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Caroline Rocha: Realidade absurda

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Meu livro de infância preferido é “Alice no país das maravilhas”. Desde pequena, sempre tive fascinação por esse mundo mágico, onde o poder desafiador da imaginação ia além de qualquer história clássica de princesas e gêneros parecidos.

O que mais me encantava em seu mundo fenomenal, era o caos e o desconhecido. Nada parecia ser correto ou normal, e o sombrio rodeava todas as relações. Ainda assim, lá havia uma ordem rigorosa sobre a vida, e essa dicotomia me instigava (ainda instiga). Nunca deixei de gostar da história e até hoje encontro, nela, elementos novos para saborear.

E por que estou falando sobre tudo isso? Hoje, pensava na situação do nosso país e me veio a mente essa narrativa. Tentei fazer algumas conexões entre o absurdo que vivemos e a desordenação que Alice via, vivia e sentia, mas o esforço foi em vão.

A verdade é que não obstante as fantasias que uma criança pode viver, imaginando um mundo próprio, por aqui nada há de sonho, somente intempéries. E pensar na realidade do que nos rodeia, na inapropriada conduta do nosso líder, na descrença a tudo o que até hoje batalhamos tanto para ter, me faz admirar ainda mais o país ilusório da pequena criança e querer, novamente, nele mergulhar.

Que eu encontrasse a rainha de copas e a escutasse mandar “cortar as cabeças”, ainda seria mais agradável do que o ensanguentado desejo de extermínio velado que há em nosso governante.

Vivemos tempos sombrios, como alguns do livro, mas na história original, ao final, Alice acorda debaixo de uma árvore, atordoada. Nós, por aqui, todavia, estamos dormindo há séculos e parece que assim permaneceremos, pelo menos enquanto o coelho branco estiver atrasado.

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