domingo, maio 19, 2024

Globo transmitirá Fluminense e Botafogo hoje pela semifinal da Taça Rio

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Os torcedores de Fluminense e Botafogo poderão acompanhar pela televisão aberta a semifinal da Taça Rio, que acontece neste domingo (05). A juíza Eunice Bitencourt Haddad, da 24ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, concedeu liminar nesta sexta-feira (03) à Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), obrigando a Rede Globo de Televisão a transmitir a partida. A Globo anunciou neste sábado (04) que vai acatar a decisão judicial.

Em nota oficial, a emissora informou que vai recorrer da decisão, mas que, em respeito à Justiça e aos clubes, decidiu exibir o confronto. Na última quinta-feira (02), a Globo rescindiu o contrato de transmissão do Campeonato Carioca alegando violação dos seus direitos de exclusividade após exibição, no dia anterior, de Flamengo x Boavista, pela FlaTV.

A partida entre Fluminense e Botafogo será transmitida em canal aberto para a cidade de Juiz de Fora (MG) e para os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. Os canais por assinatura SporTV e o Premiere exibem o jogo para todo o Brasil.

Fluminense e Botafogo se enfrentam pela segunda vez no campeonato carioca. No primeiro encontro, pela Taça Guanabara, o tricolor venceu por 3 a 0, com dois gols de Nenê e um de Wellington Silva. O “clássico vovô” começa às 16h, no Estádio Nilton Santos. No mesmo horário, Flamengo e Volta Redonda se enfrentam no Maracanã. A final da Taça Rio está inicialmente marcada para quarta-feira, dia 8 de julho. Se o Flamengo conquistar o segundo turno, não haverá final do Campeonato Carioca, uma vez que o rubro-negro já venceu a Taça Guanabara e é o time de melhor campanha na competição.

Confira a nota da emissora na íntegra:

“A Globo rescindiu essa semana o contrato para a transmissão do Campeonato Carioca pela violação dos seus direitos de exclusividade, mas recebeu ontem à noite uma ordem judicial que a obriga a transmitir os jogos sobre os quais tinha direito quando o contrato estava em vigor. A Globo vai recorrer da decisão, mas, em respeito à Justiça e aos Clubes, dos quais é parceira histórica, vai transmitir a partida de amanhã entre o Fluminense e o Botafogo pela semifinal da Taça Rio, na TV Globo, no SporTV e no Premiere.

A Globo esclarece que os clubes são livres para transmitir seus jogos ou autorizar que terceiros os transmitam, uma vez que o contrato foi rescindido. Para transmitir o jogo que acontece amanhã, às 16h, no Estádio Nilton Santos, a Globo está acionando um protocolo de urgência que garanta a logística para uma transmissão com o padrão de qualidade de sempre e que resguarde a segurança e a saúde das equipes de transmissão.

A Globo é parceira e incentivadora do futebol brasileiro há muitas décadas, entende a sua importância para clubes, jogadores, marcas e torcedores e reitera a sua crença de que o futebol só será capaz de vencer as inúmeras dificuldades com planejamento e segurança jurídica para aqueles que investem altas quantias nesse negócio tão importante para o Brasil e para os brasileiros.”

Na véspera de se enfrentarem, Fluminense e Botafogo lançaram um manifesto “pelo respeito, pela vida e por um novo futebol”. Contrários ao retorno do Campeonato Carioca em meio à pandemia do novo coronavírus, os dois clubes fizeram duras críticas à Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ). O Tricolor e o Alvinegro, inclusive, listaram algumas situações que os desagradaram. Confira abaixo:

“Em respeito às tradições seculares e suas conquistas históricas no futebol brasileiro, Botafogo de Futebol e Regatas e o Fluminense Football Club se unem neste manifesto. Primeiramente para reafirmar seu compromisso e sua determinação em cumprir com nosso dever social de pregar a estrita observância das normas recomendadas para a proteção da população. Respeitamos o próximo, no que este termo tem de mais precioso, que é a integridade da saúde e a preservação da vida.

Todos os brasileiros sabem que nossa construção como nação passa pelo futebol, que tem uma responsabilidade social enorme por ser forte fator de influência sobre atitudes e comportamentos da população. O futebol, em sua essência, traz o espírito de solidariedade, a empatia e o respeito ao adversário, sem o qual não há jogo possível. Sem o qual não há ludicidade e, a partir daí, a vida perde um pouco de seu sentido.

Honrados em mantermos nossa posição e nossos princípios é que protestamos contra o que se está vendo do atual cenário do futebol do Rio de Janeiro. Uma cena triste cujo pano de fundo é este momento tão difícil da história nacional, quando vidas estão sendo ceifadas não apenas pela pandemia, mas também a golpes de insensatez e de falta de empatia. O que todos estão assistindo em primeiro plano nesse show de horrores é o espetáculo de desmandos e desrespeito com que os clubes e seus torcedores vêm sendo tratados.

Listamos abaixo os pontos mais tristes desse roteiro desolador:

– Botafogo e Fluminense foram obrigados a sair de seus domínios, em várias ocasiões, para jogar em estádios precários, em condições de risco e de exaustão, enquanto outros clubes, mais alinhados, mandaram todos os seus jogos em seus estádios; Apesar de dizer que os jogos do retorno seriam apenas em três estádios – Maracanã, São Januário e Nilton Santos, a Ferj fez o Botafogo jogar na Ilha do Governador e o Fluminense em Bacaxá, sem poder se concentrar, ou seja, tendo que viajar duas horas de ônibus no dia do jogo;

– Botafogo e Fluminense tiveram que lutar para não serem obrigados a jogar após apenas um ou dois dias de treinamento, colocando em risco a saúde e a integridade física de seus atletas. E tudo isso sob o argumento pueril de que treinamentos estariam liberados, quando o índice de contaminação explodia e vidas estavam sendo perdidas em filas de hospital. Quando serviços muito mais importantes estavam ainda proibidos de funcionar por razões tão óbvias que dispensariam discussões. Muito menos retaliações.

– Em atitude que em tudo contraria o espírito democrático e a liberdade de expressão, o treinador Paulo Autuori foi punido na véspera do primeiro jogo em razão de declarações em entrevista em que brilhou pela sensatez. Em sinal de protesto, Autuori não comandou a equipe na partida, mas suas palavras estavam em campo, para nos representar. A todos os que professam a empatia, o respeito ao próximo;

– O Botafogo foi punido ainda com perda de mando porque contestou a conta absurda e astronômica para a operação do estádio Nilton Santos, dez vezes mais cara do que a que outros clubes pagaram para jogar no… Maracanã! Uma clara atitude de retaliação por seu posicionamento a favor da vida, somente de nossos clubes foram cobrados valores exorbitantes por despesas operacionais. A mesma cobrança exorbitante ocorreu com Fluminense, ao jogar no estádio Nilton Santos e em… Bacaxá!

– Quando tudo parecia já grotesco, os clubes se viram punidos com a perda de um contrato essencial para sua subsistência, que é o contrato de direitos de transmissão da Globo. A emissora argumentou em sua notificação que a Ferj falhou em garantir a exclusividade na transmissão de um jogo de um dos cedentes de diretos, o que gerou a ruptura do contrato de TV e que causa prejuízos a Fluminense e Botafogo no montante estimado de 120 milhões de reais, somados o que os dois clubes têm a receber nos próximos quatro anos. Sem entrar aqui em considerações sobre a responsabilidade da emissora por sua participação na condução do episódio, sem deixar de entender a forte influência de discussões paralelas com um dos clubes, o fato é que o conjunto de agremiações se viu arrastado de roldão, embrulhado em uma confusão para a qual não contribuiu. Sequer fomos consultados em Arbitral sobre os riscos desta decisão;

– Estamos chegando ao fim de uma competição em que as verdadeiras lutas se deram fora de campo e de forma totalmente inadequada. Com reuniões às escuras, intensa atividade em práticas de bastidores, indisfarçável ligação simbiótica com outros clubes, descumprimento de contratos, chuva de liminares e um comportamento incompatível com a de uma liderança em momentos de crise. A FERJ se esforçou e conseguiu desvalorizar sobremaneira o produto pelo qual deveria trabalhar visando o sucesso, que é o Campeonato Carioca.

– Não bastasse o constrangimento de sermos obrigados a retomar o Campeonato Carioca, convivendo com registros de mais de 63 mil mortes no Brasil, com média superior a 1.200 por dia, tivemos que relembrar, em vão, esse marco fúnebre em reuniões sucessivas do Conselho Arbitral da FERJ. A insensibilidade evidenciou que os números alarmantes não passam de fria estatística àqueles que parecem não entender a função social do futebol: impactar a vida das pessoas, pautar costumes e atitudes.

– Fluminense e Botafogo foram fortemente atacados pela FERJ e por outros clubes quando tiveram posição de bom senso de preservar seus atletas e funcionários ao seguir as recomendações da quarentena. Definitivamente, retornar competições com o inexplicável açodamento – com o calendário nacional ainda indefinido – não era a melhor mensagem a se transmitir por parte de tão importantes influenciadores.

Botafogo e Fluminense entendem que este é um momento em que a solidariedade deve prevalecer. Por isso, estão unidos e pedem que seus torcedores façam o mesmo. Unidos em torno da exigência de respeito. Do tratamento digno. Da preservação da honradez nas relações. Por isso estão lançando aqui as bases de uma associação entre os dois clubes para a discussão de direitos. Quem quiser participar será bem-vindo. Importante frisar: no futebol ou na vida, ninguém joga sozinho. É tempo de solidariedade.”

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