Hoje eu queria falar sobre um caso e sobre a repercussão de uma história que chamou a atenção pela barbárie que foi o caso e a visão de muita gente sobre.
O caso da professora que foi agredida na escola por um aluno é algo que mexe com todo e educador, com todo aquele que um dia já fez magistério ou já esteve numa sala de aula.
A agressão covarde de um garoto de 15 anos que já tinha tinha histórico de agressões em casa a uma professora que estava exercendo sua autoridade na sala de aula, ou tentando.
Nada justifica uma agressão, o soco não foi apenas um soco nela, mas um soco em todos nós.
Pior que o soco, são as supostas justificativas de extremistas de direita que acham que ela não pode reclamar da agressão, que a agressão deve ser relativizada por ela ser militante de esquerda e petista. Ou seja, devemos aceitar agressões só pela posição política da pessoa?
A professora em seu perfil pessoal no Facebook defendeu a ovada a João Dória, Prefeito de São Paulo assim como a Jair Bolsonaro. Não há dúvidas de sua posição política e de que pensa como tal. Até mesmo no caso absurdo da ovada a Dória.
Mas nem por isso justifica o que vi em vídeos de Eduardo Bolsonaro ou em posts de Fernando Holiday e Feliciano que relativizam a agressão naquele estilo do “olha, não estou defendendo a agressão, mas… ” como se houvesse justificativa plausível para tal.
Quiseram atribuir até mesmo a Paulo Freire, educador a culpa disso dizendo que o método dele leva a extrema liberdade do aluno tirando a autoridade do professor.
Critica barata e vazia. Será que leram Paulo Freire?
Quem leu e estudou sabe que isso não procede.
E isso não é tomar posição partidária.
Não podemos aceitar agressões, seja ela com quem for com a justificativa barata de que a pessoa mereceu, de que ela tá se vitimizando ou que o fato dela aceitar outras agressões fosse uma forma de justiça.
Não é assim que a banda toca.
Falta solidariedade. Falta pensarmos onde erramos na educação para um aluno chegar a esse ponto absurdo. Falta punição a ele também. Ele deve ser punido. Reeducado também. Para que não faça isso mais.
Tudo bem que não podemos esperar coerência de grupos extremistas, de esquerda e direita mas colocar a mão na consciência não custa nada.
Até mesmo essa suposta nova direita que vê no MBL a sua salvação mas é tão extremista quanto. Aliás, o MBL e sua ideologia de likes merece um artigo a parte.
Não é esse o caminho. A relativização da agressão, da mesma forma como pessoas da extrema direita fazem com o estupro.
Defender a professora não é exatamente concordar com suas posições. Defender a professora é ver ali uma mulher que foi agredida, uma professora que foi amealhada do seu exercício diário de educar.
Usar como justificativa o fato dela ser de esquerda é mais que discurso de ódio, é covardia, é crime.
Eu mesmo tive como meus melhores professores, pessoas que são sim de esquerda. Tive grandes professores e que até hoje são meus amigos pessoais e que são de esquerda. Também tenho mestres que são de direita. Não dá pra misturar alhos com bugalhos.
O extremismo não deve ser ignorado. Deve ser combatido. Mas a sociedade demorará décadas para isso. Falta debate, falta ensino, falta educação. Vamos nos digladiar por muito mais tempo. 2018 será apenas uma amostra do que vem por aí.
O extremismo faz mal e o que mais vemos são pessoas com falso discurso defendendo democracia mas que pregam ódio, puro ódio.
Até onde vai uma sociedade que acha que é resolvendo as coisas na agressão que chegaremos a algum lugar?
Num país onde professor tem o salário pequeno, as vezes nem recebe, ele deveria ser mais valorizado.
Um país que não respeita o professor, não tem perspectiva de futuro.
Ao agressor toda a punição e reeducação necessária.
A quem relativiza a agressão o meu mais absoluto desprezo.
Ser de esquerda, direita ou até mesmo apoiar Lula e ovadas NÃO deve ser justificativa para tomar porrada na cara. Quem prega isso prega o ódio. E o ódio deve ser combatido sim.
A professora, a mais absoluta solidariedade e que ela logo volte a lecionar recebendo o apoio dos alunos.