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Eleições 2016 – Primeiro Round 

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​Por Renan Portela

Foi dada a largada definitiva para a eleição da prefeitura do Rio, e digo isso porque os debates de televisão ainda são a principal definidora dos rumos das campanhas. A BAND seguiu a tradição de inaugurar esses debates, em ótima forma como sempre, embora tenha pecado em mais uma vez excluir o debate em outras cidades do estado do rio, exibindo o POLICIA 24 HORAS no lugar do debate da capital, fazendo com que os possíveis interessados tivessem que recorrer a internet ou ao canal fechado BAND NEWS.
Outro fato importante é que nunca tivemos uma eleição tão conectada e dinâmica, ainda mais numa época em que a politica domina as conversas do povo brasileiro, um avanço muito significativo desde 2013 para um povo que era conhecido por ser totalmente alienado da cena politica. O quanto isso se refletirá na hora do voto? Não sei, mas é um avanço sim.

Pessoas acompanharam os debates pela tv da sala, computadores, rádios, celulares, debateram em tempo real o que viam, e puderam se expressar como nunca.
O debate já começou desfalcado de um dos principais concorrentes ao cargo de prefeito do Rio. Com a impossibilidade de participar do debate por uma questão de lei que ainda nessa tarde teve decisão favorável ao candidato no STF o candidato Marcelo Freixo (PSOL) se reuniu com seus eleitores e aliados de campanha na Cinelândia, onde comentou e debateu o que era discutido no debate da BAND. Perto de 10 mil pessoas também acompanhavam esse evento sendo transmitido online pelo Facebook do candidato. Os candidatos Cyro Garcia (PSTU), Carmen Migueles (Novo) e Thelma Maria (PCO), embora menos representativos na corrida eleitoral até agora, também estiveram ausentes do debate da BAND pelo mesmo motivo.

Leia aqui : STF libera partidos menores nos debates mas com aval das televisões

Outro desfalque importante ocorreria já no decorrer do debate, de maneira inesperada. O candidato Flávio Bolsonaro (PSC) se sentiu mal alegando queda de pressão e teve que ser amparado por seus concorrentes. A BAND chamou um comercial e o candidato não mais retornou ao palco, sendo levado ao hospital para exames. Até ali, o filho do popular e polêmico deputado federal Jair Bolsonaro, mantinha uma boa postura no debate, inclusive se favorecendo da cordialidade do candidato Crivella (PRB) que fez uma pergunta sobre segurança pública, área de maior domínio do candidato e talvez a maior preocupação do eleitorado. Enquanto Bolsonaro falava em aumentar o número de guardas municipais conferindo ao efetivo poder de policia, inclusive com armas de fogo, o candidato Freixo comentava de seu evento que para a sua campanha segurança não se faz com policiamento, o que deixa claro que entre os dois candidatos está a maior disputa ideológica dessa eleição, que ainda promete ótimos rounds daqui pra frente.

Posso dizer que Bolsonaro foi o primeiro perdedor da noite, tendo perdido a oportunidade de se expor mais ao eleitorado, e fortalecendo discursos oportunistas de seus opositores que alegarão fraqueza do candidato. Também senti falta de uma melhor organização de sua equipe que poderia, por exemplo, colocar o seu candidato a vice Rodrigo Amorim no debate, e ao qual sequer tenho conhecimento se estava no local (deveria). Por outro lado, enquanto Flávio Bolsonaro se retirava do debate por problemas de saúde, o público de Freixo na Cinelândia comemorava e cantava em coro chamando o candidato do PSC de “arregão”, atitude que embora motivada pelo calor do momento, demonstra uma imensa deselegância e “senso de inimigo” numa disputa democrática.

No debate em si, eu diria que dois candidatos foram os maiores derrotados da noite. Em primeiro o candidato Pedro Paulo (PMDB), pupilo do atual prefeito da Cidade Eduardo Paes. Pedro Paulo, que até agora aparece muito mal nas pesquisas, não demonstrou nessa oportunidade qualquer poder de reação da sua campanha, pelo contrário. O candidato ouviu ataques constantes a administração de Eduardo Paes vindo de todos os outros candidatos, e se limitou a defesas quase apaixonadas com feição de bom moço que certamente não convenceram ninguém, usando em inúmeras vezes o “sucesso” das olimpíadas como palanque . Embora Pedro Paulo seja o candidato com maior quantidade de dinheiro para a corrida, fica difícil imaginar que sua campanha possa enfim decolar. E também fica evidente que Eduardo Paes cometeu um erro ao acreditar que teria popularidade o suficiente para eleger seu candidato.

O segundo principal perdedor da noite, foi a candidata Jandira Feghali (PC do B). Velha conhecida do eleitor carioca, a candidata do partido comunista demonstrou uma postura um tanto quanto exaltada, fugindo inúmeras vezes do debate das questões da cidade para trazer questões de nível nacional, como a oposição ao que chama de “golpe” relativo ao impeachment de Dilma Rousseff. Jandira por inúmeras vezes provocou seus adversários com essa questão, escapando de temas centrais em que foi questionada, como economia, provocando reações de reprovação da platéia que precisava ser silenciada pelo jornalista que mediava o debate. Creio que Jandira demonstrou um total despreparo para o cargo que almeja ao levar para o debate uma postura de simples militante de esquerda. Embora essa postura possa ser aplaudida por seus já fieis seguidores, acredito que para o público médio, que é o que mais faz diferença na disputa, soou de certa maneira constrangedora.

Os outros candidatos, se não tiveram uma atuação super positiva, foram regulares e fizeram bem o seu papel dentro do que tinham para oferecer.
O candidato Carlos Osório (PSDB), protagonizou algumas trocas de farpas com Pedro Paulo, mas nada o suficiente para alavancar sua candidatura e carisma, ganhando o prêmio “não fede nem cheira” da noite. Alessandro Molon (REDE) fez bem o seu papel de esquerda moderada, posicionando de maneira bem articulada, coerente e firme suas ideias, de maneira que até quem discorde delas deva reconhecer, e ao meu ver sai do debate mais forte do que entrou, embora dificilmente isso se converterá em votos.
Marcelo Crivella (PRB), líder com folga das pesquisas até aqui, teve uma boa participação, demonstrando confiança e alternando sua costumeira elegância com surpreendentes momentos de língua afiada, principalmente numa ríspida e até cômica (embora não bem humorada) troca de alfinetadas com o candidato Indio da Costa (PSD). Indio por sua vez teve uma atuação também de boa postura e eloquência ao se posicionar, sendo outro candidato que ao ver saiu melhor do que entrou.

Acredito que esse debate esteve longe de ser definitivo para a eleição, mas consolidou Crivella como favorito, o que ajuda a aumentar sua confiança, mas também, o torna alvo para os outros na sequência da disputa. Provavelmente Crivella estará no segundo turno, mas seu alto índice de rejeição pode ser um problema, e não seria a primeira vez que o candidato perde uma eleição aos 45 do segundo tempo, será que dessa vez terá folego para vencer a corrida?

Freixo e Bolsonaro continuam como seus principais oponentes mesmo com os acontecimentos que os tiraram do debate dessa noite. O abandono de Bolsonaro foi sem dúvidas um fator positivo para a campanha de Freixo, porque enquanto Freixo sofre a divisão de votos da esquerda com Jandira e Molon, Bolsonaro possui ao meu ver maior possibilidade de crescimento ao conquistar votos dos outros candidatos a medida que mais tiver tempo de exposição e o eleitorado perceba que os demais não terão muitas chances para chegar ao segundo turno. 
Pedro Paulo, com toda máquina de campanha disponível, muito provavelmente será uma decepção para seus investidores, e Índio da Costa, que se credencia como possibilidade de surpresa, talvez não tenha tantas flechas para usar no decorrer da disputa quanto os favoritos ainda possuem de tiros para queimar.

Esse é só o início, e os próximos capítulos prometem, ainda mais com todos os candidatos cara a cara. A panela está no fogo, mas a água meus amigos, ainda nem começou a ferver!

Renan Portela é estudante de psicologia, apaixonado por politica, esporte e música, e escrever é a terceira coisa que mais gosta de fazer. Colunista fixo e semanal do Blog do Léo

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