Thatiana Pagung: uma nova mulher fora do carnaval

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Por Leonardo Oliveira



Thatiana Pagung Guajardo. 36 anos de idade. Uma mulher que já esteve na glória reinando a frente de uma bateria. Uma mulher desejada pelo corpo escultural e pela sensualidade.

Rainha de bateria de União da Ilha, Inocentes de Belford Roxo e Mocidade Independente, onde marcou época. Uma mulher que hoje só quer paz, evoluir a cada dia e continuar constituindo família ao lado do marido, o empresário chileno Carlos Guajardo com quem se casou em 2011.

Da infância a adolescência morando em Jacarepaguá, seu começo como musa da Tradição, sua saída da Mocidade e do Carnaval, Casamento, Chile, São Paulo e a vida hoje como instrutora de meditação.
Tathiana concede uma entrevista exclusiva ao Blog do Léo onde fala da sua vida e revela que teve convite para voltar como rainha em 2017.

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Foto: EGO

BLOG DO LÉO – Por que você deixou de desfilar como Rainha de Bateria, após ter sido dispensada pela Mocidade em 2010?

THATIANA PAGUNG – Bom, primeiro me tiraram do cargo de Rainha, e depois resolvi experimentar uma posição diferente fui para a Comissão de Frente em 2011, experiência que eu não gostei muito por sinal. Aí depois, eu vi que as minhas prioridades estavam mudando e resolvi dar um tempo e não desfilar. Até porque eu sou Mocidade, gostava da escola. Aquela ânsia de desfilar foi diminuindo e eu senti ali que o meu ciclo estava se fechando naquele momento e eu fui me dedicando a outras coisas. Os convites continuaram, mas o carnaval já não era mais a minha prioridade. Eu de dentro já não tava mais sustentando o fato de ser rainha, e o que ia atrair? me tiraram do cargo. O que me fez ter outras prioridades e não querer desfilar mais, só participar sem compromisso. assistir, ir ao ensaio de vez em quando. Muito desgaste, que hoje eu já não quero mais. Hoje eu teria muito mais ônus do que bônus como rainha.

BL – Segundo a Imprensa, em 2010 você teria retirada do cargo de Rainha de Bateria por um pedido do então carnavalesco Cid Carvalho, que não teria gostado nada ao ver você na quadra do Salgueiro subindo ao palco com Alex Oliveira, ex-rei momo e na época carnavalesco da Lins Imperial.
É verdade isso? Você ficou muito chateada com a situação? Com o Cid e com o Paulo Viana (então Presidente da Mocidade)? Chegou a encontra-los depois?

TP – Olha, é uma coisa que eu mesma nem sei te responder, coisa que só o Paulo pode te dizer. Eu mesma não acredito nessa história e nem fiquei chateada com ninguém. Já reencontrei o Paulo mas o Cid não e não tenho nada contra ele e o que veio a mídia para mim não foi a verdade e hoje nem me interessa saber se é ou não. O Alex é meu amigo de frequentar a minha casa e eu a dele, essa coisa de ciúme de carnavalesco pra mim não cola porque nunca o vi como carnavalesco e sim como meu amigo independente do posto e todo mundo sempre soube disso. Eu comecei a andar no meio do samba com o Alex.. então, essa desculpa pra mim não colou.

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O então carnavalesco da Mocidade Cid Carvalho Foto: Arquivo

BL – Você tem experiência no Carnaval de alguns anos e quando e como foi que você sentiu que já não queria mais ser rainha ou desfilar com o compromisso de ensaio e tal?

TP – Eu sempre amei carnaval desde pequena, quando eu assistia pela televisão com meu pai que só deixou eu desfilar com 18 anos, pela Tradição no carro abre-alas em 1999, meu primeiro desfile. Eu sempre quis muito desfilar e ser rainha. Eu era nova, era uma fase da minha vida, era atriz, me formei em bacharel em cinema, tudo era arte, era maravilhoso.
Ao passar do tempo, eu fui ficando mais velha e você quer fazer outras coisas, experimentar outras coisas. Deixei de ser rainha, fui comissão de frente e não gostei e resolvi dar um tempo. Em 2012, passei a mudar o meu olhar, agora mais como observadora. vendo de fora é totalmente diferente do que estar ali sentindo. O carnaval era a minha vida, eu só sabia respirar carnaval. A gente muda de prioridade, foi também uma época em que eu estava estudando para ser terapeuta, instrutora de meditação, não que uma coisa tem a ver com a outra, e nem com o fato de eu dar esse tempo. nada a ver. Fui me dedicando mais e em 2013 fui morar em São Paulo e aí fui ficando mais afastada e por mais que me convidassem eu pensaria que não iria conseguir me dedicar por conta dessa minha outra profissão. Foi uma fase, mas eu depois quis buscar as minhas coisas, a minha independência financeira por exemplo e o carnaval não te dá isso a não ser pra algumas pessoas, já que é difícil viver de carnaval pra maioria. Pra mim era uma diversão mas eu tive que fazer uma escolha, que foi a de ser independente, ter o meu trabalho, profissão e dedicada 100%.

BL – Como foi a experiência como comissão de frente?

TP – Eu fui pra comissão de frente da Vila Isabel, que eu já tinha desfilado em 2003 como destaque de chão. foi bom pela experiência mas não é algo que eu gostaria de repetir porque a questão da rainha e da musa tem a espontaneidade e na comissão era uma responsabilidade grande, a minha personagem não poderia sorrir e carnaval pra mim é alegria, algo mais vivo. não gostei muito, e depois ali eu resolvi me dedicar a outras coisas e depois que você dá um tempo e se vê em outras prioridades, não quer voltar mais não.

BL – Mas esse ano, você esteve no desfile da Vila Isabel… quase que de última hora. como surgiu o convite?

TP – Ali foi de total improviso, porque a filha do homenageado viria no carro abre-alas mas ela não pode. Eu estava no ensaio e me perguntaram se eu poderia e tal, e eu fui, fui ótimo porque ninguém sabia que eu ia desfilar e foi ótimo, sem compromisso, sem desgaste, sem gasto. Foi por puro espírito do Carnaval. Foi ótimo, incrível.

BL – Voltando um pouco aos seus tempos de Rainha de bateria, você teve passagem pela Inocentes de Belford Roxo de 2006 a 2009.
Como foi essa experiência?

TP – Na Inocentes foi uma experiência maravilhosa, uma escola que eu tenho um carinho enorme e na época também eu me afastei por uma decisão da escola e também era difícil conciliar os compromissos entre a Inocentes e a Mocidade. Fiquei um ano afastada da escola e depois em 2011 me chamaram pra voltar mas aí eu já estava naquela fase de não querer mais desfilar e eu também ia desfilar na comissão de frente da Vila, aí acabei não retornando mais mas por opção mas eu tenho um carinho muito grande por todos da escola

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Thatiana no ensaio técnico da Mocidade em 2010 Foto: O Globo

 


BL – Você foi rainha de bateria da União da Ilha também. Como foi a experiência?

TP – Escola querida, pra cima, feliz, alegre e foi ali meu primeiro ano como rainha, porque no meu primeiro ano fui musa da Águia de Ouro em SP. Eu frequentei os ensaios da Ilha, participei de tudo, comecei a entender o que era ser rainha de bateria. no ano seguinte eu já estava na Inocentes, sendo que disputava o Grupo B, ainda na Sapucaí. Subi com a Inocentes do B pro A. fui aprendendo aos poucos e com a escola.

BL – Você sente que de certa forma o carnaval acabou prejudicando a sua carreira de atriz? (Thatiana pode ser vista na reprise da novela Amor e Intrigas do ano de 2008 exibida pela Rede Record)

TP – Sim.. né, eu acredito que atrapalhou um pouco sim porque eu fiquei muito rotulada só pela imagem muito marcante do carnaval e eu amo a arte pela arte, gostaria de ter feito mais papéis como fiz no teatro. Lógico que eu com o carnaval eu fiz alguns trabalhos, a mídia de carnaval é avassaladora , mas na época eu não via isso. Eu queria era mais, mais e mais. Queria ser famosa. Achava que isso ia me ajudar, mas vi que era uma ilusão e foi bom eu ver e entender isso quando eu estava fora.
Bem legal estar na novela, mas olhando eu penso que poderia ter feito mais trabalhos

BL – O que você observou de diferente em ti e no carnaval estando fora dele?

TP – Olha, falando por mim eu vi que um grande período da minha vida eu via aquilo como uma verdade, eu me entregava, era de verdade mas no penúltimo e último ano eu já queria fazer outras coisas, me sentia presa mas eu era apegada ao mesmo tempo e uma oportunidade sincera é quando a gente tem a oportunidade de ter uma coisa e realmente a gente escolhe não ter. Hoje eu posso dizer que não posso ser rainha, mas é porque eu recebo convite até hoje, mas eu escolho hoje não mais. Fora do Carnaval eu pude fazer uma escolha sincera porque de fora eu vi o que eu queria pra mim, e não com base no externo mas com o que eu sinto e o que eu sinto 100% é que eu estou totalmente dedicada a minha profissão, as minhas coisas. Já quis muito mas essa fase passou. Hoje eu quero ser feliz fazendo o que eu amo e não mais ser porque vão me achar linda, essa coisa do glamour ou voltar por vaidade. Se eu voltasse seria por uma motivação externa, o que não cabe mais em mim isso hoje.

BL – Você recebeu proposta pra voltar ao carnaval como Rainha no ano que vem?

TP – Teve sim, depois que passou o carnaval teve um senhor de uma escola que me chamou mas sempre me chamaram, depois que eu parei. Pro ano que vem teve, foi uma escola do acesso, me chamaram, vieram me chamar por inbox também e tal. Sempre tem alguém ainda que me vê como rainha e eu vejo, tem grupo da Mocidade no Facebook querendo me ver como rainha novamente. Isso transparece como foi de verdade, quando eu fui rainha.

 

BL – Você também já escreveu sobre carnaval para o site do jornalista Sidney Rezende, o SRZD. Como foi a experiência?

TP – Foi ótima, amo escrever. Eu já escrevi um musical infantil que ficou em cartaz no Teatro Vanucci no Shopping da Gávea, já escrevi roteiro de cinema e escrever a coluna de carnaval era super bacana mas depois quando parei de frequentar o carnaval eu já não tinha mais conteúdo pra escrever, por isso me afastei do blog

BL – Você sente falta de atuar e escrever?

TP – No momento não, tô estudando tanto a minha nova área e trabalhando e vivendo isso que eu penso que o meu foco agora é esse.

BL – Você sempre foi considerada uma mulher gostosona, você acha que esse estereótipo atrapalhou você fora do Carnaval, como atriz por exemplo?

TP- Quando eu trabalhava como atriz, com a imagem sim. Hoje não mas antigamente sim, atrapalhava muito.

BL – A cobrança por um corpo perfeito entre as rainhas e musas é muito grande. Como você lidou com isso? Já li em entrevistas suas que você malhava pouco porém o ritmo dos ensaios a deixava em forma, é verdade isso?

TP – Sim, nunca fui fanática por academia. Fazia por ser bom pro corpo, fortalecer a musculatura ainda mais com o ritmo frenético de ensaios sobrecarregando o joelho, então ter uma musculatura forte. Eu ensaiava muito, a semana toda e muitas horas. Hoje eu treino, faço atividade física, danço, corro mas eu não tenho mais paranóia com o meu corpo. Sou uma magra porque eu sei que é para mim e não necessariamente ter um por quê específico.
Não tenho essa preocupação com a auto imagem até porque não me importo com o que os outros pensam. Faço aquilo que tenho vontade e como aquilo que quero.

BL – Voltando ao começo de tudo, era um sonho seu desfilar? Como tudo começou?

TP – Era um sonho sim, ficava encantada. Quando eu fiz 18 anos e morava na Praça Seca aí meu pai me levou na Tradição, ele me apresentou um amigo que me levou a umas pessoas da escola e estava tendo seleção de meninas e eu já entrei e já comecei a ensaiar e aí em 1999 foi o meu primeiro ano e era tão diferente, tão inocente porque o meu pai me levava e aí eu ficava na concentração, desfilava e ele ficava me esperando no final pra voltar pra casa. Era outra coisa, era outra visão de carnaval e aí em 2002 eu comecei a frequentar as escolas de samba com o Kiko Alves e conhecer Alex Rei Momo, comecei a sair com ele pra várias escolas, vieram convites como destaque, aí virei musa do carnaval, fiquei conhecida e a partir daí todo mundo me chamou pra desfilar e foi assim, eu atraí isso pra mim e a gente atrai aquilo que a gente vibra. O dançar, o ser artista é nato em mim, sambar. Dançar, me apresentar ainda está dentro de mim, seria um bônus caso um dia eu voltasse, mas esse não é mais o meu foco. Eu amo o carnaval, eu sou o carnaval mas agora em uma outra posição, com a diferença de ter construído uma história linda e ter feito vários amigos no carnaval.
BL – Vamos falar da sua vida? Como foi a sua infância?

TP – Sempre foi maravilhosa, sempre foi com muito amor pelo meu pai, pela minha mãe e pelo meu irmão. Fui criada em Jacarepaguá, mais precisamente ali na Praça Seca, carioca típica e sempre muito feliz, nossa família não tinha muitos recursos mas sempre tivemos muito amor, boa educação, respeito, esforço. Fui criada dentro dessa base familiar.

BL – E da Praça Seca pra onde você foi? e como foi a sua adolescência?

TP – Eu morei na Praça Seca mas não na mesma casa até me casar em 2011. Vivi a minha adolescência toda ali. Quando me casei eu passei três meses no Recreio, de 2011 a 2013 morei na Barra da Tijuca e em 2013 fui pra São Paulo onde eu moro até hoje e amo a cidade, gosto muito do meu bairro e prefiro morar aqui do que no Rio, pela praticidade, o clima que sou apaixonada. Embora eu seja carioca, mas eu prefiro o dia a dia em São Paulo, a qualidade de vida é melhor.

BL – Vamos falar do seu casamento. Como vocês se conheceram?

TP – A minha história com o Carlos é meio longa rsrsrs, mas resumindo pra você eu digo que ele frequentava o mesmo instituto de meditação que eu, o Ráshuah e …. um dia nós trocamos e-mail e combinamos de sair e depois não nos desgrudamos mais.. daria uma entrevista a parte a nossa história rsrsrs

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Casamento de Thatiana e Carlos no Chile Foto: Divulgação

BL – Vocês se casaram no civil em 2011, no Chile. O casamento foi um ponto que ajudou você na decisão de se afastar do Carnaval?

TP – Nada a ver, o Carlos ama carnaval e ele adoraria que eu fosse rainha, que eu desfilasse. Ele ama carnaval, ama samba. Sempre está comigo na Avenida, adora me ver arrumada pra ir a quadra de escola de samba, ele adoraria que eu estivesse desfilando

BL – Depois do casamento o que mudou na sua vida?

TP – Tudo. Encontrei um homem companheiro e há muita troca, há muito amor e o relacionamento precisa disso. Hoje eu sou feliz comigo, inteira comigo, e me relaciono com quem também tem esse amor próprio e pode dividir ele comigo. dividir e trocar. E espero que cresça mais, eu já estou com saudade dele, que está em São Paulo. Adoramos estar juntos, vivemos um casamento feliz, o casamento é um estado de ser.

BL – Você posou nua para a Revista Sexy de março de 2007. Como você avalia essa experiência? Posaria hoje mais uma vez se rolasse um convite?

TP – Eu não me arrependo de trabalho nenhum que eu fiz, até porque todos se mantiveram dentro do mesmo contexto de desfilar e tal. Posar nua tava dentro da minha expressão artística. Fiz numa fase em que muitas fizeram. Foi legal, tranquilo, curti, foi muito bacana. Hoje eu não posaria mais, acho que hoje não tem mais nada a ver, antes eu era rainha, modelo, atriz. Hoje não, eu nem tenho mais aquele corpinho dos 27 anos …. rsrs

BL – Vamos falar do hoje, do que você está fazendo hoje. Você hoje é instrutora de meditação Ráshuah. Como tudo começou? E como funciona o seu trabalho?

TP – Eu conheci a meditação Ráshuah em 2007, pelo Instituto Ráshuah do Brasil no Itanhangá (Bairro da Zona Oeste do Rio). Adorei, me encantei, me encontrei porque não é associado a religião. São técnicas de auto-conhecimento, aprendendo como relaxar, manter a sua vibração positiva, entender as suas emoções, lidar com as dificuldades. Aprende a ouvir a sua intuição. Me deixando mais feliz, mais consciente. Fui fazendo o Módulo 1, depois eu fiz o Módulo 2, o 3, 4 e cada vez você quer aprender mais, entender como a nossa mente funciona. Aí em 2011 eu comecei a fazer o curso de estrutura da meditação e terapia de auto-conhecimento. Fui aprendendo e vi que poderia trabalhar com isso. E depois de 2013 decidi que trabalharia com isso, além de tocar o coração das pessoas, agora eu transformo. Não tem preço ao saber que pessoas voltaram a dormir bem e voltaram a ter uma vida melhor.

BL – Pra fechar o Carnaval, Se você recebesse uma boa proposta da Mocidade voltaria? 
TP – Não, não é mais o meu momento. Ter um compromisso dentro, não mais. continuo torcendo mas não deixaria de fazer o que eu faço. Nem na Mocidade..

BL – Você hoje morando em São Paulo, não rola desfilar mais uma vez lá?

TP – Não, não conseguiria.. até porque na época do Carnaval eu estou no Rio né … rsrs

BL – Você já deu entrevistas falando do desejo de ser mãe. Esse sonho pode se realizar em 2016? Ainda pensa nisso?

TP – Claro, quero ser mamãe mas como eu tô fazendo esse outro curso de formação que eu termino em dezembro, aí até o final do ano já posso conseguir engravidar, toda essa minha troca de profissão alterou o sonho de ser mãe. Esperava esse ano, mas com esse curso de formação eu tive que adiar, não queria perder, estágio ou etapa. Mas quem sabe até o final do ano ou ano que eu possa estar grávida.

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