Início Rio Cidade Exclusivo: Professores denunciam salários atrasados no Colégio GPI

Exclusivo: Professores denunciam salários atrasados no Colégio GPI

0

Salários atrasados, dívidas, promessas não pagas. Essa é a realidade dos professores na unidade Jardim Guadalupe do colégio GPI, colégio particular, um dos principais do Rio de Janeiro.

Os professores do ensino fundamental e do ensino médio entraram em greve exigindo o pagamento dos salários atrasados de julho e agosto.

Segundo um dos professores que não quis se identificar, com medo de represálias, o dono da escola Jorge Menezes Neto não cumpriu com suas obrigações trabalhistas, não pagou o salário integral de Março e atrasou os salários de julho e agosto

“Ele não nos pagou e isso só causa problemas e transtornos na nossa vida. Essa pandemia nos complicou, mas não pode prometer e não cumprir. É um absurdo. Dependo exclusivamente do GPI. Tenho família, preciso receber”

Jorge Menezes Neto, dono do GPI / Foto: Reprodução Instagram

Segundo consta, para acabar com a greve ele chegou a dar 200 reais para os professores, que continuaram parados e que dava desculpas para não conversar com os professores

“Ele começava sempre com desculpas ‘meu celular vai descarregar” “estou dirigindo” , quando ia ao ponto dizia que o número de inadimplência é alto, mas que assinaria contrato com uma editora que adiantaria dinheiro e com isso ele conseguiria pagar nossos atrasados”

“Em Março não recebemos nada, em Abril e Maio não chegou nem a 25% e junho fizemos uma pressão grande para ele pagar. Ele deu para alguns 200 reais. Eu mesma recebi 70 reais. Quem vive com 70 reais um mês inteiro? Um absurdo”

Precariedade no material e falta de uniforme

Um dos professores conta também que os pais dos alunos pagaram por um material que por obrigação deveria ser dado pela escola: o chromebook. Os pais pagaram o valor de 1400 reais pelo aparelho e alguns sequer receberam. Uniforme também andou em falta na unidade. Os professores tiveram que produzir seu próprio uniforme.

A situação também é dramática para outro profissional da unidade que também não quis se manifestar.

“Desde o início do ano o salário já não era certo e ainda foi cortado em 50% por conta da pandemia”

“Ele fez várias promessas, de que ia assinar um contrato, para nos pagar por dois anos e até agora nada”

Segundo conta, Menezes e a gestão da unidade Jardim Guadalupe prometeram quitar tudo até o dia 30 de setembro, mas agora adiou a promessa para o dia 4 de outubro.

Professores trabalham sem carteira assinada e garantias trabalhistas

Também contou que os professores trabalham no colégio sem nenhuma garantia trabalhista, nenhum contrato, muito menos carteira assinada.

“No início do ano ele prometeu assinar nossa carteira até março. Mas aí veio a pandemia e ele adiou isso para junho, mas não cumpriu com a palavra”.

Indícios de fechamento da unidade

Menezes Neto estaria transferindo alunos para outros colégios com a pretensão de fechar ou vender a unidade Jardim Guadalupe, que assim como a unidade Jardim Guanabara, são de sua administração. As outras unidades do GPI como Tijuca e Duque de Caxias são franquias.

Ainda segundo consta, afirmam ter sofrido ameaça dos professores grevistas de demissão caso continuassem protestando.

Vale lembrar que o GPI possui 21 unidades, entre próprias e franquias, passou por crise na década de 2010 e chegou a ter apenas 44 alunos em 2015, tendo em 2017 adotado o modelo de franchising. O GPI em 2002 tinha uma das maiores redes de escolas particulares do Brasil e sendo a maior do estado.

O GPI surgiu em 1968 com a abertura do curso pré vestibular Perspectiva, no bairro de Cascadura. Em 1973 o curso Perspectiva compra o Curso Integral. Com a união surge o nome de GPI.

Menezes é grande admirador do ex-prefeito Eduardo Paes e já patrocinou o Vasco da Gama

Jorge Menezes Neto também gosta de política e por isso apoia o candidato a prefeitura do Rio, Eduardo Paes. Esteve numa reunião no Rio Beach Club e fez questão de tirar uma foto com o candidato

Jorge Menezes Neto e seu amigo Eduardo Paes Foto: Reprodução/Instagram

Já no Vasco, colocou o GPI para administrar o colégio do Clube de Regatas Vasco da Gama. O clube acusou o empresário de ter demitido profissionais e sucateado a gestão do colégio, também com salários atrasados, levando a uma crise. O que fez o clube entrar na justiça.

O corpo docente por fim, escreveu uma carta para denunciar a situação

Confira

“Gostaríamos de denunciar a situação humilhante, desgastante e desrespeitosa que os professores do sistema de ensino GPI – Jardim Guadalupe estão sofrendo. Após inúmeros atrasos no pagamento dos salários, falta de material didático e falta de regularização na contratação, viemos, através desse meio, pedir ajuda para divulgar a nossa situação.

Trabalhamos arduamente durante TODOS dias de isolamento social, produzimos materiais, orientamos discentes com problemas agravados pelo período pandêmico. Ainda não recebemos os 50% referente ao mês de JULHO, não temos contrato e tampouco carteira assinada. Após muitas reuniões com o gestor da empresa, Jorge Neto, e muitas promessas não cumpridas, no dia dezesseis de setembro de 2020, decidimos anunciar uma paralisação nas atividades pedagógicas.

Agora, para resolver os problemas dos alunos, ficamos sabendo através de informações extraoficiais que corpo discente foi remanejado para a unidade de Duque de Caxias. Logo não sabemos como ficará a situação dos professores e até o presente momento nenhum responsável nos deu uma informação oficial.

Após muitas promessas, diálogos sem resultados e prazos não cumpridos, pedimos a ajuda desse veículo de informação para divulgar a real conduta da empresa educacional GPI. Somos professores e, assim como qualquer ser humano, temos famílias, responsabilidades e contas a pagar. Em nenhum momento a intenção do corpo docente foi prejudicar os alunos, mas, infelizmente, essa foi a única forma que encontramos para buscar os nossos direitos e mostrar que não somos descartáveis.”

Atenciosamente,

Corpo docente do sistema GPI – Jardim Guadalupe

OUTRO LADO

O sr. Amauri, que é pai de aluno e se apresentou como ajudante e gestor de forma informal para ajudar a escola negou a informação de que os salários de julho estejam atrasados. Admitiu o atraso de agosto mas afirmou que será pago até o dia 30 de setembro. Disse ainda que não há possibilidade de fechamento da unidade Jardim Guadalupe e negou que esteja acontecendo transferência para o Jardim Guanabara, até por ser uma unidade só com o ensino fundamental. Alegou a crise que o país atravessa com a pandemia e que isso prejudicou a todos.

Porém não confirmou e nem negou a possibilidade de demissão dos profissionais da escola em represália a greve.

Afirmou que terá hoje a tarde uma reunião em que o GPI terá um posicionamento final sobre o caso.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Sair da versão mobile