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Parceiro do RJ no ar rapá

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Segunda feira, 4 de Fevereiro de 2013. O que parecia uma manhã comum na vida de muitas pessoas foi para mim um dos dias mais incríveis da minha vida. Mais que isso, foi o dia em que a minha vida mudou completamente. Não só a minha, mas a de mais quinze jovens de todo o estado do Rio de Janeiro num projeto chamado “Parceiros do RJ”.

Aquela era a segunda temporada de um projeto iniciado em 2011 e idealizado pelo jornalista Erick Brêtas que consistia em duplas que fizessem reportagens mostrando problemas e curiosidades locais, o verdadeiro jornalismo comunitário dentro do RJTV, o telejornal local do Rio de Janeiro do meio dia na TV Globo.

A primeira temporada foi exitosa. Aquela era uma novidade dentro do padrão jornalístico da Globo. Tudo era novo. Desde o tipo de imagem, linguagem visual, abordagem e tipo de reportagem.

Era uma forma da Globo se aproximar ainda mais da população e das classes C, D e E. O sucesso da primeira temporada abriu espaço para a segunda.

Me lembro ainda da primeira nas inscrições e minha frustração pelo fato da minha área não estar ali, apenas a Tijuca.

Me lembro do meu amigo Marcos Braz, quando virou parceiro e acompanhava sempre as matérias dele, assim como passei a acompanhar do Ricardo Fernandes que conheci na Cidade de Deus.

Enfim… As inscrições foram abertas e eu não tinha internet em casa. Precisei da ajuda de amigos para conseguir no último dia a inscrição.

Fases de provas de conhecimentos gerais e ainda um vídeo sobre o local onde morava foram parte do processo.

Até chegar na dinâmica, no dia 16 de Dezembro de 2012.

Na dinâmica em que eu estava tinha mais umas 12 pessoas. E ali eu tive certeza que passaria de fase com certeza.

Dali a entrevista individual onde conheci os estúdios da Globo no Jardim Botânico e o grande dia.

Estava trabalhando na época vendendo óculos na Chillibeans para conseguir um trocado no final do ano e larguei o emprego pra ir de cabeça nesse sonho.

Cheguei às 7 e meia da manhã do dia 4 de Fevereiro no JB, nome conhecido ao prédio onde fica o RH e as fases de seleção para trabalhar na emissora.

Até o último instante tudo parecia crer que era ainda mais uma fase de seleção.

Ali já conheci algumas pessoas, a primeira foi a Aline Marinho, do Vidigal, a primeira a chegar. Logo depois chegou a Jéssica Sá, da longínqua Santa Cruz da Serra em Caxias e que hoje voltou a Globo como jornalista contratada. E assim foram chegando oito dos parceiros.

Um outro grupo chegou num outro horário, um pouco mais tarde.

Tudo parecia crer que era uma fase de seleção, pelo menos pra mim.

Quando fomos para a emissora, na Rua Lopes Quintas todos meio que sabiam de alguma forma que só poderia ser a notícia que a gente tinha passado.

Eu ainda incrédulo, só acreditava vendo.

Até que formamos uma fila para entrar na redação.

Na verdade o RJTV estava sendo feito ao vivo dali.

O público já sabia do resultado final. Nós não.

E quando veio a notícia, eu não sabia o que fazer. Abracei um, outro, eu não estava acreditando naquilo.

A emoção tomou conta de todos ali.

Era uma realização de um sonho fazer parte daquele projeto. Não falo só de mim, mas de todos ali.

Recebemos diplomas das mãos dos jornalistas padrinhos.

Ali eu entrava na verdadeira faculdade de jornalismo.

Os desafios, o que a gente deveria fazer foi mostrado e aos poucos fomos conhecendo os estúdios, as pessoas, entendendo o que estava acontecendo.

Minha mãe fez festa em casa. Assim como eu sei que na casa dos outros parceiros também.

Conhecemos depois numa reunião a nossa doce e querida chefa Gisela Pereira, uma das mais exemplares profissionais que eu conheço e uma amiga que fiz também.

Ali era a chance de ouro de experimentar. A Globo naquele momento queria experimentar no vídeo jovens e se aproximar da linguagem jovem e informal através também do jornalismo local, não pelo RJ Móvel, mas de uma forma mais contida, coesa e real, sem sensacionalismo.

16 jovens, do Rio de Janeiro inteiro na maior faculdade que a gente pode ter.

Era uma missão gigantesca. A partir do dia 18 de Fevereiro foi pau na máquina.

Palestras, palestras e intensivos de tudo que a gente pudesse aprender. Francisco Oliveira, grande profissional que nos ensinou a mexer na câmera, Eduardo Torres, tremendo cinegrafista e não poderia deixar de falar da mãezona, de certa forma. Porque com sua ternura e disciplina sabia como encaminhar todo o processo, a nossa querida Vera Íris Paternostro.

Dei trabalho pra ela, brincava que queria uma palestra com o Cid Moreira…

A partir dali o que mais tem é história que não caberia aqui em um texto.

Por isso será uma série de reportagens sobre o Parceiros do RJ. Com entrevistas de integrantes da minha temporada e os jornalistas que fizeram parte disso.

Sem falar que irei conferir o que aconteceu com os casos retratados em dezenas de reportagens.

Agradeço a tanta gente por conta dessa experiência que é difícil simplesmente falar de todo mundo.

Aos editores Daniela Dantas, o Thiago Ventura, me lembro da Adriana Maynard, do Estevão, do Luiz Barroso, do Mauro e de tantos outros.

Aos profissionais da técnica que sempre que puderam, ajudaram.

As fundamentais Mônica Bernardes e Jaqueline Ferri, cada uma a seu estilo mas igualmente grandes profissionais.

Com a Jak aprendi a dar o meu melhor mesmo que tivesse que repetir por vezes a matéria, a decupar e cuidar da matéria mesmo que eu termine as três da manhã por exemplo.

Com a Mônica aprendi a buscar uma melhor apuração, aprendi a técnica da pós produção da reportagem, do cuidado com a imagem, com a fala e com os valores humanos dentro do ambiente de trabalho. Aprendi muito com as broncas dela também, em especial em diversas matérias em que eu passei do ponto.

O grupo era excelente, fantástico. Ao todo foram 18 cabeças no projeto com mudanças no percurso.

Mas nem sempre a harmonia rolou, o que é natural. Todos ali saíram maiores e melhores do que entraram.

Hoje sou muito grato a todos que de alguma forma me ajudaram e foram parte dessa engrenagem.

Hoje sinto saudades sim daquele tempo porque sei que eu e o Luis Gustavo poderíamos ser uma dupla melhor do que fomos, e éramos muito bons mas diversos problemas nossos atrapalharam o rumo.

No final o profissionalismo venceu, o projeto terminou de certa forma desgastado em Agosto de 2014 sem uma continuação.

As novas mídias e tecnologias facilitaram. Não era preciso mandar duplas para lugares onde as pessoas poderiam mandar as suas pautas via WhatsApp.

Mas o projeto Parceiros do RJ, que esteve em outros estados como São Paulo, Minas, Distrito Federal por exemplo deixou sua marca. Assim como o consagrado Profissão Repórter, as pautas são entregues aos jovens e tudo sai do trabalho e do pensamento deles.

Pra Globo, tão tradicionalista no jornalismo foi um passo importante para uma maior interação com o público, um passo para a modernização do seu jornalismo e uma mudança no patamar de tantas pessoas que a partir dali foram para outras experiências dentro ou fora do jornalismo mas com a experiência rica de ter sido Parceiro.

Tenho um orgulho imenso de ter sido Parceiro do RJ.

Gratidão eterna a todas as pessoas, a Globo por aquele projeto.

Erick Brêtas, o idealizador não tem ideia de como ele mudou a minha vida e a de muitas pessoas com esse projeto. Por isso, é respeitado e tido como mestre por muitos caras.

Por causa dele e do projeto, sou um profissional muito mais completo.

Lamento que dificilmente virá algo novo nesse sentido seja na Globo ou em outro canal.

O jornalismo míngua a cada dia por conta de uma crise.

Mesmo assim, é o que quero pra mim.

Nos resta seguir e ter orgulho de ter feito parte disso.

Sinto saudades. Hoje parei pra pensar nisso, cinco anos depois.

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