Poesia com Caroline Rocha: Ruínas

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Ruínas

Houve uma dor
Que calou a voz lá no fundo,
Num poço profundo de aflição.
E da solidão mais visceral
Uma escuridão descomunal
Se fez presente.

Na presença da ausência
Eu sofri tua partida,
E tua ida, indelével,
Reabriu toda ferida
Que um dia fez minha alma sangrar.

Dia após dia, as lágrimas, sedentas,
Tornaram-se minha única companhia.
Das letras mais nada sabia,
E a poesia eu não sentia.
Meu corpo era vazio,
Morada absoluta da agonia.

Porém, o tempo, sábio, tudo remedeia,
E até o que é ausente,
Mesmo persistente e diligente,
Pode ser docemente lembrado,
No âmago afável da mente.

Assim, te transformei em lembrança,
Concreta, feliz, autêntica, evidente…
E do palpável do imaterial,
Do amor intransponível e persistente,
Sentido no mesmo universo,
Recriei meus versos em vida e luz.

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