Ontem eu acordo, abro o computador e me deparo com um vídeo compartilhado de uma conhecida no Facebook que me deixou preocupado: o ator Fábio Assunção detido pela Polícia por desacato a autoridade depois de ter causado uma briga numa festa junina no interior de Pernambuco. Até aí OK apesar de Fábio demonstrar notório descontrole.
Depois vi um vídeo em que Fábio, bêbado é humilhado e xingado por pessoas da região. Filmado bêbado ( Ele nega veementemente que tenha usado drogas ilícitas) virou motivo de chacota e comentários nesse final de semana na mídia. Os populares olhavam, filmavam, zombavam, xingavam Fábio quando na verdade talvez ele quisesse ajuda.
Quando uma coisa dessa acontece não é simplesmente um fato isolado. Tudo isso é reflexo da nossa sociedade punitiva.
Sociedade esta que com o advento das redes sociais passa a registrar em vídeo cada momento que acontece só pra jogar no YouTube quando na verdade se esquece do básico. Quem assistiu Black Mirror?
Viramos linchadores de nós mesmos quando deixamos de prestar socorro pra humilhar uma pessoa que se sente mal no meio da rua, somos uma geração assim quando vemos pessoas apanhando, tomando porrada e isso passa pra nós como algo “normal”.
Nossa sociedade tá cada vez mais adepta de enfrentar, destruir, bater ou até matar. E com vídeo filmado e postado no YouTube. Sempre teve gente assim? Sim. Mas não como hoje. O fato das redes sociais também é um preponderante.
Nossa geração é de linchadores quando não ajuda o Fábio, apenas agridem, ou então quando uma pessoa passa mal na rua e as pessoas não fazem nada. Ou então quando alguém aparecer quase morto na rua e não há muito o que fazer. O problema é vermos quem comete esses absurdos. A troco de quê? Diversão nas redes sociais?
Nossa geração perde quando as pessoas acreditam que fazendo justiça com as próprias mãos resolvem alguma coisa.
Estamos perdendo a nossa sensibilidade, perdendo a empatia.
Uma geração sem empatia não vai longe.
E isso não é porque é o Fábio Assunção. Isso é com qualquer pessoa. Poderia ser com qualquer um de nós. Viramos linchadores de nós mesmos.
