Assessor de economia criativa na Prefeitura de Niterói e ex-diretor geral do Museu de Arte Contemporânea da cidade, Marcelo Velloso, ao analisar a sua trajetória como servidor público, se dá conta que ela traz mais do que o sucesso profissional e belos exemplos de gestão. Ela provoca também reflexões e mudanças. Casado há mais de 20 anos, ele nunca escondeu a sua orientação sexual e acredita que essa atitude estimula políticas públicas voltadas para o respeito à diversidade. Além de servir como exemplo de que a aceitação precisa estar presente em todas as esferas da sociedade.
– Eu sempre falei que sou gay e sei que isso exerce algum tipo de referência, que eu mesmo não tinha quando era novo – lembra.
Marcelo é autor de um dos depoimentos reunidos pela campanha “Servidores com Orgulho”, promovida pela República.org com o objetivo de refletir sobre a representatividade LGBTQIA+ no serviço público brasileiro. No mês em que se celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBT, o instituto, dedicado a melhorar a gestão de pessoas no serviço público brasileiro, compartilha histórias e relatos de funcionários que ajudam a combater o preconceito e trabalham por uma maior diversidade no setor.
– Políticas públicas, para serem efetivas, precisam ser elaboradas para e com a nossa população, que é diversa. Vemos esse movimento ocorrendo no mundo todo: colocar o cidadão no centro. Um corpo de profissionais públicas igualmente diverso e com capacidade de gestão é um recurso poderoso para o desenvolvimento de políticas de equidade. O que queremos com essa campanha é dar visibilidade à diversidade e pautar os desafios e as trajetórias de pessoas LGBTQIA+ no setor público – afirma Ana Paula Pellegrino, co-diretora executiva da República.org.
Entre as histórias compartilhadas pela campanha está também a de Layza Lima, primeira pessoa transgênero a ser nomeada para um cargo de gestão na Prefeitura de Serra, município mais populoso do Espírito Santo. Layza é chefe da divisão da promoção da igualdade de gênero da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres e luta para melhorar a cidade através da inclusão desta parcela da população mais vulnerável.
– Venci todas as barreiras do preconceito e me impus em certos espaços justamente para provocar uma discussão. Esse lugar que ocupo hoje no serviço público é uma conquista de toda comunidade LGBT e nos pertence. Que tenhamos orgulho de sermos servidores LGBTQIA+ – afirma Layza.
