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A Olimpíada que não acabou Por Cláudio Francioni

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​Por Cláudio Francioni –  colunista convidado

Foi difícil levantar. Depois de sete anos acordando cada dia mais perto da realização de um sonho, abrir os olhos sabendo que tudo acabou foi muito duro.
Meu encanto pelo evento olímpico começou em 1980, aos onze anos de idade, quando poucas coisas nos chegavam ao vivo. Me recordo do basquete da extinta URSS, com Tkatchenko e Sergei Belov. Lembro como se fosse ontem do Jornal Nacional anunciando o ouro brasileiro de Alex Welter e Lars Bjorkstrom na vela.
A cada edição, guardava comigo o sonho de um dia participar daquilo, ou como profissional, ou como mero torcedor. Não tenho nenhuma dúvida de que essa paixão pela Olimpíada foi o principal fator na escolha do meu rumo profissional. Porém, jamais imaginava que, diferente do que eu sonhava, ela viria a mim e não o contrário.

No dia dois de outubro de 2009, meu amigo Carlos Eduardo Sá me carregou para Copacabana. Palco montado e uma grande festa para acompanhar a escolha da cidade-sede de 2016. Juro que eu não acreditava. Mesmo com o sucesso do Pan em 2007, Madrid, Chicago e Istambul eram barbadas comparadas a nós. No exato momento desta foto abaixo, eu desabei. Uma confusão de emoções misturadas e um choro incontrolável. Teria uma Olimpíada na minha cidade, tão amada quanto odiada. E a história dos sete anos seguintes todos conhecem.

É difícil destacar um só momento. Os dois intermináveis segundos enquanto Thiago ultrapassava o sarrafo, o choro de Serginho no pódio, a sensacional imagem de Nori e Diego aguardando a última nota do solo. Como aceitar que isso acabou? Que mundo sem graça é esse sem Olimpíada?
Posso até ir às outras edições, mas emoção como esta, nunca mais, pelo menos enquanto eu viver. Tudo vai deixar saudade, mas sobretudo ver meus filhos vivenciando um momento único em suas vidas.

Ontem, pouco antes das 20h, a luz acabou no meu prédio. Comecei a pensar que era melhor eu não ver o encerramento. Desta forma, a Olimpíada não teria acabado para mim. Eu não queria ver a bandeira olímpica sendo retirada, a pira sendo apagada. Acho, inclusive, que o vendaval foi um recado do deus Éolo à organização dos jogos.

“Estou mandando este vento para que vocês não façam a cerimônia de encerramento! A Rio 2016 precisa se eternizar como a Olimpíada que nunca acabou”. Uma pena não terem entendido o recado.

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