O que seria do agora
Se eu pudesse,
Ao menos por um momento,
Estar alguns passos à frente
Do tempo que, hoje, me consome,
Sem deixar vestígio algum
Daquilo que um dia fui?
Estou presa em redemoinhos emocionais,
Perdida num ciclo infinito,
De minuciosidades banais,
Que estacionam meu organismo
Em séculos mentais de solidão,
Na busca por respostas voláteis
E amargas sobre quem sou.
Construí o presente com fragmentos remotos,
Ou estou somente à espera
De um depois incerto,
Titubeando entre as paredes do meu corpo,
Sem força alguma
Que me convença a agir e reagir,
Para o bem ou para o mal?
Desejosos somos,
Meros errantes na estrada,
Por conhecer sobre um futuro
Que sequer sabemos se chegará,
Enquanto nossa fronte apenas reflete,
Em um espelho sujo e embaçado,
Um esboço de outrora, mal desenhado por nós.
Sem medidas de ontem ou amanhã,
Me liberto da prisão pelo momento,
Único e exultante,
Que acalora minha consciência.
Onde quero estar, sem mais ou menos,É onde cabem todos os pedaços
Dos erros que constroem meu ser.