O mitos que envolvem existência de São Jorge, o santo guerreiro

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Hoje 23 de Abril se celebra o dia de São Jorge, considerado padroeiro para católicos e que pelos espíritas e umbandistas é representado por Ogum e Oxossi

Só que a história de São Jorge é tão espetacular que gera muitas dúvidas sobre a sua real existência já que não existem dados concretos sobre a sua vida a não ser do que é contado por fábula.

A tradição conta que ele nasceu na Capadócia, atual Turquia, filho de um oficial grego do exército romano. Criado no cristianismo, seguiu para a Palestina com a mãe após a morte de seu pai. Depois foi para Nicomedia (atual Turquia) onde entrou para o exército, prestando serviços a Diocleciano, imperador de Roma. Foi um militar dedicado – essa é a fase das aventuras – até descobrir as perseguições e atrocidades contra cristãos, que o levaram a renunciar à carreira militar. Por isso, foi punido brutalmente: espetado com lanças, colocado sob uma pedra gigante e em uma roda feita com facas de dois gumes. Por fim, jogado dentro de um caldeirão com chumbo derretido.

Não apenas sobreviveu milagrosamente, como se recusou a negar a Cristo. De dentro da cela, realizou diversos milagres. A mulher de Diocleciano ficou tão impressionada que acabou convertida – o que só teria aumentado a fúria do imperador. Para tentar deter a impertinência cristã, Diocleciano mandou que seus homens o arrastassem pela cidade e lhe cortassem a cabeça em praça pública. E assim foi feito, em 23 de abril de 303.

É uma história inspiradora, mas a verdade é que São Jorge só se tornaria popular séculos depois. Seu culto era principalmente entre os cristãos ortodoxos, do Oriente. Em Lydda, nos arredores de Tel Aviv, Israel, fica o que é considerada a tumba do mártir.

Durante a Primeira Cruzada, cavaleiros tiveram uma visão dele durante a Batalha de Antioquia, na Turquia, em 1098. A partir de então, ele passou a ser invocado para proteção contra os muçulmanos, e suas façanhas se espalharam rapidamente por toda a Europa.

Com os cavaleiros, a lenda literalmente criou asas (e passou a cuspir fogo). Na época em que o São Jorge histórico teria vivido, nem havia cavaleiros. A cavalaria romana desempenhava um papel auxiliar, não a parte principal da força, como na Idade Média. Era dominada por patrícios, os bem-nascidos. Um cristão pobre dificilmente poderia ser um deles. Mas os cruzados decidiram que o velho mártir era um cavaleiro como eles, e assim ele passou a ser lembrado pelos séculos.

Segundo a fábula, existia uma caverna nas imediações de um lago próximo à cidade de Silena, na Líbia, de onde um temível dragão saía para atacar as muralhas da localidade — aproveitando para “torrar” um bocado de gente com suas chamas. Como os guerreiros do local não conseguiam se livrar do monstro, o povo, desesperado, começou a sortear pessoas para que elas fossem oferecidas como sacrifícios para que o dragão poupasse o resto da população.

Então encontra São Jorge, um cavaleiro andante que aconteceu de estar por ali. O guerreiro ouve a história e decide, contra a vontade da princesa, ver ele mesmo a fera. Acertado pela lança de Jorge, o dragão é ferido e o cavaleiro joga sua cinta em volta de seu pescoço. Como um cachorro na coleira, o dragão é levado até as portas da cidade, e o povo entra em pânico. São Jorge diz que, se eles se convertessem, ele mataria a fera ali mesmo. 15 mil são batizados no mesmo dia, e o dragão é passado na espada, para alívio dos novos cristãos.

Versões posteriores aumentaram o tamanho do dragão e adicionaram mais drama à luta, com Jorge não vencendo tão facilmente. Em uma delas, o santo precisou de ajuda de uma laranjeira mágica, que o protegia do veneno, e de três tentativas até achar um lugar onde sua espada podia atingi-lo, embaixo das asas.

Apesar da imensa popularidade, curiosamente, ninguém na Europa via São Jorge e o dragão na Lua. Isso é coisa do Brasil. Essa imagem só é “visível” no Hemisfério Sul, onde a Lua aparece de “ponta-cabeça” em relação ao que é visto na Europa. Por lá eles preferem enxergar um rosto no satélite.

Se a história do dragão parece cabeluda, há ainda muitas outras. Há quase tantas lendas quanto povos que seguiram ao santo. Entre outras coisas, São Jorge morreu e ressuscitou três vezes, levantou mortos para que fossem batizados, fez crescerem ramos vivos em tábuas de madeira, e de sua cabeça, ao ser decapitado, jorrou leite, não sangue. Em 495, muito antes das histórias de dragão e cavalaria serem acrescentadas à lista, o papa Gelásio 1o já dizia que São Jorge era um dos santos “cujos nomes são justamente reverenciados, mas dos quais as ações só são conhecidas por Deus”.

No Brasil São Jorge é sincretizado com dois Orixás: Ogum e Oxossi/Odé (na Bahia). A analogia varia conforme a região do país. No Candomblé, Ogum é o Deus do ferro, dos caminhos e estradas, da batalha, guerreiro desbravador.

Para contornar essa situação, os escravos começaram a adotar alguns santos da Igreja Católica para poder exercer suas crenças e, isso acabou por criar um sincretismo entre algumas divindades africanas e figuras do catolicismo. Segundo as lendas, os africanos criavam seus altares e colocavam as estátuas dos santos católicos sobre eles, ao passo que guardavam representações de suas divindades sob essas estruturas.

Além disso, muitas vezes os donos das fazendas eram devotos de um santo determinado, e obrigavam seus escravos a adorar o mesmo personagem.

Historiadores têm debatido os detalhes exatos do nascimento de São Jorge por séculos, apesar da data de sua morte ser sujeita a pouco questionamento. A Enciclopédia Católica toma a posição de que não há base para duvidar da existência histórica de São Jorge, mas põe pouca convicção nas histórias fantásticas sobre ele.

1 COMENTÁRIO

  1. São coisas tão fantasiosas e sem nenhum fundamento que fico pensando o que se passa na cabeça do ser humano pra acreditar ou idolatrar um “santo” sem ao menos conhecer e saber da veracidade de sua história e se realmente aquilo que você acredita não passa de um conto de fadas.

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