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Caroline Rocha: Direcionamento não é controle

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Quando penso no meu maternar, é inevitável reconhecer que uma das minhas maiores dificuldades é viver uma situação que está para além do meu controle. Sempre fui uma pessoa muito organizada, com tudo bem planejado e ordenado na minha cabeça.

Listas, calendários e anotações sempre fizeram parte do meu cotidiano. Ter o domínio das situações é um conforto que, ainda hoje, não posso negar, porém, quando se trata da criação dos filhos, é preciso deixar de lado a expectativa de que tudo estará bem dominado em suas mãos, e abrir mão disso é a melhor coisa que você pode fazer para deixar tudo mais leve e com mais sentido, afinal, aquela criança que te aguarda, sedenta de afeto e atenção, não é um objeto, uma agenda, sem vida ou pensamentos próprios, inerte às suas ações.

Uma criança, ou um bebê, têm anseios, dores, desejos, gostos, desgostos, vontades, necessidades que devem ser respeitadas e acolhidas. As conexões cerebrais que ela fará ao longo da sua infância, primordiais para um bom desenvolvimento cognitivo e emocional, dependem também do tipo de interação que ela terá com seus cuidadores e como esses direcionam suas experiências.

E só é possível dar a ela uma criação respeitosa, se entendermos que nosso papel é direcioná-la e não controlá-la, e direcionamento não é controle. Quando direcionamos, mostramos um caminho que acreditamos, dentro das nossas crenças e saberes, ser o melhor para percorrer, deixando-a livre para ser quem é e para fazer suas escolhas, na medida daquilo que consegue mensurar e compreender, porém quando controlamos, obrigamos a criança a ser aquilo que queremos que ela seja, tolhendo toda e qualquer manifestação contrária aos nossos desejos e vontades. É como se estivéssemos brincando de boneca, porém, ao final do dia, a boneca será guardada novamente no armário, sem maiores prejuízos, enquanto a criança estará intimamente sofrendo as consequências negativas de ter suas “asinhas cortadas”.

Ainda estou trilhando esse caminho. Aprendo a cada dia. Às vezes sou dominada pela vontade de controlar, às vezes eu a domino. Na folia de valsa da maternidade, não existe coreografia, é preciso aprender a dançar enquanto baila, mas o fundamental é termos em mente a importância do respeito na nossa criação, respeito por quem somos e pelos nossos filhos, sendo quem são, e não quem gostaríamos que fossem.

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