Ininterrupto

1

Passa o tempo,
Tão depressa,
E o tempo, para mim,
É a espera
De te ter ao pé do ouvido,
De ser incandescente abrigo
Para teu olhar exordial,
E se assemelha à eternidade
Esse correr descompassado
De um ponteiro, quase imóvel,
Que não me deixa aproximar.

Tempo, tempo, tempo, tempo…
Se uma folha cai,
Em meio ao temporal,
E na tempestade do peito
A vejo nos mínimos detalhes,
Deitando-se, vagarosamente,
Como em câmera lenta,
Até adormecer ao chão,
E sinto-me compelida,
Persuadida a movimentar,
Eu mesma, a extensão dos minutos,
Dos dias, das semanas
Apenas para te tocar,
Pode significar
Que você, daí,
Igualmente calcula os segundos
Em equações surreais,
Na esperança de me alcançar
E, também, me beijar?

E o tempo, para mim,
É a espera,
Mas também é o silêncio
Que guardo ao te admirar,
E o arrepio da minha derme,
Sedenta, ao te degustar,
E o gosto das minhas lágrimas,
Livres, ao te escutar…
Se o tempo passado é baluarte,
O presente é lapidação
E o futuro é infinidade,
Infinidade das nossas horas,
Que nessa hora,
Bem agora,
Só quer te ver chegar.

1 COMENTÁRIO

  1. Versos sensíveis e absolutos como esses nos revela que nessa linha temporal, o amor assume várias formas. Mas é no presente que ele vive e anda de mãos dadas com a paixão e a saudade.
    Parabéns pela sutileza e genialidade!

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