Não houve dúvidas a respeito do que gostaria de escrever para vocês essa semana, após as mais recentes notícias sobre a proposta, enviada ao Congresso Nacional, para a cobrança de impostos em cima dos livros. Como professora e escritora, o assunto me afeta diretamente, mas para além disso, caso aprovada, pode atingir negativamente todo o país.
Essa é mais uma ação participante da reforma tributária do ministro da economia, Paulo Guedes. Não me soa estranho, afinal, já é sabido por todos nós, que nosso atual governo desvaloriza, para não dizer repudia, qualquer ato de educação, conhecimento e libertação do povo.
Quando se fala em taxar livros, o assunto vai muito além de números e cifrões. Pensemos na realidade do nosso país, livros, aqui, já são caros para a maioria da população. Com o inevitável aumento que virá com o imposto, quais serão as pessoas mais afetadas, aquelas que deixarão de consumir leituras? Para quem o conhecimento será direcionado? Quem terá um privilégio ainda maior de ter acesso às páginas de conhecimento? Não é difícil responder tais perguntas. As classes populares serão proibidas de ler.
E a reforma também atingirá as editoras independentes, que, hoje, tentam sobreviver em meio a um tanque de tubarões editoriais. Já vivemos uma situação muito difícil, reflexo da pandemia que enfrentamos, e possibilitar o aumento de custos para a produção do livro, é acabar, com as próprias mãos, com esse mercado.
Como disse acima, a medida não me surpreende, vindo de onde vem. Bolsonaro e sua cúpula sempre deixaram claro que querem a população desinformada e controlada, haja vista seus próprios discursos, delírios e atitudes diárias. A resistência terá que vir de baixo, terá que ser nossa.
Defender o livro é defender nossa liberdade, nossas escolhas, nossa emancipação, nosso aprendizado, nosso conhecimento, nossa história, nossas vidas, as vidas de nossos filhos, nosso futuro, nosso passado e nosso presente.
Não podemos fugir dessa luta! #defendaolivro
