A história da Tijuca

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A Tijuca é um típico bairro carioca, com seu jeito de ser e com seu charme habitual. A Tijuca diz muito do que é o Rio de Janeiro por conta de sua história, seu charme e os locais, que sempre tem um gosto especial na memória da população.

“Tijuca” é um nome com origem na língua tupi e significa “água podre”, de ty (“água”) e îuk (“podre”). O nome se refere à região da Lagoa da Tijuca, que possui muito mangue e água parada e que está separada do bairro da Tijuca pelo Maciço da Tijuca.

Logo após a vitória dos portugueses sobre os franceses no episódio da França Antártica, em 1565, a região do atual bairro da Tijuca foi ocupada pelos padres jesuítas, que, nela, instalaram imensas fazendas dedicadas ao cultivo da cana-de-açúcar. Nessa época, foi construída uma capela dedicada a São Francisco Xavier que deu o nome à fazenda dos jesuítas mais próxima do Centro da cidade: a Fazenda de São Francisco Xavier. Em 1759, com a expulsão dos jesuítas do Brasil pelo Marquês de Pombal, as suas fazendas foram vendidas a centenas de novos sitiantes.

Quadro-de-Rugendas-de-1820-mostrando-visitantes-indo-para-a-Tijuca-seguindo-uma-caravana-mercante.

A região passou a caracterizar-se pelas suas chácaras e, a partir do Século XX, passou a ser um bairro tipicamente urbano. Ainda assim, possui a terceira maior floresta urbana do mundo, a Floresta da Tijuca, plantada por determinação de dom Pedro II na segunda metade do século XIX pelo major Archer em terras de café desapropriadas, para combater a falta de água que se instalara na então capital do império. Trata-se de uma floresta secundária, uma vez que é fruto de replantio, compreendendo espécies que não são nativas da mata atlântica, a cobertura vegetal original.

Data de 1859 até 1866 o funcionamento pioneiro da primeira linha de transporte em veículos sobre trilhos[10] no Rio de Janeiro, com tração animal, anterior ao bonde elétrico, ligando o Largo do Rocio (a atual Praça Tiradentes) a um local perto da Usina, cobrindo um trajeto de 7 km.[11]

Quadro de Rugendas de 1820 mostrando visitantes indo para a Tijuca seguindo uma caravana mercante

Nos Estados Unidos e na Europa, onde o processo de urbanização das cidades foi pioneiro, o subúrbio, em geral, foi e continua sendo o espaço destinado às elites e classes médias – uma espécie de refúgio contra os aglomerados urbanos insalubres e perigosos da época das indústrias. São lugares bucólicos, ajardinados e de casas confortáveis. Até o início do século XX, essa acepção de subúrbio também se aplicava ao Rio de Janeiro; onde o subúrbio era o local de nobreza – não tão refinada como Botafogo ou o Engenho Velho, que eram bairros da aristocracia –, mas com serviços voltados a essa classe, que também se dirigiam para lá com fins de descanso.

Foi a partir da reforma urbana do prefeito Pereira Passos, em 1903, que o conceito de subúrbio ganhou contornos mais ideológicos e pejorativos no contexto do Rio de Janeiro. Com a implantação de uma nova ordem urbana no Centro da futura metrópole, associada também à expansão do mercado imobiliário para as classes altas à beira-mar, o proletariado do Centro foi “expulso” para os subúrbios, que passaram a ser vistos como locais estratégicos de escoamento dessa população marginalizada para bem longe do Centro “civilizado”. Como não houve uma política de moralização da classe trabalhadora nesse processo, o que favoreceu a emergência do caráter pejorativo que o termo “subúrbio” emana no cenário carioca.[12]

Com base no conceito pejorativo de subúrbio como remetente à ideia de locais habitados por classes socioeconômicas menos privilegiadas onde podemos constatar que a Tijuca e sua região, em termos históricos, geográficos e especialmente ideológicos, não poderia ser considerada um subúrbio da cidade, mesmo fazendo parte da Zona Norte, onde se localiza grande parte dos originais subúrbios. Originalmente aristocrática, a Tijuca sempre foi um bairro valorizado do Rio de Janeiro, berço de famílias tradicionais e de uma classe média com bom poder aquisitivo que, mesmo com o êxodo dos anos 80 e 90 no aumento no número de favelas no bairro, apresentou forte valorização imobiliária por conta dos eventos recentes no Rio de Janeiro.

Em 23 de agosto de 1985, o decreto 5.280 definiu os atuais limites do bairro

A Tijuca tem área de 1.006,56 hectares, com 56.980 domicílios (censo de 2000) e integra a VIII Região Administrativa do Rio de Janeiro, junto com os bairros da Praça da Bandeira e Alto da Boa Vista. É a sede da Superintendência da Tijuca, da estrutura administrativa da Cidade do Rio de Janeiro.

O bairro abriga educandários tradicionais da cidade, como o Colégio Pedro II, que teve instalada a sua primeira unidade de externato na Tijuca em 1858; o Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, fundado em 1880 como a então Escola Normal do Município da Corte, formando educadoras – as “normalistas”; o Colégio Militar do Rio de Janeiro – a Casa de Tomás Coelho, formando gerações de cidadãos e líderes desde 1889; o Colégio Maria Raythe, o Colégio Marista São José, fundado em 1902 pelos irmãos Maristas; o Colégio Batista Shepard, fruto do idealismo de três pessoas: Dr. A. B. Deter, Sr. W. C. Canadá e Dr. John J. Watson Shepard, este que o dirigiu inicialmente, entre outros colégios.

A Tijuca é a única com único bairro da Zona Norte a possuir mais de dois teatros, obtendo nível de acesso cultural aproximado ao que oferece a Zona Sul da cidade. Há sete teatros no bairro: Teatro Angel Vianna do Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, Teatro Henriqueta Brieba do Tijuca Tênis Clube, Teatro SESC Tijuca, Teatro Municipal Ziembinski, Teatro Max Nunes do America Football Club (Rio de Janeiro), o Teatro do Club Municipal e o Teatro do Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola.

Ainda abriga na cultura, o Espaço Ciência Viva, local de muita troca e conhecimento.

A Tijuca sediou o America Football Club, principal clube de futebol do bairro fundado em 18 de setembro de 1904. Conquistou sete Campeonatos Estaduais (Em 1913, 1916, 1922, 1928, 1931, 1935 e 1960) além de uma Taça Guanabara em 1974, a primeira edição da Taça Rio em 1982 e a mais importante conquista de sua história, a Taça dos Campeões, também em 1982. Além do America, o bairro possui ainda o Tijuca Tênis Clube, o Country Clube da Tijuca, o Montanha Clube, Clube Monte Sinai, Clube Municipal, a Associação Atlética Tijuca e uma gama de clubes portugueses.

A sede do América hoje se encontra em diversas disputas judiciais e fechada. Recentemente o leilão da sede foi cancelado por conta de um acordo trabalhista feito

Agência O Globo

Rua das Flores.

Há importantes construções históricas como a igreja de São Francisco Xavier, a igreja de São Sebastião dos Capuchinhos, as igrejas de Santo Afonso, Santa Teresinha e a dos Sagrados Corações, o palácio dos Bianca, uma vivenda majestosa construída na década de 1920 pela família espanhola Bianca, recentemente tombada pelo patrimônio histórico e convertida no Centro de Referência da Música Carioca da Prefeitura do Rio, a Casa Granado, um tradicional estabelecimento de comércio farmacêutico fundado em 1870 e que funciona até hoje, entre outros.


Transporte

O bairro é atendido por várias linhas de ônibus e pela Linha 1 do metrô através de quatro estações: Afonso Pena, São Francisco Xavier, Saens Peña e Uruguai, esta última inaugurada em março de 2014, sendo atualmente o terminal-norte da Linha 1 do Metrô do Rio de Janeiro. A Tijuca é o bairro que conta com o maior número de estações de Metrô no Rio de Janeiro . Além disto, desde 2010 diversas ciclofaixas têm sido construídas no bairro. Devido às suas variadas opções de transporte tem se tornado uma opção de estadia para turistas nacionais e estrangeiros.

PRAÇA SAENS PENA

A partir de 1911, o antigo Largo da Fábrica das Chitas foi rebatizado como Praça Sáenz Peña, em homenagem aos ex-presidentes argentinos Luis e Roque Sáenz Peña, que governaram aquele país entre 1892 e 1895, e 1910 e 1914, respectivamente. A Nova praça foi inaugurada pelo prefeito do então Distrito Federal, Bento Ribeiro, tendo a praça ganho, à época, o seu primeiro projeto paisagístico, de inspiração francesa.

Obras do metrô na Praça Saens Pena

Na primeira metade do século XX, aos domingos, registrava-se na praça a apresentação de banda marcial no coreto ao seu centro, espaço atualmente preenchido por um lago, cuja primeira versão data de fins da década de 1940. Entre as atividades de lazer destacavam-se as apresentações do teatro de fantoches para crianças. Além dos cinemas, que eram um charme, outra grande atração é o Café Palheta, que ainda resiste na Conde de Bonfim, 340

Às sextas e aos sábados, na praça, realiza-se a “feirinha de artesanato”, com dezenas de barracas que oferecem artigos de vestuário, decoração e pequenos presentes.

Hoje alguns dos cinemas viraram comércio e a Igreja Universal do Reino de Deus.

Aliás, os cinemas da Tijuca merecem reportagem especial até

Gastronomia

A Tijuca tem 3 polos gastronômicos estabelecidos tradicionalmente: Praça Varnhagen,o famoso Buxixo. Rua Uruguai e Rua Mariz e Barros, tendo ainda a Praça Saens Peña com muitos bares, confeitarias e restaurantes.


Comércio

Existem muitas lojas aglomeradas na Praça Saens Peña, na Rua Conde de Bonfim e na Rua Haddock Lobo, dentre outras de diversos setores presentes em todo o bairro e algumas galerias de comércio. Também existe o Shopping Tijuca, localizado na Avenida Maracanã, 987, o Off Shopping e galerias. O bairro é atendido por uma extensa rede de Hipermercados: Extra, Guanabara, Mundial, SuperPrix, Hortfrut e outros.

O bairro ainda abriga no Carnaval, o Salgueiro, uma das maiores escolas do carnaval carioca, a supercampeã Unidos da Tijuca e a querida Império da Tijuca

Gentílico

Tijucano é a denominação dada ao morador da Tijuca. É o bairro do Rio de Janeiro mais identificado pelo seu gentílico. Considera-se a principal característica do tijucano o fato dele ser muito apegado ao bairro e, de certa forma, tradicionalista e conservador. Isto se explica pela razão de que, no imaginário carioca, o tijucano, enquanto elite do Rio de Janeiro no início do século XX, contrapunha a identidade cosmopolita e praiana propagada pela elite que passou a ocupar a Zona Sul nesta mesma época.

Hoje a Tijuca é um dos bairros mais interessantes de viver pela sua história, pelo seu povo e pelas suas características. Nem a onda de violência abalou o charme do bairro. A Tijuca é incrível e sua história merece ser ressaltada sempre.

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