A exoneração de Gabryela Dantas, por Thalía Oliveira

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Hoje, quarta-feira, 09 de Dezembro de 2020, escrevo essas palavras aos prantos pq dói em mim e fere tudo que eu acredito e luto desde então.

HOJE, tivemos a PRIMEIRA mulher a assumir o cargo de Porta-Voz, cargo alto na PMERJ, e-x-o-n-e-r-a-d-a por defender a sua corporação.

A exoneração para minha pessoa não soa como um ato de “desrespeito” ao jornalista mas como “ser mulher no Brasil”.

É um ato de covardia à nós mulheres que lutamos à séculos pelo NOSSO lugar de direito, pelo nosso lugar de fala, por ocupar profissões que antes só eram ocupados por homens. Hoje nós mulheres perdemos, a polícia militar também perdeu. Hoje, eu, que escolhi uma profissão difícil e tão pouco valorizada, também perdi.

Hoje dói em mim, a exoneração da Tenente Coronel Gabryela Dantas.

Se fosse qualquer outra notícia, teria um N de repercussão, mas, é sobre a polícia e para a mídia não vale nada mais do que massacra-la e expor pontos negativos.

Não estou vendo NINGUÉM criticar o ato do governo agora, diante essa exoneração, que fere, SIM fere, a existência e a conquista de nós mulheres! Se não fere você mulher, então, me perdoe mas você está lutando pra quem e pra quê? Se não dói em você, você só luta por uma parte parcial de mulheres? É seletividade?

Pois, eu, NÃO vejo nenhuma mídia divulgando os atos relevantes e bons da PM, não vejo a mídia divulgar uma nota sobre os projetos sociais de diversos batalhões ou sobre as cestas básicas que são distribuídas diariamente pelos policiais.

Eu só vejo a mídia descer o pau.

A profissão mais massacrada do século.
Mas o difícil da sociedade é enxergar que em todas as profissões existem os pontos positivos e negativos. Por qual motivo falar do negativo e não do positivo? Para quê incitar o ódio à uma profissão?

Não ganhamos com isso. Perdemos, e muito.
Não vejo ninguém fazer manifestação quando um policial militar morre assassinado, para não ser injusta, até hoje só vi a escritora de telenovelas, Glória Perez, fazer a manifestação do

A vida do militar importa junto com as famílias que diariamente perdem seus entes queridos – que estão na rua por nós, de grande valia a ressalta.

Certo que o erro de um, é partilhado por todos. Mas, não vale generalizar uma corporação inteira, tudo é uma questão de caráter e índole do próprio ser humano, a profissão não vai mudar a formação familiar ou a educação dessa pessoa, um caráter é construído ao decorrer da vida, pelo menos, eu acho assim.

Eu luto pelo justo e pelo certo, a lei e o sistema são falhos. É difícil mudar pelo sistema mas não é impossível.
Nós podemos fazer a diferença.

Um jornalista pode denegrir a imagem de qualquer indivíduo, um jornalista pode acabar com a vida de uma pessoa, é todas as matérias manipuladas que circulam por aí, colhem um lado da situação mas não o fato inteiro, partes ficam sem resposta e defesa, vence o lado que ganha com isso e ganha ibope, cursei uma matéria obrigatória na faculdade federal chamada “mídia, crime e sociedade”, sei bem como funciona.

Mas, hoje ganha o lado que tem dinheiro, status e poder, ganha a rede globo de televisão e perde nós mulheres, por falar a verdade e defender a profissão, hoje eu perco, e você mulher que luta pra reconhecimento profissional perde também.

Lastimável e de indignar a exoneração da Tenente Coronel Gabryela Dantas que foi a PRIMEIRA mulher a ocupar um cargo de porta-voz na PM, sendo a pioneira do mesmo.

Uma reflexão pra você: A vida da mulher importa. Nós podemos ocupar lugares incríveis. A vida do militar importa.

Thalía Polyphemus Oliveira é estudante de Direito pela UFRJ (Faculdade Nacional de Direito) e pesquisadora de Segurança Pública e Ações Sociais à Cidadania

Siga a pesquisadora no Instagram @euthaliamaravilha

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