quinta-feira, maio 9, 2024

Exercício físico e rendimento escolar

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Esse ano completo 30 anos de profissão na Educação Física. Durante esse tempo ministrei aulas para centenas de crianças e adolescentes em escolas de esporte.


Uma coisa que observo, e que se repete ao longo dos anos, é a atitude por parte dos pais ou responsáveis, em retirar seu filho das aulas esportivas quando esse apresenta baixo rendimento escolar. É muito comum que crianças e adolescentes tenham de sair da natação ou do futebol, caso não estejam bem na escola. A desculpa é sempre tirar o que os filhos mais gostam. E, normalmente, o que eles mais querem quando estão em idade escolar é se divertirem através do esporte.


E a prática esportiva, ao que parece, não tem relação com o rendimento escolar. Talvez, por isso, os estudantes quando chegam no ensino médio – sobretudo os do terceiro ano –, estejam quase sempre sem tempo. Porque estão em um período assoberbado de preparação para o Enem, quase não fazem exercício físico, deixando a saúde de lado, em uma época tão importante para o equilíbrio hormonal, com consequências para o humor.


Mas aí a vida me deu a oportunidade de ver que existe o outro lado:
Fui pai tarde, quase aos quarenta. Até então, abominava a ideia de punição via impedimento da prática esportiva. Os filhos chegaram, e todas as teorias e elocubrações educacionais vividas que eu tinha foram colocadas à prova em um contexto diferente, com a responsabilidade de educar todos os dias, agora dentro de casa.


Foi a partir desse momento que aprendi que há uma sabedoria popular em oferecer um reforço positivo e um negativo para quem não se dedica na escola, e que é preciso haver consequências que reverberem para fora dela. Algo precisa ser feito, e a resposta mais fácil é tirar, por pelo menos algumas aulas, os filhos dos esportes. Tem família que tira o rebento da escola de esporte até ele melhorar de nota, e há casos em que o filho é impedido de frequentar nas semanas que antecedem o período de provas.


Eu sei que, agora, tenho mais empatia pelos pais e responsáveis do que antes. Nada como aprender com a vida, sobretudo puxando da memória as histórias das nossas famílias – que resolviam quase de forma imperial aquilo que se referia à nossa educação.


Se você quer saber mais sobre a relação entre exercício físico e rendimento escolar, acesse o Google Acadêmico, digitando as palavras que estão no título desse artigo de opinião. Você vai ver que a literatura da área compreende que o exercício físico ajuda, não atrapalha. Por isso, se seu filho quer continuar fazendo esporte, cobre-o boas notas, mas não o impeça de treinar.


Envelhecer é ter a oportunidade de aprender.

Prof. Dr. Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro

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