terça-feira, maio 14, 2024

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Wonka: um doce delírio com aroma de chocolate

Blogs e ColunasColuna Olho Crítico, por Hélio Ricardo RainhoWonka: um doce delírio com aroma de chocolate

Em mais uma interessante prequela cinematográfica – onde uma obra narra eventos que antecedem o surgimento de um universo já conhecido -, uma história com sabor de chocolate ganha as telas e encanta a audiência. Estamos falando de “Wonka” (Wonka, EUA/Reino Unido/Canadá, 2023, 1h56min). Presente no imaginário de várias gerações por suas nuances como mágico, inventor e chocolateiro, o protagonista da história tem agora sua origem revisitada no intento de levar ao público, em formato musicado, a nascente do encanto desse rico personagem.

Criação do autor britânico Roald Dahl, Willy Wonka apareceu pela primeira vez no romance de 1964 intitulado “Charlie e a Fábrica de Chocolate”. Na história, Willy Wonka é o proprietário excêntrico de uma fábrica de chocolates mágica e misteriosa. Em sucessivas recriações, o romance teve a icônica performance de Gene Wilder na célebre adaptação cinematográfica de 1971 como uma espécie de marco fundamental para que Wonka se tornasse um ícone pop, envolvendo vários elementos que fascinam a humanidade: a infância, a magia, o sonho e – é claro! – o chocolate. Além de Wilder, o tipo criado pela performance de ninguém menos que Johnny Depp em nova versão cinematográfica de 2005 também cresceu e convenceu, ajudando a alavancar o estrelato do ator. Cabe agora ao jovem Timothée Chalamet (que entregou um impressionante Paul Atreides no remake de “Duna”) o desafio de recriar o personagem.

Timothée Chalamet tem brilhante atuação como Willy Wonka

Com roteiro assinado por Simon Farnaby e Paul King (este último, o criador da história e também diretor da película), a origem do carismático Wonka vai remeter ao momento de sua vida em que, tendo ele já criado seus fantásticos “hoverchocs” (chocolates que fazem as pessoas voarem), é ludibriado por um contrato de hospedagem escuso da temível Sra. Scrubitt, de quem acaba se tornando cativo. A partir daí, sua saga envolverá uma sequencia de truques e malandragens para que ele possa, enfim, enfrentar os abutres do mercado de chocolates e fazer prevalecer sua trajetória.

É interessante a opção dos autores de escreverem a história pregressa de Wonka como uma espécie de “gato borralheiro dos chocolates”. Ele é humilhado, aprisionado, submetido a trabalhos forçados. Mas há um toque lúdico filigranado impedindo que essa passagem seja demasiado sôfrega ou piegas ao ponto de aborrecer por muito tempo o espectador. Para não ser apelativa ou dramática em excesso, a odisseia de Wonka tem nuances histriônicas, e aparece como uma escalada de êxito decorrente de esforço, talento e sonho. Virtudes da jornada do herói que, afinal de contas, mexem muito com o insconsciente coletivo. Um acerto que impulsiona e ilumina o filme!

Noodle é a parceira de Wonka para mudar seu destino e se tornar o rei do chocolate

“Wonka” revela-se uma montagem suntuosa, cheia de cores, onde os elementos visuais ajudam a transportar o espectador do mundo real para a dimensão onírica do filme, brilhantemente proposta pelos efeitos visuais da mesma equipe da franquia Harry Potter. A direção de Paul King sustenta o encanto e as referências visuais das execuções anteriores, sem perda, entretanto, de um toque de originalidade, fazendo a ponte perfeita entre o passado e o “presente” (o tempo conhecido) da narrativa de Wonka no imaginário coletivo. Sua opção por uma estética cinematográfica mais para um Ettore Scolla em “A Viagem do Capitão Tornado” do que para o excesso conceitual de um Tim Burton confere um ar de pureza ao extremo requinte da fotografia do filme. Timothée Chalamet não parece intimidado em nenhum momento pela aura mítica de seus antecessores: fiel ao timing do cinema de seu tempo, entrega-se ao personagem com essa repaginação mais “potteriana” que pouco a pouco aproxima o ambiente do filme a uma leitura de Hogwarts regada a muito chocolate e magia. Ele traz um Wonka mais jovem e não menos sedutor: talvez mais pretensioso que as criações anteriores, até pelo ímpeto de seu empreededorismo juvenil. A levada é perfeita e absolutamente convincente!

Vilões hilários e cruéis: humor sofisticado nas cenas do filme

O elenco tem uma química especial pra fazer tudo acontecer. Pode-se destacar o irrepreensível trio de vilões empresários do chocolate Slugworth (Paterson Joseph), Prodnose (Matt Lucas) e Fickelgruber (Mathew Baynton), arrancando boas risadas nas cenas em que Fickelgruber tem ânsias de vômito ao ouvir falar em “pobres”. As participações de Rowan Atkinson (ele mesmo: o Mr. Bean!) como o hilário e tendencioso Padre Julius e Hugh Grant quase patético como o retórico Oompa Loompa também são memoráveis. E é preciso falar, é claro, da bela atuação de Calah Lane como Noodle, a sensível e encantadora mocinha que inspira a trajetória do herói.

Wonka: cores e universo lúdico numa tela de cinema

Com todos os seus louváveis predicados, “Wonka” traz ainda um outro acerto: o de ser lançado às vésperas dos festejos natalinos, ajudando a corroborar a atmosfera de sonho e esperança que já se delineia nesta época do ano! Tudo isso, é claro, com gosto e aroma de chocolate! Que delicia de filme!

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