Pela primeira vez, a Mancha Verde é a grande campeã do Grupo Especial do carnaval de São Paulo de 2019. A escola apresentou, no Sambódromo do Anhembi, o enredo Oxalá, Salve a Princesa! A Saga de uma Guerreira Negra, que retratou a beleza e a riqueza da África, mostrando o tráfico negreiro, que trouxe milhões de pessoas escravizadas para o Brasil. A princesa homenageada foi Aqualtune, avó de Zumbi dos Palmares, herói da resistência negra brasileira.
Jorge Freitas, carnavalesco da escola, disse que o resultado positivo chegou após muita dedicação em equipe.
“A gente trabalhou muito, ficamos tentando por muito tempo. Sempre batemos na trave, a gente nunca cansou. Passamos por cima de tudo. A gente se uniu, corrigiu nossos erros. Dinheiro não ganha carnaval, o que ganha e trabalho”, afirmou.
“Foi muito trabalho, muita união. O dinheiro sempre ajuda, mas o ser humano tem que ser valorizado, foi um conjunto. Estamos muito felizes, vamos comemorar a noite inteira”, disse Marcos Gonçalves da Silva, diretor de harmonia.
Integrantes da escola Dragões da Real, que conquistou o segundo lugar, também comemoraram muito e se mostraram satisfeitos com o resultado.
“O diferencial da Dragões é que somos uma escola leve, feliz. Que desfila para fazer o espetáculo para todo mundo, sem nenhum compromisso de vitória. Uma hora ela vai chegar”, disse o presidente da escola, Renato Remondini.
Neste ano, a Liga das Escolas de Samba de São Paulo implementou algumas mudanças. Uma delas foi a pontuação. Em vez de usar notas em décimos de 8.0 a 10, os jurados trabalharam com os décimos entre 9.0 e 10, o que deixou a disputa entre as escolas ainda mais acirrada.
A campeã e as outras quatro escolas mais bem colocadas vão participar do desfile das campeãs na sexta-feira (8).
VAI-VAI E TUCURUVI REBAIXADAS
Com 15 títulos e o reconhecimento de ser uma das escolas de samba mais tradicionais do Carnaval de São Paulo, a Vai-Vai foi rebaixada pela primeira vez na história.
A escola levou para o Anhembi, na madrugada de domingo (3), o enredo “O quilombo do futuro”, que exaltou o povo negro e homenageou a vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro no ano passado.
Conhecida como a Escola do Povo, a Vai-Vai ficou na última colocação, com 268,8 pontos — 0,4 a menos do que a também rebaixada Acadêmicos do Tucuruvi.
No ano passado, a Vai-Vai tinha feito o segundo pior resultado de sua história de 89 anos, ficando na 10º colocação — a pior foi uma posição abaixo em 2004. O último título da escola do bairro do Bixiga, na região central, foi em 2015, com homanagem à Elis Regina.
A maior vencedora do Carnaval paulistano também carrega em seu currículo um tretacampeonato consecutivo, ganhando entre 1998 e 2001. A Vai-Vai também tem nove títulos do Cordão Carnavalesco — conquistados entre 1934 e 1970.
Tucuruvi também caiu
A Acadêmicos do Tucuruvi ficou empatada com a Tom Maior, com 269,2 pontos, mas perdeu no critério de desempate. A agremiação estava no Grupo Especial desde 1998.
O enredo este ano foi “Liberdade. O canto retumbante de um povo heroico”, que destacou a liberdade no Brasil desde o descobrimento até os dias atuais.
Em 2018, um incêndio destruiu o galpão da Tucuruvi, que perdeu 90% das fantasias. Mesmo assim, a escola desfilou com a ajuda de voluntários, que em menos de um mês conseguiram refazer quase todas as fantasias. Por causa do incêndio, a agremiação não pôde ser rebaixada.
Com informações do R7 e Agência Brasil