O problema não é o nu em si e sim as crianças ali interagindo, senhores pais. 

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Definitivamente eu não sou um cara conservador, já fiz teatro e sei o que é a arte e a representação dela enquanto movimento em que usamos do nosso corpo para absolutamente qualquer coisa.

Em uma performance na abertura do 35º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, na última terça-feira, o artista fluminense Wagner Schwartz se apresentou nu, no centro de um tablado. Em vídeo que circula nas redes sociais, sob fortes críticas, uma menina que aparenta ter cerca de quatro anos aparece interagindo com o homem, que estava deitado de barriga para cima, com a genitália à mostra.

Na performance, intitulada La Bête, Schwartz emula um dos Bichos de Lygia Clark, as esculturas de alumínio com várias dobradiças que podem ser manipuladas pelo público. O artista se posiciona completamente nu em uma espécie de tatame e, então, pode ser manipulado pelos espectadores. A menina toca na canela e nos pés de Schwartz e depois sai engatinhando do espaço, e volta a assistir à performance. Ela está acompanhada de uma mulher adulta – segundo o MAM, sua mãe. Por atenção ao Estatuto da Criança e do Adolescente, o vídeo não foi publicado aqui.

Mas antes de tudo, é preciso pensar numa coisa chamada bom senso.

Bom senso de quem organiza uma performance dessas, bom senso de quem é pai e mãe, figuras centrais na criação de crianças, de seus filhos.

Num mundo onde vagabundo que você nem suspeita, que vive perto, que é vizinho pode ser um pedófilo em potencial, numa sociedade em que a pedofilia não é tolerada sequer por assassinos.

Acho que há uma gritaria sim sobre o caso, principalmente e sempre nos mesmos lados impressionante! De pessoas de direita que falam de Lei Rouanet, que criticam o artista por ser de esquerda e os de esquerda que relativizam o caso.

Entre eles, pessoas de esquerda e direita, conscientes que isso não tem nada a ver com ideologia política, de gênero, de nada. e que entendem assim como eu que faltou bom senso dos pais

Foi isso. Bom senso. O MAM colocou aviso sobre o conteúdo, não sei se tinha classificação etária. Tem que ter.

O artista fez uma releitura da consagrada Lygia Clark, porém choca o fato de crianças interagirem com o corpo do cara com o pau de fora, completamente constrangidas com aquilo.

O problema não é o cara. E sim os pais que permitem uma porra dessas, porque somente eles são responsáveis por permitir que uma criança de menos de dez anos de idade interaja com um homem velho e nu, por mais artista que ele fosse.

Como uma criança vai lidar com aquilo? Óbvio que ela não vê de forma erotizada porém não sabemos como é a criação dela.

Tenho certeza que a maioria absoluta das mães e pais que eu conheço e eu incluo a minha, jamais levariam uma criança de quatro anos de idade pra ver uma cena dessas.

Por mais que a mãe, o pai fique junto, tá errado, tem coisas que criança não precisa ver, não precisa saber tão cedo.

Pode parecer conservador mas não é. Tudo tem sua idade.

Qualquer performance artística tem a pretensão de gerar algum impacto em você. O problema é quando isso acontece de forma extremamente negativa.

A performance pode não ter nenhuma carga erótica mas a falta de tato de pais irresponsáveis leva a isso. Leva a esses absurdos que vemos.

Se fossem apenas adultos seria mais uma performance de arte que você goste ou não, é aquilo e pronto.

Mas quando envolve crianças e uma sexualização infantil que tem acontecido na mídia e na nossa doente sociedade nos últimos anos é preciso debater cada vez mais o que as crianças devem ver e a responsabilidade dos pais.

Irresponsáveis. Os pais.

Posso estar sendo um ignorante mas não consigo achar essa cena normal

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Leonardo Oliveira Brito
Leonardo de Oliveira Brito é Jornalista. Participou de projetos como o CDD na Tela e da Agência Jovem de Notícias onde cobriu a Rio + 20, em 2012. Oficialmente começou sua carreira em 2013, no projeto Parceiros do RJ do RJTV na TV Globo. Em 2014 foi para o site SRZD onde cobriu os carnavais de 2015 e 2016 e depois, em 2018 e 2022. Também passou pelos sites Carnavalesco, Destino ATW e Na Tijuca e Eu Rio!, onde participou da criação do site. Criou o seu blog, em 2016 e em 2018 lançou o jornal online Gazeta do Rio. Hoje também é repórter do jornal A Tribuna, de Niterói.

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