Sentei em frente a janela.
O céu estava profundamente escuro,
E o vento gelado que entrava,
Naquela noite sombria,
Trazia consigo uma solidão única,
Inigualável em magnitude
E indispensável para a minha salvação.
Eu quis chorar,
E as lágrimas que escorreram do meu rosto úmido,
Transformaram-se em rio afluente,
Levando-me correnteza acima,
De encontro ao meu coração.
Com a visão ainda turva,
Via meu reflexo embaçado no vidro,
E quando olhei profundamente
No fundo dos meus próprios olhos,
Desnudando-me do medo,
Pude descortinar a verdade.
Alcançar minha veste mais pura,
Minha alma, tão transparente,
Renovou-me de tal jeito,
Num recomeço tão estreito,
Que descobri não poder viver
Sem dedicar meu melhor amor,
Todos os dias, para mim.