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Tijuca: rotina de insegurança e medo

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Intervenção? Para quem?

Ônibus 638, Praça Saens Pena, 10 e meia numa noite de segunda feira. Quatro pessoas entram no coletivo, eu entre elas. O ônibus sai e segue e quando dá a volta na praça, cerca de dez jovens se aproximam do ônibus e um deles, idade aproximada de dez, doze anos de idade força a entrada no ônibus e rouba o celular de uma passageira que incólume presencia a cena. Não dá tempo de reagir já que o garoto sai rapidamente pela mesma porta e os seus colegas são tantos que não há como enfrenta-los.

Esse é apenas um dos retratos da violência e do abandono que a Tijuca vem enfrentado nos últimos tempos.

O bairro considerado nobre da Zona Norte pela história e pela simpatia que carrega hoje é marcado pela insegurança principalmente a noite.

Durante o dia assaltos constantes com vítimas.

Nos últimos dias, um assalto na Loja Kalunga na Conde de Bonfim terminou com uma mulher morta, um novo assalto no dia seguinte, na sexta um novo assalto só que nas Lojas Americanas.

Uma das pessoas envolvidas no crime na Kalunga, uma mulher foi presa. Não se sabe até quando.

Outro assalto, as sete da manhã, dois rapazes que vinham numa moto pararam e assaltaram um rapaz que olhava para o telefone.

Ou seja, não há mais clima de segurança num bairro tão tradicional como a Tijuca.

A Praça Saens Pena, que durante o dia é bastante frequentada a noite fica praticamente as moscas.

Mesmo que tenha a patrulha da Polícia Militar, o clima de insegurança persiste.

O bairro jamais esteve tão acostumado a frequentar as manchetes policiais.

As últimas notícias deixam uma sensação de insegurança, de medo nos moradores.

O bairro da Tijuca é cercado de várias favelas, locais que dependendo de qual rua for o assalto abriga determinadas favelas próximas, já que seus assaltantes na sua maioria vem de lá.

Outra situação que aconteceu nos últimos dias foi a tentativa de homicídio de um homem com sua ex mulher no shopping 47 próximo a Praça Saens Pena.

Ele já foi preso preventivamente enquanto que ela ainda está internada.

Fora isso, o medo dos assaltos é constante.

O número de assaltos a lojas cresceu esse ano segundo dados do Instituto de Segurança pública.

Os assaltos a transeuntes também crescem a cada dia.

Não se anda a noite com segurança na Tijuca

O jornalista Gabriel Gontijo foi vítima de assaltos na Tijuca e conta bem o que foi passar por tudo isso.

– Já fui assaltado saindo do metrô, em bares aqui os ladrões levaram minha carteira e minha mochila e eu mesmo já presenciei na Rua Campos Sales um cara sendo assaltado e reagindo ao assalto, ainda bem que não aconteceu nada mas é muito arriscado passar por uma situação dessas, viver dessa forma. –

A Tijuca vive dias de medo. Não só a Tijuca mas os bairros próximos como Grajaú e Vila Isabel fazem parte dessa maré de insegurança.

A Rua Uruguai, a Praça Xavier de Brito, a Conde de Bonfim… Não dá pra andar especialmente a noite ali com segurança.

Num bairro em que as antigas matinês para adolescentes no TIJUCA TÊNIS CLUBE sempre terminavam com funk proibidão, onde havia uma constante presença de venda de drogas no lado de fora da rua com vários jovens ali não me estranha ver a presença total do crime na região.

Num momento como esse de Intervenção Federal no Rio, vemos na Tijuca, um dos bairros mais tradicionais do Rio uma onda de violência poucas vezes vista.

Ou seja, a Intervenção Federal tão defendida por veículos de comunicação se mostra muito pouco eficaz.

Conversei com o presidente da Associação de Moradores da Tijuca, Alexandre Knoploch sobre o atual momento do bairro e ele aponta algumas soluções para o bairro.

Confira

Como você vê esse momento de atual insegurança no bairro da Tijuca com assaltos constantes?

Alexandre Knoploch: O quadro atual é só a conta que chegou do jantar. Quer saber que jantar? Os “caros jantares” que foram pagos com o dinheiro do Estado, dinheiro do contribuinte, que não deixaram o governo repor o déficit das contas públicas para pagar os salários de polícias civis e militares. “Jantares” que impedem investimentos nos projetos sociais dos policiais civis e militares nas UPPs, que deveriam ter a presença das secretarias de esporte, educação e saúde. “Em uma terra desgraçada, quem tem um olho é Rei”. E isso acontece em todas as comunidades onde o poder público se omite. A Tijuca está pagando um preço alto por ter menos de 400 homens para policiar uma área que já teve mais de mil! Toda a população paga o preço: delegacias sem nenhum banheiro funcionando, praças abandonadas, comunidades sem assistência social e a desordem urbana crescente em cada esquina.
Vemos hoje como solução “Tijuca Presente”, “CIAs Destacadas”. De fato é uma solução, mas já parou para pensar que absurdo é isso? Imagina você nos USA dizendo que paga duas vezes ao estado para ter polícia (Sistema Presente)? É o que acontece quando empresas têm de pagar novamente essa conta! A conta chegou e o povo tijucano, além do orgulho de ser tijucano e bradar aos quatro ventos “sou tijucano!”, precisa acordar, cobrar e lutar por melhorias, ou o que está ruim ficará ainda pior.

O que pode ser feito e o que está sendo feito para melhorar a situação e a segurança do bairro?

O que está sendo feito no momento é tentar levantar o projeto das Companhias Destacadas e, assim, aproximar os policiais das regiões, evitando o deslocamento ao BPM e aumentando o patrulhamento.

O estado através do governo e da Intervenção é ausente no bairro?

A intervenção foi a saída encontrada pelo governador Pezão para ninguém encher a paciência dele com a segurança. Ele “jogou” o problema no colo do Governo Federal, que jogou no colo do interventor que, por sua vez, não tem apoio nem do Governo Federal nem do Governo Estadual. Com isso, mais uma vez, a sociedade botará a culpa no Exército Brasileiro e é vida que segue. Intervenção sem dinheiro vai servir apenas para que no futuro próximo a sociedade carioca coloque a culpa pelo seu fracasso no Exército.

Vamos ver até onde isso vai dar.

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