domingo, maio 12, 2024

Leandro Vieira: “Estes homens e estas mulheres aqui são os heróis do meu enredo que merecem sempre ser exaltados”

CarnavalLeandro Vieira: "Estes homens e estas mulheres aqui são os heróis do meu enredo que merecem sempre ser exaltados"

Nem todos os quesitos haviam sido apurados, mas na quadra da Mangueira a multidão já vibrava aos gritos de “é campeã”. A confirmação do título da Mangueira fez explodir de alegria moradores e integrantes da verde e rosa, que lotaram a quadra da escola e cantaram “a campeã voltou”, enquanto esperavam o troféu.

Com o enredo “História para ninar gente grande”, o carnavalesco Leandro Vieira levou à Marquês de Sapucaí heróis populares da história brasileira, como índios e negros, pouco lembrados. Destacou os movimentos liderados por índios e negros em defesa da liberdade e da preservação de seus valores, como a Revolta dos Malês, na Bahia, e a Guerra Guaranítica, no Rio Grande do Sul.

No desfile, a escola homenageou seus grandes nomes, como o intérprete José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão, e a cantora Leci Brandão. Os mangueirenses Nelson Sargento e Alcione representaram na avenida Zumbi dos Palmares e Dandara.

Entre os homenageados pela Mangueira estava a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em março do ano passado, ao lado do motorista Anderson Pedro Gomes. Além de ser citada no samba-enredo, Marielle foi homenageada em uma das alas, com bandeiras com o seu rosto estampado.

Leandro Vieira

O carnavalesco Leandro Vieira resumiu o sentimento da “nação Mangueira”. “Estes homens e estas mulheres aqui são os heróis do meu enredo que merecem sempre ser exaltados. Aqui mora o que tem de melhor neste país.”

Aos ornalistas presentes na quadra ele disse:

“A voz do povo é a voz de Deus. Essa voz que tá cantando hoje está calada há muito tempo. O enredo da Mangueira é para despertar isso”, disse o carnavalesco.

Leandro também fez questão de exaltar a comunidade representada pela agremiação: “A Mangueira merece esta festa. A Mangueira é uma escola que faz carnaval para representar uma comunidade importante”, continuou Leandro, que conquistou o segundo campeonato da carreira.

O carnavalesco também afirmou que o carnaval pode ser um “recado político” e destacou sua importância.

“É um recado político para o país todo, que tem que entender que isso aqui é importante. É um recado político também para o presidente mostrar que o carnaval é isso aqui. O carnaval é a festa do povo. O carnaval é cultura popular. O carnaval não é o que ele acha que é. O carnaval é isso. E ele deveria mostrar para o mundo o carnaval da Mangueira. O carnaval da arte, o carnaval da luta, o carnaval do povo, o carnaval da cultura popular”, acrescentou

É o segundo título de Leandro na Mangueira – em 2016, também comandou o carnaval da escola no enredo ‘Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá’.

O samba do enredo “História pra ninar gente grande” também foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso da escola.

“O samba fez diferença sim. Graças a Deus, Mangueira campeã. O samba funcionou na avenida. Foi um trabalho conjunto, do samba-enredo, da bateria, que há 16 anos não ganhava quatro notas 10, do carro de som, que trouxe as notas de harmonia”, comemorou Alemão do Cavaco, diretor musical da verde e rosa.

“É um samba histórico. Agora é ir para a quadra comemorar, junto com os outros mangueirenses”, disse Marquinho Art Samba, um dos intérpretes da Mangueira, na Praça da Apoteose.

Danilo Firmino, um dos compositores, sintetizou o sentimento que predomina entre os integrantes.

“O carnaval que sempre foi uma expressão de luta, e falar o que todo mundo queria falar. E mostrar para este Brasil que eles também fazem parte desta história. Todo trabalhador. Toda mulher. Todo negro. Todo índio. Vocês são a história do Brasil. O samba não é nosso”, disse Firmino. “O samba é de cada um. Ele cresceu por isso. Ele cresceu pela força da coletividade que ele tem.”

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