Gabrielle Góes: Moça, essa luta é sua

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Moça, essa luta é sua!

Eu sou feminista, sempre fui. Mesmo antes de entender que existia uma palavra pra explicar o sentimento que me possuía. Como assim Gabrielle? Estou aqui pra tentar te explicar ou pelo menos pra que possa pensar.

Eu nunca quis ser igual a minha mãe. Apesar da minha mãe trabalhar igual uma maluca, cuidar de mim e da minha irmã, cuidar da casa e da nossa comida. Minha mãe acordava trabalhando e dormia as vezes, em cima dos seus trabalhos manuais que no final, sempre era revertido na minha merenda escolar. Mesmo assim, eu queria ser igual meu pai, trabalhar, viajar, chegar em casa, comer, ver jornal e dormir. Não desmerecendo nem um pouquinho o papel do meu pai, a vida do meu pai sempre me pareceu mais atraente.

Desde criança eu vejo a vida de uma forma diferente, sempre achei um absurdo meu pai/tio/avô/primo não colocarem nem o prato de comida na hora de comer e isso sempre me fez questionar o papel da mulher que queria ser.

Cresci, estudei, pesquisei e continuo aprendendo, entendi que eu precisava lutar pra não cair no mesmo ciclo da vida da minha mãe e foi aí que a palavra feminismo entrou na minha vida.

Não sou ativista e talvez eu nem tenha potencial teórico pra estar escrevendo esse texto, mas eu vou explicar o que eu aprendi e o motivo que me fez escrever hoje.

FEMINISMO não é simples, não é uma linha de pensamento, cada dia aparece uma nova história, uma nova causa a se lutar.

É o direito de escolha, de poder ser o que quiser, quando quiser, aonde quiser e se quiser. É ser valorizada, escutada, ter espaço político (Somos mais de 6,5 milhões, pelo menos aqui no Brasil e por que a maioria dos nossos representantes são homens?) , salários iguais a homens que ocupam a mesma função(Por que a maioria dos executivos são homens?). É pelo fim da propaganda que só vulgariza o corpo feminino como mercadoria é o assédio diário na rua que humilha, constrange, ameaça e oprime; pelo fim da doutrina da beleza onde só a loira, alta, magra, branca, cabelo liso é bonita, onde separam as mulheres como “pra casar” e “pra comer”, pelo direito de fazer o que gosta, ser tatuada, ser religiosa; escolher ser mãe, ser médica ou as duas coisas por que não?

A luta é por mim, branca, por você negra, bi, trans, gorda, hetero, homo, bi, magra, alta, baixa, indígena, deficiente, você que quer ser mãe e constituir família, você que quer viajar o mundo com uma mochila nas costas, você que quer investir sua vida na sua profissão, você que quer tudo isso ao mesmo tempo. Para que o nosso direito seja respeitado e igual a de qualquer outro ser humano.

Já vejo minha mãe de um jeito diferente, linda, independente, com empoderamento e ainda é mãe, mulher, professora. Quero um dia ser a metade do que ela é.

Moça, se você lá no fundo sabe e acredita que infelizmente não vivemos em um país(mundo) igual e que apenas pelo fato de sermos mulheres não possuímos os mesmos direitos, essa luta é sua também!

Gabrielle Viveiros Góes é estudante e feminista

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