Obrigado Marcelo Rezende

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Marcelo Rezende descansou. Foi para os braços de Deus na eternidade pós vida. Estava sofrendo demais por conta dessa doença maldita. 

Largou o tratamento tradicional com quimioterapia e resolveu partir para um tratamento alternativo e espiritual. Não sei sinceramente se adiantaria o tratamento tradicional.  Não dá pra dizer. Nem tem o porque agora. 

Marcelo Rezende foi para mim, um dos maiores jornalistas que eu já vi e sempre disse isso. Quem o conheceu apenas pelo Cidade Alerta não o conheceu. 

Marcelo Rezende começou no finado Jornal dos Sports aqui no Rio, de lá foi para o Jornal O Globo. Ali foi repórter, redator e editor chefe ainda muito jovem. Cobriu duas Copas do Mundo. 

Foi para a TV Globo. Começou como repórter esportivo mas seguiu para as reportagens cotidianas de cidade, mas acabou indo para as investigativas, sua grande marca. 

No livro “Corta pra mim – Os bastidores das grandes investigações” que eu comprei na Livraria Saraiva em 2014, Marcelo conta detalhes da sua carreira. Conta que acabou por acaso indo para as reportagens de cidade, por conta de uma confusão dentro da Globo com seus chefes dentro do departamento de esportes.  Fala das reportagens investigativas que fizeram o Brasil parar num tempo que não tinha rede social. 

Marcelo Rezende usou métodos para chegar a notícia como um bom repórter usaria, mas que somente ele soube usar e com maestria. Se arriscou, foi fundo, abriu feridas. 

Na Globo fez entrevistas e reportagens históricas. 

Foi um dos criadores do Linha Direta, grande sucesso. 

Para o Globo Repórter foi atrás dos paraísos fiscais de Eurico Miranda e Ricardo Teixeira. 

Trocou a Globo pela ainda minúscula Rede TV onde apresentou o Repórter Cidadão, formato de programa jornalístico que já tinha no Cidade Alerta mas não como hoje. 

Da Rede TV foi para a Record onde apresentou o Cidade Alerta em 2004. Marcante na personalidade, garantia a emissora o segundo lugar de audiência. Nao tinha o estilo de hoje mas fez sucesso. 

Saiu da Record em 2005 após recusar apresentar o Hoje em Dia. Ficou fora da Tv por um tempo. 

Voltou para a Rede TV, foi para a Band onde apresentou magistralmente o Tribunal na TV e voltou para a Record em 2012 no Repórter Record, em reportagens especiais no Domingo Espetacular e depois voltou ao Cidade Alerta. 

Ali imprimiu um novo estilo. O corta pra mim virou marca. Sua voz estava diferente, sua maneira de contar os casos tristes também. Levava um pouco mais de leveza ao brincar com seus repórteres, com Percival de Souza e lançou vários jovens jornalistas. 

Marcelo Rezende acima de tudo foi um grande contador de histórias, um grande repórter. Sabia como mexer em situações, sabia como chegar ao objetivo da grande reportagem, era inquieto, queria sempre o melhor, nunca estava satisfeito. 

Foi um cara bastante generoso também, ajudou muita gente, disse em diversas entrevistas que se sentia sozinho as vezes, mesmo com toda a fama que seu trabalho lhe deu. 

Marcelo Rezende sabia o limite do jornalismo ético, sempre deixou as portas abertas por onde passou, sempre foi referência.   

Eu como um jovem só tenho a agradecer a todas as lições que esse cara nos deixou. 

Inclusive nos seus últimos dias.

 Totalmente afetado pela triste doença, ainda mantinha a esperança e a fé de sua recuperação. 

Marcelo Rezende dava mais uma lição de vida mesmo próximo a morte.   

Eu que um dia sonhei em conhecer esse cara, que pra mim é um dos maiores fico consternado e triste como a morte não escolhe e nos surpreende dessa forma. 

Dentro de um mundo e de uma profissão onde existe muita gente mau caráter, dentro de um jornalismo em crise tanto econômica quanto de valores e ética, Marcelo Rezende foi diferenciado. 

Perde o bom jornalismo. 

Obrigado Marcelo Rezende, que Deus te guarde num bom lugar. 

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