Expresso
As janelas do metrô não me atraem,
Ao contrário, me sufocam.
Elas não fazem vista a qualquer paisagem
Que não seja meu próprio reflexo
E a reprise de tudo o que acontece dentro do vagão.
Não há árvores dançando,
Não há luz do Sol queimando as faces,
Não há pássaros cantando
E não há nem o burburinho,
Que por tantas vezes me incomoda,
Dos carros em alta velocidade.
Não há liberdade.
Os vidros que compõem a estrutura gélida
Desse trem de cargas de pessoas,
São sinônimos de prisão.
E de estar presa, já basta, cruelmente,
Admirar estonteante,
Meu retrato exibido na sombra da viagem.