comigo não têm nenhum problema para prestar esclarecimentos sobre qualquer assunto, a qualquer tempo, mas chega a ser chocante que se possa considerar “atípica”, num ano de exercício de 13 meses (com 13º), uma soma de R$ 700 mil, movimentada por diferentes assessores. Isso “joga água no moinho” e move um modelo de estado autoritário, próximo de um estado totalitário. Isso me preocupa porque não serve ao bem estar da população nem aos valores que deveriam presidir o funcionamento de uma sociedade democrática. Me coloco à disposição da COAF, bem como meus assessores, pois o mandato que faço revela que não há nenhum problema quanto a isso. Porém, é curioso e preocupante que possamos enfrentar sucessivas situações em que a política, em especial o exercício de mandatos parlamentares, possa ser constantemente colocada sob a égide da suspeição. Portanto, quero denunciar e me insurgir contra isso, sem que signifique, em nenhum momento, qualquer tipo de tolerância ou leniência com atos ilícitos e irregulares, quaisquer que sejam. Não posso aceitar é que muitos desta Casa Legislativa sejam tratados como praticantes de atos ilícitos e, por isso, precisamos nos manifestar de maneira firme e clara”.

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