Jair Bolsonaro é uma epidemia política, por Paulo Baía

0

* Paulo Baía

O que a pesquisa do Datafolha me diz: que Jair Bolsonaro continua com sua performance de “querido” da maioria da população em um ano eleitoral como 2020.

Foi uma cala-boca, cai fora Paulo Guedes.
Foi um bem-vindos, salve, salve Braga Neto, Tarcísio Freitas, Bento Albuquerque, Rogério Marinho, Luiz Carlos Ramos.

Na eleição de 15/11 a maioria dos candidatos a vereador e prefeito nos 5570 municípios vai falar bem de Bolsonaro ou quando muito não vai citá-lo. Não existe hipótese de falar mal.

Em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Rio de Janeiro, já vemos esse indício nas primeiras pré-candidaturas.
Os de oposição declarada ao bolsonarismo estão e estarão, em algumas grandes cidades e nas mencionadas, como minorias atordoadas, falando para as paredes ou ao vento, ficarão felizes com algumas cadeiras de vereador.

Quem é competitivo em sua cidade, exatamente por ser competitivo e ter alguma chance de vitória eleitoral, não enfrentará Jair Bolsonaro e sua narrativa.
Jair Bolsonaro encarna em agosto de 2020, por mais paradoxal que possa parecer, um “Getulismo” e “Janismo” mesclado, sintetizado, reconfigurado e potencializado pelas dinâmicas, necessidades e experiências do agora, do tempo presente.
Um lugar privilegiado no imaginário social e político da maior parcela do eleitorado brasileiro neste instante.

A pandemia avança e a população acredita na Covid-19, mas a trata com “pensamento mágico”, com mitos, crenças e fé.
Aliás, as pestes e epidemias sempre foram tratadas assim pela maioria da população desde os anos 1300, como nos indica a literatura.

O racionalismo positivista, funcionalista e/ou estruturalista, junto com o iluminismo literário, científico e filosófico são realidades sociais vividas por minorias, por “círculos”, que historicamente manipulam, desprezam, minimizam, relativizam ou negam o “pensamento mágico” das comunidades cívicas, seus sistemas de crenças civis, societais, étnicos, culturais e religiosos, suas redes de pertencimento e afetos.

O “pensamento mágico” em todas as comunidades humanas possui um “lógica”, uma “cosmovisão” que estrutura hierarquias e legitimidades, que organiza as relações interpessoas, com a natureza, com a vida e com o poder.

Jair Bolsonaro não é visto e chamado de “mito” do nada. Existe um lastro de representação de subjetividades sociais, os antropólogos e os sociólogos dos anos 1800 já nos ensinavam.

Jair Bolsonaro é uma “epidemia” política e eleitoral do Brasil da atualidade, avança sem antidotos, remédios ou vacinas.

Sem contrapontos de enfrentamento com eficiência e eficácia, até o momento.

Paulo Baía é sociólogo e cientista político

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.