Deni Menezes, reproduzido do Facebook
Pela segunda vez, a decisão da última Copa Libertadores em jogos de ida e volta teve que ser adiada. A primeira, devido ao temporal que alagou o gramado da Bombonera, estádio do Boca. A segunda, neste último sábado (24) de novembro, por culpa da ação de bandidos, travestidos de torcedores do River, que atacaram a pedradas o ônibus do Boca na chegada ao estádio Monumental de Nuñez, lotado, e só aguardando o início do jogo da final histórica entre os times mais populares do país.
NO OLHO DO CAPITÃO – Uma das pedras atiradas no ônibus do Boca, assim que a delegação chegou ao estádio, atingiu o olho esquerdo do volante Pablo Perez, 33 anos, levado imediatamente de ambulância para o Sanatório Otamendi, onde foi examinado. Liberado pelo médico, que marcou nova avaliação para amanhã (domingo, 25), Pablo Perez voltou ao estádio e a própria ambulância que o levava foi o alvo de novas e intensas pedradas.
DANIFICADO – As janelas do ônibus do Boca foram quebradas pelas pedras atiradas por torcedores do River. Os jogadores tiveram que se abaixar para evitar que fossem atingidos, mas nem todos conseguiram. O atacante Carlos Tevez, por exemplo, levou uma pedrada pouco acima do olho esquerdo, escapando por sorte de ser tão atingido quanto seu companheiro Pablo Perez.
SEGURANÇA – O secretário de Segurança de Buenos Aires reconheceu ter havido falha no esquema de proteção para a chegada do ônibus do Boca ao estádio. Marcelo D’Alessandro disse que “a proteção foi calculada, mas erramos em não montar um esquema bem mais rigoroso, que mantivesse a viatura protegida muito antes de estacionar”. Desde que soou o aviso da chegada do Boca, o presidente Rodolfo D’Onofrio, do River, movimentou a segurança particular do clube.
CARLOS TÉVEZ e seu companheiro de elenco, o volante Fernando Gago, 32 anos, deixaram o vestiário, quando os ânimos pareciam mais calmos e sob controle, para atender os jornalistas. Reafirmaram não haver clima para um jogo de tamanha importância, em que o nome do futebol argentino se impõe com relevância até mesmo acima dos clubes. Ambos admitiram que o adiamento pode ser uma solução parcial, mas está longe de ser a ideal.
FOTO: José Romero – Telam/AFP
DECISÃO – Foi às 19h23m que o paraguaio Alejandro Dominguez, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, anunciou a decisão oficial do adiamento do jogo para amanhã – domingo, 25 -, às 17 horas, horário de Buenos Aires. O trio de árbitros do Uruguai chegou a se preparar com o aquecimento em campo, mas os jogadores do River e do Boca não apareceram no gramado. Nem havia clima para isso.
Foto: Sebastian Pani
OS BANDIDOS da torcida do River Plate não podem deixar de merecer uma punição exemplar. Mas, por mais rigorosa que venha a ser, não apagará nunca mais da história do futebol da Argentina a mancha que ficará para sempre, com as cenas deploráveis deste sábado tão triste vivido em Buenos Aires.
O QUE RESTA é esperar que o domingo chegue e que os ânimos estejam controlados. Entretanto, não há como evitar que a Confederação Sul-Americana de Futebol tome uma decisão firme e forte sobre o que houve neste sábado, 24 de novembro de 2018, nos arredores do Estádio Monumental de Nuñez. O palco histórico do primeiro título mundial que a Argentina ganhou há 40 anos não pode ser reduto de bandidos. Tem que continuar sendo o cenário dos craques.