domingo, maio 12, 2024

Bares do Rio: a história do Bip Bip

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Hoje a Gazeta começa a série Bares do Rio e começa contando a história de um ponto que é mais que tradição, mas é patrimônio da nossa cidade e do bairro de Copacabana: o Bip Bip

Desde 1968, o Bip Bip serve doses diárias de cultura e história para quem o frequenta.

Fundado no dia 13 de dezembro de 1968, o Bip Bip nasceu no dia em que foi decretado, pela ditadura militar brasileira, o Ato Institucional nº 5. A infeliz coincidência talvez tenha dado ao bar a capacidade de engajamento político.


O nome Bip Bip foi dado no ano que o bar começou as atividades. Os fundadores admiravam os primeiros foguetes russos daquela época, então batizaram o estabelecimento da mesma forma que as criações dbos soviéticos.


O bar tem, ainda, um grande compromisso social. Nos anos 1970, em parceria com o sociólogo Betinho, o bar passou a ajudar pessoa de origem mais humilde. Hoje em dia, o trabalho continua. Crianças de Vila Isabel recebem assistência e capacitação profissional, ajuda oriunda de doações de amigos e clientes do Bip Bip.

Alfredinho, a alma do Bip Bip

Foto: Agência O Globo

Alfredo Jacinto Melo (1943-2019), o Alfredinho, cansou da vida no mercado financeiro e assumiu as chaves da lojinha em 1984 e ficou até seu falecimento em 2019

Bip Bip não é tradicional porque foi eleito pelo grande público e nem por revistas conceituadas. Ele é clássico por sua própria história e seu principal personagem é seu dono. Socialista declarado, Alfredinho não perdia a chance de alternar um esporro e um discurso em todas as noites em que o bar é aberto. Lições de solidariedade, gentileza, respeito e amizade são ensinadas por ele, que, com o dinheiro do bar ajuda mais de 40 famílias carentes.

Além desse gesto, Alfredinho não abandonava suas origens. O que os novos visitantes enxergam como rusticidade, para ele é o normal que não precisar ser mudado, pois funciona. Somente uma caneta e um caderno colocados em cima de uma mesa na porta do bar é o suficiente para controlar a retirada da cerveja ou cachaça feita diretamente pelos clientes. Eles precisam apenas mostrar o produto retirado ao dono do bar que se encarrega de lançar nas comandas dos clientes.

Basta apenas dizer o primeiro nome, Alfredinho tinha olhos atentos e logo associa o nome a algum apelido, seja por uma vestimenta, ou algum episódio decorrido no bar, como, por exemplo, ao de alguém que foi embora sem pagar a conta e quando voltou, mesmo pagando, já tem seu novo nome na comanda, “esse ai é o caloteiro”, diz Alfredinho, que não perde a chance de sempre criar um personagem aos frequentadores assíduos de seu bar.

Morre Alfredinho, dono do Bar Bip Bip

“A partir do início dos anos 1990 o Bip vira um grande ponto boêmio, cultural, político” conta o jornalista e músico Tiago Prata, que resume a história para um jornal

“É um lugar de encontros, afetos, música, boemia, porre, isso tudo”– atesta Prata

O pós

Atendendo apelos da família, amigos do Bip Bip decidiram manter o lugar aberto.

“O Bip Bip é mais que um botequim, é um centro cultural.

Decidimos manter o bar aberto com todas as suas características”, conta o músico e médico Ari Miranda, um dos voluntários na empreitada e antigo frequentador. A gerência da casa é tocada pelo também músico Matias Bidart

Ano passado, na pandemia, o bar chegou a fazer uma vaquinha para sobreviver. A campanha deu certo e o Bip Bip resiste.

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