segunda-feira, maio 20, 2024

Oito anos sem José Wilker

TELEGUIATVOito anos sem José Wilker

A televisão, o cinema, o teatro, as artes no geral se ressentem até hoje da perda de um gênio, que completou oito anos ontem

José Wilker morreu na manhã de 5 de abril de 2014 em sua casa na cidade do Rio de Janeiro. Estava acompanhado da namorada, a jornalista Claudia Montenegro que, ao acordar, o encontrou já sem vida, vítima de um infarto fulminante. O corpo do ator foi cremado no dia seguinte, no Cemitério Memorial do Carmo, na zona portuária do Rio de Janeiro.

Carreira
Seu primeiro trabalho foi aos treze anos, fazendo uma figuração no teleteatro da TV Rádio Clube, de Recife. Wilker ficava aguardando que o chamassem para alguma “ponta”. A primeira atuação foi como cobrador de jornal na peça Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams.

O início da carreira no teatro foi no Movimento de Cultura Popular (MCP) do Partido Comunista, dirigindo espetáculos pelo sertão e produzindo documentários sobre cultura popular. Em 1967, o ator transferiu-se para o Rio de Janeiro, ingressando no curso de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), abandonando depois o curso para seguir a carreira teatral. Depois de ganhar o Prêmio Molière de Melhor Ator pela sua atuação na peça O Arquiteto e o Imperador da Assíria em 1970, o autor de telenovelas Dias Gomes o convidou para integrar o elenco de Bandeira 2 (1971), para viver Zelito, um dos filhos do bicheiro Tucão (Paulo Gracindo). Esse primeiro trabalho na televisão o tornou famoso em pouco tempo e o fez ter uma melhora pessoal e financeira depois de dez anos no teatro, fatos que o atraíram para a carreira na televisão.

Protagonizou pela primeira vez uma telenovela em 1975, como Mundinho Falcão, em Gabriela, adaptada por Walter George Durst do romance de Jorge Amado. Wilker interpretou ainda personagens memoráveis, como o Rodrigo, na telenovela Anjo Mau (1976), de Cassiano Gabus Mendes e Roque Santeiro, na telenovela homônima de Dias Gomes e Aguinaldo Silva.

Em 1976, o participou dos filmes Xica da Silva e Dona Flor e Seus Dois Maridos, em que interpretou o papel do boêmio Vadinho. Em 1979, foi Lorde Cigano em Bye Bye Brasil.

No início dos anos 1980, passou a dirigir a Escola de Teatro Martins Pena. Dirigiu as telenovelas Louco Amor em 1983, e no ano seguinte Transas e Caretas. Em 1985, interpretou Roque Santeiro, personagem tema da telenovela homônima.

Em 1987, passou rapidamente pela extinta TV Manchete, acumulando as funções de diretor e ator nas telenovelas Carmem e Corpo Santo. Retornando à Globo, destacou-se em minisséries como Anos Rebeldes (1992) e Agosto (1993). Em 1996, foi também diretor do programa humorístico Sai de Baixo, e no mesmo ano publicou uma coletânea de crônicas em seu livro Como Deixar um Relógio Emocionado, como resultado de seu trabalho como crítico de cinema na TV Cultura, escrevendo também regularmente crônicas sobre o assunto para o Jornal do Brasil.

Viveu o personagem Antônio Conselheiro, no filme Guerra de Canudos lançado em 1997, em que também atuou como produtor. Em 2000, foi Dom Diego na minissérie A Muralha. Em 2003, assumiu o cargo de diretor-presidente da RioFilme.[9] Em 2004 viveu Giovanni Improtta, um ex-bicheiro, na telenovela Senhora do Destino. Ficaram famosos seus bordões “felomenal” e “o tempo ruge, e a Sapucaí é grande”. No mesmo ano, atuou no filme O Homem da Capa Preta, como Tenório Cavalcanti. Em 2006, atuou na minissérie JK, no papel do presidente Juscelino Kubitschek e em 2007, viveu Luis Gálvez na minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, e Francisco Macieira na telenovela Duas Caras. No ano seguinte, atuou na telenovela Três Irmãs e em 2009 na minissérie Cinquentinha. Em 2010, foi Dr. Mourão na série Na Forma da Lei e viveu Zeca Diabo no filme O Bem-Amado. Ainda em 2011 foi Umberto Brandão na telenovela Insensato Coração e no ano seguinte foi a vez de Gabriela, interpretando o Coronel Jesuíno Mendonça, personagem que ficou marcado pelo bordão “eu vou lhe usar”. A telenovela foi um remake da trama original de 1975, em que o ator havia vivido Mundinho Falcão. Em 2013, um dos seus personagens mais famosos saiu da TV e foi para o cinema: Giovanni Improtta.

Comentarista
Amante de cinema, possuía aproximadamente quatro mil fitas em casa. Mostrou ao público essa faceta fazendo comentários de filmes nos canais de televisão por assinatura Telecine da Globosat.

Wilker era também comentarista oficial da transmissão da premiação do Oscar da Rede Globo, além de apresentar o programa Palco & Plateia, que é transmitido pelo Canal Brasil. Wilker foi ainda diretor-presidente da Riofilme — distribuidora de filmes do município do Rio de Janeiro.

Últimos trabalhos
Seu último trabalho na TV foi na novela Amor à Vida, como o médico Herbert Marques. A novela terminou no final de janeiro de 2014, cerca de dois meses antes da sua morte.

No cinema, seus dois últimos trabalhos, ambos lançados postumamente, foram O Duelo, lançado em 2015, baseado no romance Os Velhos Marinheiros de Jorge Amado, em que Wilker interpreta Chico Pacheco, e o filme de animação As Aventuras do Pequeno Colombo, lançado em 2017, em que dá voz ao personagem Conde de Saint-Germain.

No teatro, seu último trabalho foi na direção da peça O Comediante, de Joseph Meyer e protagonizado pelo ator Ary Fontoura, que estreou em junho de 2014. Wilker havia deixado um dos ensaios da peça, horas antes de sua morte.

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