sábado, maio 18, 2024

Morre, vítima da Covid-19, a fotógrafa Cacau Fernandes

CoronavírusMorre, vítima da Covid-19, a fotógrafa Cacau Fernandes

Morreu, vítima da Covid-19, a fotógrafa e fotojornalista Ana Cláudia Fernandes, a Cacau, como era conhecida pelos colegas. Internada desde o dia 1 de Julho, ela teve uma piora na última semana e não resistiu, vindo a falecer hoje.

Cacau era obstinada pelo resgate das manifestações culturais esquecidas ou desconhecidas e manifestações de fé, de uma ponta a outra do Brasil. Da seca no Nordeste ao alagamento em Mariana, Cacau registrava os momentos de maneira única, com um olhar incansável, sensível e aguçado, que transporta quem vê suas obras, aos cantos mais escondidos do país, mesmo que estes cantos estejam dentro de grandes capitais, como as favelas do Rio de Janeiro.

Superação é a palavra que mais define Cacau, graduada em Fotografia pela Universidade Estácio de Sá e pós-graduada na mesma instituição em Imagem Digital. Ouviu de alguns colegas, logo no primeiro período, que deveria desistir do curso por não ter o melhor equipamento, experiência na área e mais de 40 anos. Sagaz, Cacau se esforçou ao máximo para comprovar que quem faz a foto, é o fotógrafo e não o equipamento, e, no segundo período já trabalhava nas redações de grandes jornais do Rio. Em 2014, foi indicada ao Prêmio Esso, o maior reconhecimento da imprensa nacional, até então. Teve suas imagens publicadas nos anuários “O Melhor do Fotojornalismo Brasileiro”, em 2014, 2015, 2016 e 2017. Em 2017, ficou entre os 10 finalistas do Parati em Foco. Trabalhou no Jornal O Dia por cinco anos, também teve imagens estampadas na Revista Veja e Jornal O Estado de São Paulo, Meia Hora e Brasil Econômico.

Nascida no subúrbio do Rio de Janeiro, Cacau Fernandes já trabalhou de quase tudo em seus 50 anos de idade, de camelô a apontadora do “Jogo do Bicho”, passando por cabeleireira, cozinheira e cuidadora de idosos, fez de tudo um pouco para criar seus dois filhos pequenos. Foi na Fotografia que encontrou sua razão de viver. Fez curadoria ou colaboração em diversas exposições como as de Evandro Teixeira, Alex Ribeiro e Severino Silva – este último, teve a exposição “Rio is a Hot City” levada para a Alemanha, uma experiência ímpar para Cacau. Idealizou e fundou o Espaço Cultural Evandro Teixeira, na Universidade Estácio de Sá, no Campus Rio Comprido.

Ela também se especializou em fazer grandes eventos na sua área de formação, lançou a Semana da Fotografia na Universidade Estácio de Sá, em 2012, e organizou o evento nas cinco edições seguintes, parando apenas em 2018. Organizou a edição de 2017, mesmo tendo sido atropelada por um carro alegórico na Marques de Sapucaí, ficando impedida de fotografar por quase um ano, mas o evento a manteve próxima da fotografia.

Agora, ainda em recuperação, organiza sua primeira exposição individual, que estreará na Estação Casa Amarela, em Caçapava, interior do Estado de São Paulo. Em 2019, espera realizar outro grande sonho: Começar o seu mestrado e dar aulas para universitários, que assim como ela não têm poder aquisitivo. Também organizou um projeto de fotojornalismo que percorra as favelas do Rio, em parceria com a ONG Favela Mundo, para que cada morador possa sonhar e ser empoderado a contar sua própria história através de imagens atemporais.

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