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Cunha desqualifica Funaro e nega propina em depoimento

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Foto: Divulgação




O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negou nesta segunda-feira (6) ter despesas como a compra de carros e de um apartamento em São Paulo pagas pelo seu ex-operador financeiro Lúcio Funaro, a quem voltou a chamar de “mentiroso”. Cunha também negou ter recebido propina para suas campanhas políticas, segundo ele, por “não ser necessário”, uma vez que as doações legais que obtinha eram “mais do que suficientes”.

“[Funaro] nunca me pagou um carro com dinheiro dele, isso é história da carochinha”, afirmou Cunha. “A delação que ele faz agora está me transformando no Posto Ipiranga. Tudo é Eduardo Cunha.”

Cunha é interrogado nesta segunda-feira pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, responsável pela Operação Sépsis, na qual são investigadas irregularidades na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa.

Na semana passada, o ex-deputado foi acusado por Funaro de encabeçar um esquema de pagamento de propina envolvendo o Grupo Bertin, em troca da liberação de um aporte milionário do Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS), operado pela Caixa.

Na ocasião, o corretor de valores relatou ter participado de um almoço com a presença de Cunha e de Natlino Bertin, controlador do grupo, em um hotel de Brasília. O ex-deputado Cândido Vaccarezza, então no PT, também teria participado. No encontro, foram combinados repasses ilegais ao PT e ao PMDB, segundo Funaro, que assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).




Ainda segundo Cunha no interrogatório, o ex-deputado afirmou ter apresentado os peemedebistas Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves ao corretor Lúcio Bolonha Funaro. Embora tenha confirmado a viabilização dos encontros, Cunha disse não ter conhecimento sobre eventuais atos ilícitos praticados por eles após a apresentação.

Sobre Geddel, preso na Papuda, Cunha disse ter feito um pedido para Funaro emprestar sua aeronave à época que o pai do ex-ministro precisava ser levado para São Paulo com urgência para tratamento médico. Cunha não citou a data exata e disse que após o pedido os dois passaram a ter convivência próxima.

Cunha disse não ter recebido dinheiro da JBS para ficar calado

No depoimento, Cunha também disse não ter recebido dinheiro da JBS para ficar em silêncio. Os irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da JBS, disseram ao Ministério Público que receberam o aval de Temer para comprar o silêncio do ex-deputado.

Além disso, no áudio entregue por Joesley em seu acordo de delação premiada, Temer disse “tem que manter isso aí”, após o empresário afirmar que está bem com Eduardo Cunha.

Segundo a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República contra Temer por obstrução à Justiça, o presidente se referia à compra do silêncio de Cunha.

“Não existe essa história de dizer que eu estou em silêncio ou que eu vendi o meu silêncio para não delatar. Eu atribuo isso […] para justificar uma denúncia que pegasse o mandato do Michel Temer. Essa é que é a verdade. Deram uma forjada e o Joesley foi cúmplice dessa forjada”, afirmou Cunha.

A suposta compra do silêncio de Cunha embasou uma das denúncias do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer, após Joesley ter gravado uma conversa em que o presidente aparentemente daria sua anuência a pagamentos para os ex-deputado.

Cunha negou qualquer envolvimento com pagamentos de propina por empresas e disse desconhecer os supostos desvios na Caixa, classificando de “ridícula” a suposição de que receberia dinheiro para não delatar Temer no esquema.

Como meio de demonstrar que não está recebendo por seu silêncio, Cunha disse viver atualmente em “situação de absoluta penúria”, não tendo condições de sequer pagar os honorários de seus advogados.




Encontros com Temer

Cunha desqualificou as afirmações de Funaro de que o presidente Michel Temer teria recebido ao menos R$ 2 milhões em repasses ilegais do Grupo Bertin para a campanha presidencial de 2010, quando foi candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff. Para Cunha, ao citar Temer, o corretor de valores faz “uma tentativa de chamar atenção”.

O ex-deputado afirmou ter convicção de que, ao contrário do que Funaro relatou em sua delação premiada, o corretor de valores nunca sequer cumprimentou Temer. “Lúcio nunca chegou perto, tenho absoluta convicção disso”, afirmou Cunha.

“Estou colocando isso apenas para demonstrar o histórico das mentiras. Na minha frente nunca cumprimentou o Michel Temer, nem um bom-dia”, repetiu o ex-deputado.

Para Cunha, o “Ministério Público engoliu. Essa é que é a verdade. Passou a delação pela pressa de querer fazer a segunda denúncia contra Michel [Temer]. Não tiveram o cuidado de examinar a realidade que Lúcio estava falando. Não tiveram tempo de investigar e comprovar”.

Impeachment

O ex-deputado negou ainda ter pedido dinheiro para comprar o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, crime do qual foi acusado na delação premiada de seu ex-operador financeiro Lúcio Funaro.

“É ridícula a afirmação dele de que pedi dinheiro para o impeachment”, disse Cunha. “Cadê a mensagem de que eu pedi? Cadê a mensagem de que paguei? Nessa data do impeachment tinha seis meses que não encontrava ele [Funaro].”

O depoimento de Cunha na ação penal resultante da Operação Sépsis continua ao longo desta segunda-feira. Outros três réus já foram ouvidos na semana passada – além de Funaro, Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa, e Alexandre Magotto, ex-funcionário do corretor de valores. O ex-ministro Henrique Eduardo Alves, também réu, será o último a ser interrogado.

Com Agência Brasil

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