Jornalistas relatam restrições durante a posse de Bolsonaro

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Foto: Mônica Bergamo/FOLHA

Restrições à atuação da imprensa durante a cobertura de posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), foram divulgadas por jornalistas e pela Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, nesta terça-feira, 1.

Segundo os relatos, os profissionais ficaram em média sete horas fechados, sem poder se deslocar entre pontos de Brasília, com acesso limitado a água e banheiros.

Sob o título “Um dia de cão”, a jornalista da Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo, descreveu como “algo jamais visto depois da redemocratização do país, em que a estreia de um novo governo eleito era sempre uma festa acompanhada de perto, e com quase total liberdade de locomoção, pelos profissionais da imprensa”. Leia aqui

O salão nobre do Palácio do Planalto foi liberado para um jornalista de cada veículo, porém vetando o acesso às autoridades. Movimentos bruscos a exemplo dos fotógrafos que costumam levantar suas câmeras também foram vetados pela assessoria no novo governo, já que poderia levar a um sniper (atirador de elite) abater o “alvo”.


Os jornalistas também teriam de embarcar em um ônibus às 8 horas rumo ao Congresso. A posse presidencial estava marcada para começar às 15 horas (sete horas de espera). Foi vetado a distribuição de cafezinhos e as cadeiras foram retiradas, levando aos profissionais trabalharem sentados no chão. Lanches deveriam ser levados em sacos transparentes, e maçãs deveriam ser cortadas – já que inteiras causariam alguma lesão no presidente “se lançadas”.


Em nota publicada no Twitter, a Abraji se pronunciou protestando contra o tratamento dado aos jornalistas

Um governo que restringe o trabalho da imprensa ignora a obrigação constitucional de ser transparente. Os brasileiros receberão menos informações sobre a posse presidencial por causa das limitações impostas à circulação de jornalistas em Brasília.

Confinados desde as 7h, alguns com acesso limitado a água e a banheiros, eles não puderam interagir com autoridades e fontes, algo corriqueiro em todas as cerimônias de início de governo desde a redemocratização do país.

A Abraji protesta contra este tratamento antidemocrático aos profissionais que estão lá para levar ao público o registro histórico deste momento.

Segundo o jornal O Globo, profissionais de imprensa da China e França abandonaram a posse reclamando do tratamento dado aos jornalistas que foram colocados em uma sala sem janelas e apenas com uma televisão. Eles teriam ficaram irritados quando souberam que não conseguiriam capturar imagens da população nas ruas.

Segundo o Itamaraty, quem quisesse sair não poderia voltar.

Mas nem todos pensaram dessa forma. Nas suas redes sociais, o jornalista Hugo Studart disse que esses relatos eram “mimimi” e que em outras posses, principalmente as de Lula e Dilma, houveram severas restrições mas que não era falado, por jornalistas também serem de esquerda.

Allan dos Santos, do Portal Terça Livre que estava em Brasília cobrindo a posse negou a informação e em vídeo disse e perguntou para as pessoas se aquilo era verdade. Funcionárias até disseram que o “governo não oprimiu ninguém”. Allan citaram que não havia proibição nenhuma de nada mas logo em seguida disseram que agora era a nova era.

Ou seja, a preferência do novo presidente por alguns jornalistas é clara.

Apesar que essa não é uma atitude nova. Sarney, Lula, Dilma tinham os seus preferidos.

Mais, mostra que há um clima hostil entre o novo presidente e os jornalistas de grandes veículos, o que pode ser perigoso.

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