Instante

0

O que seria do agora

Se eu pudesse,

Ao menos por um momento,

Estar alguns passos à frente

Do tempo que, hoje, me consome,

Sem deixar vestígio algum

Daquilo que um dia fui?

Estou presa em redemoinhos emocionais,

Perdida num ciclo infinito,

De minuciosidades banais,

Que estacionam meu organismo

Em séculos mentais de solidão,

Na busca por respostas voláteis

E amargas sobre quem sou.

Construí o presente com fragmentos remotos,

Ou estou somente à espera

De um depois incerto,

Titubeando entre as paredes do meu corpo,

Sem força alguma

Que me convença a agir e reagir,

Para o bem ou para o mal?

Desejosos somos,

Meros errantes na estrada,

Por conhecer sobre um futuro

Que sequer sabemos se chegará,

Enquanto nossa fronte apenas reflete,

Em um espelho sujo e embaçado,

Um esboço de outrora, mal desenhado por nós.

Sem medidas de ontem ou amanhã,

Me liberto da prisão pelo momento,

Único e exultante,

Que acalora minha consciência.
Onde quero estar, sem mais ou menos,

É onde cabem todos os pedaços

Dos erros que constroem meu ser.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Sair da versão mobile